sábado, 25 de fevereiro de 2017

COLUNA DO ' AGRICULTOR DAS LETRAS':






Veja só o que o tempo faz
João Bosco Félix
‘Passei a mão na cabaça d’água e na palia de pito
Com meus bois eu dei um grito pra começa a ‘trabaiá’
Chamei meu cachorro valente e o guia Vicente pra nós mais cedo chegar lá.

Eu que era o carreiro, fui saindo bem ligeiro com o carro carregado
Era o carro de boi cantando
 e eu com os bois conversando e em pouco tempo descarregando.

Era uma vida muito dura, levava cana e trazia rapadura, mais meu Deus como era ‘bão’ aquelas estradas de terra, subia e descia a serra tudo isso não podia acabar
Quando eu me lembro da vontade de chorar.

Sei que não volta nunca mais, vejam só o que tempo faz.
Sei que estou velho e tristonho, mais não me esqueço do velho Tonho que me ensinou a carrear.

Meu carro de boi parou faz tempo.
Chuva poeira e vento, tudo isso se acumulou, e olha amigo, esse carro foi herança do meu avô
É madeira de primeira e debaixo da comunheira pra sempre ele vai ficar
Pode falar o quiser morre eu e morre a ‘muié’ e o carro de boi sempre  continuará em pé.’


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