FEITIÇO x FEITICEIRO
De uns
tempos para cá os representantes do governo federal abusam da semântica para
disfarçar suas incoerências. O fato é que o PT sempre tratou as privatizações
promovidas pelos governos Itamar e Fernando Henrique como “crime de
lesa-pátria”. Essa foi a principal arma eleitoral petista. Carimbaram os
tucanos como “entreguistas” e a rotulagem colou nos adversários levando-os à
derrota nas últimas eleições. Os petistas acreditavam no que diziam? Claro que
não! Afinal, eles chegaram ao governo e mantiveram as críticas, mesmo sabedores
da impossibilidade do orçamento federal bancar o desenvolvimento do país. Dizem
que “quem fala demais dá bom dia a cavalo” e a demagogia eleitoral fez dos
governos petistas prisioneiros de um dilema: ou engavetavam os antigos
discursos e abriam o país aos investimentos privados ou nos condenavam a pagar
o preço do atraso. O fato é que, para não dar o braço a torcer o governo Lula
fez o Brasil perder a grande oportunidade de usufruir o maior boom da economia
mundial de todos os tempos (2003
a 2008). O “cavalo já passara arreado” quando no ano de
2013 o governo Dilma cedeu aos fatos e chamou a inciativa privada para
participar de leilões de concessão de rodovias, portos, aeroportos e... Pasmem:
leiloaram até da reserva petrolífera do Pré-Sal! Os petistas viram-se prensados
entre o compromisso com uma ideologia caduca e a realidade dos fatos. Nesta
sinuca-de-bico, prevaleceu a mãe de todas as verdades: a necessidade. É
importante lembrar que antes, durante e depois da decisão de chamar a
iniciativa privada, ninguém ouviu das autoridades petistas a palavra
PRIVATIZAÇÃO. Candidamente, o governo Dilma anunciou uma política “inovadora”
de CONCESSÕES e PPPs (Parceria/Público/Privada). O fato é que o investimento
privado em infraestrutura amenizou a recessão econômica de 2014. Mas o PT não
se contentou em nos oferecer o fracasso da política econômica. Criou o
“mensalão” como preliminar do maior escândalo de corrupção da História: o
“Petrolão”. E não parou por aí: ao transformar em palavrão o racionamento de
energia decretado por Fernando Henrique em 2001, o partido mordeu na língua.
Vitimado por suas próprias armadilhas Lula e Dilma preferiram sangrar o estoque
de água das hidroelétricas a exaurir o estoque petista de demagogias. Para não
encarar a opinião pública não racionalizaram do uso da água e da energia. A
demonização da palavra RACIONAMENTO trouxe o medo de perder a presidência da república
em 2014. Esse mosaico de lambanças só foi possível porque o nosso país não
conta com uma sociedade atenta, participativa e disposta a cobrar resultados e
coerência de suas lideranças. A indiferença da imensa maioria dos brasileiros
em relação às questões públicas só favorece aos maus políticos. E não dá mais
para o governo transferir responsabilidade sobre as mazelas que nos abatem. Nos
últimos doze anos quem governa o país são os petistas e eles são os
responsáveis pelo longo desfile de incoerências, desvios éticos e má gestão.
Lula e Dilma, que ainda não foram devidamente cobrados, a partir de agora
serão. Sacrificada pela falta de água e energia elétrica, a população reagirá.
Assim como o vazio dos lagos revela antigas ruínas, o cenário de escassez
desnudará a importância de outros elementos essenciais ao sistema de
representação pública: ética e decência! A sociedade até então indiferente às
questões de governo, não terá como manter-se alheia às péssimas surpresas que
começam a aflorar. PT, Lula e Dilma, finalmente, serão responsabilizados por
suas ações e omissões! Afinal, não há truque de linguagem ou marketing capaz de
falsear uma verdade: o exercício de poder é indissociável da contrapartida de
responsabilidades! “Você pode enganar algumas pessoas por muito
tempo, muitas pessoas por algum tempo, mas não pode enganar a todo mundo o
tempo todo!” (Abraham Lincoln).
João Jacques Affonso de Castro
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