Veja
só o que o tempo faz
João Bosco Félix
‘Passei
a mão na cabaça d’água e na palia de pito
Com
meus bois eu dei um grito pra começa a ‘trabaiá’
Chamei
meu cachorro valente e o guia Vicente pra nós mais cedo chegar lá.
Eu
que era o carreiro, fui saindo bem ligeiro com o carro carregado
Era
o carro de boi cantando
e eu com os bois conversando e em pouco tempo
descarregando.
Era
uma vida muito dura, levava cana e trazia rapadura, mais meu Deus como era ‘bão’
aquelas estradas de terra, subia e descia a serra tudo isso não podia acabar
Quando
eu me lembro da vontade de chorar.
Sei
que não volta nunca mais, vejam só o que tempo faz.
Sei
que estou velho e tristonho, mais não me esqueço do velho Tonho que me ensinou
a carrear.
Meu
carro de boi parou faz tempo.
Chuva
poeira e vento, tudo isso se acumulou, e olha amigo, esse carro foi herança do
meu avô
É
madeira de primeira e debaixo da comunheira pra sempre ele vai ficar
Pode
falar o quiser morre eu e morre a ‘muié’ e o carro de boi sempre continuará em pé.’
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