sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

CBMM faz aposta alta em carros elétricos








Consolidada como líder global na produção e fornecimento de produtos do nióbio, principalmente à indústria do aço, a brasileira Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) centra esforços, e investimentos, em uma nova fronteira de negócios: baterias para carros elétricos. Apenas em 2019, o projeto baterias da empresa consumiu R$ 40 milhões do seu orçamento anual de desenvolvimento tecnológico. E não deve parar por aí. Hoje, o ferronióbio é o produto carro-chefe da companhia, responsável pela venda, em volume, de mais de 90% do total comercializado de quase 100 mil toneladas em 2019. Por volta de 2030, a expectativa da empresa é que o negócio baterias – acompanhando o crescimento da fabricação de carros elétricos no mundo – já responda por 40% das suas vendas de nióbio. A siderurgia é ainda o grande mercado, com uso do metal em aços de alta resistência para fabricação de dutos de petróleo e gás, entre outros usos. Na corrida dos materiais que vão compor as atuais e futuras baterias de carros elétricos, liderado pelo metal de lítio, a CBMM olha também o grafeno, oriundo do mineral grafita, que mostra sinergias com o nióbio. Com a combinação dos dois elementos, a ideia é ser um fornecedor global de placas utilizadas na fabricação de baterias recarregáveis. No ano passado, a empresa comprou 26% do capital de uma startup criada por brasileiros situada em Cingapura e que já tem estudos avançados de aplicações do grafeno. Trata-se de um material com diversas características – melhor condutor de calor que o diamante e 200 vezes mais forte que o aço, entre outras propriedades. Ainda neste ano, a aquisição de outra startup está no radar da empresa, disse ao Valor o presidente da CBMM, Eduardo Ribeiro. O grafeno, em conjunto com o óxido de nióbio, poderá dar origem a soluções mais competitivas em baterias do que as que são desenvolvidas hoje. O executivo menciona alguns exemplos: carga mais rápida, maior densidade de energia e maior segurança. “Nosso objetivo é acelerar o desenvolvimento das baterias com óxido de nióbio”, disse Ribeiro. O executivo informou que os investimentos no programa de tecnologia têm ficado na faixa de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões ao ano. “A tendência é que vão crescer nos próximos cinco anos e o projeto baterias vai acompanhar e ser parte importante, além de desenvolvimento de novas aplicações para siderurgia”, diz. Um grande desafio hoje é a redução do peso das baterias para carros elétricos. Montadas como assoalho do automóvel, os tipos desenvolvidos chegam a 500 quilos. A meta é trazer para metade disso. A recarga atual de uma bateria é de seis horas. O objetivo é reduzir para seis minutos e, assim, dar mais autonomia ao veículo movido a baterias elétricas. A CBMM está na parceria com a Toshiba há três anos. O projeto da bateria à base de lítio tem uma planta piloto em Yokohama, no Japão. Neste ano, estão previstos testes para produção em escala da bateria com placa (células) com óxidos de nióbio e de titânio. Todos esses desafios tecnológicos terão de ser vencidos ao longo dos anos. Há acordos com as montadoras Suzuki e Nissan, informa o presidente da CBMM. Do lado de cá do mundo, em Araxá, onde está a mina de onde se extrai o mineral que dá origem ao nióbio e sua unidade de metalurgia, a CBMM tem um laboratório de baterias em operação, com um grupo de profissionais totalmente dedicado ao projeto. Como o automóvel é o foco, a empresa tem participação atuante em eventos internacionais da Fórmula E, corridas de carros elétricos, da qual é patrocinadora em eventos ocorridos e previstos em cidades como Paris, Nova York, Hong Kong, Roma, Berlim, Cidade do México e Punta del Este. Em 2021, começa a participar da Extreme E, competição “off road” elétrica, com veículos fabricados com material de nióbio – baterias, chassis, rodas e outros componentes. Além disso, a empresa tem convênios com universidades e instituições e organiza simpósios e workshops com especialista internacionais.
Atualmente, no site de Araxá, a CBMM faz mais de 90 mil toneladas de produtos de nióbio – ligas diversas, com destaque para o ferronióbio, até nióbio metálico – no limite da capacidade instalada, de 100 mil toneladas por ano. “Em setembro, vamos concluir nosso plano de expansão da usina, chegando a 150 mil toneladas, com investimentos de R$ 550 milhões”, afirma Ribeiro. No momento, há 2,2 mil pessoas trabalhando a todo vapor nessa obra. Segundo o executivo, é o maior investimento já realizado na empresa. Antes, diz, não passava de R$ 300 milhões. “O mercado tem de ver que tenho capacidade de entregar o produto para ele poder desenvolver novas aplicações. Preciso passar essa confiança.” O maior cliente da CBMM é a China, que levou 32 mil toneladas em 2019, o dobro de 2017. A seguir vêm Europa e Oriente Médio. O terceiro lugar é de outra região da Ásia, que tem à frente Japão, Coreia do Sul, Índia e Taiwan. Américas do Norte e Sul ficam com quase 15 mil toneladas. Controlada pela família Moreira Salles (70%) e com dois sócios asiáticos relevantes – 15% de cada um – a companhia teve receita de R$ 7,8 bilhões em 2018. Tudo indica que o desempenho do ano passado – recorde em vendas – superou R$ 8 bilhões. A empresa é lucrativa e tem quase nada de dívida. A CBMM detém 80% das vendas mundiais e possui reservas de minério para mais de 100 anos de atividades. Sua principal concorrente é a chinesa CMOC, que também atual no Brasil, a canadense Niobec e a peruana Minsur. ( fonte:Valor Econômico)

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