A indústria cafeeira movimenta a economia brasileira de forma
relevante e a proposta de tornar seu processo produtivo cada vez mais
otimizado e sustentável é uma necessidade real. Neste sentido, a
pesquisa e o desenvolvimento de soluções inovadoras podem ser a melhor
aliada da indústria. E a startup
Aterra Ambiental, uma das empresas aceleradas pelo
FIEMG Lab 4.0, apresenta projetos capazes de proporcionar a ampliação
do desempenho na gestão de resíduos provenientes do processamento do café.
De acordo com Fernando Andrade, CEO da Aterra, startup de Belo
Horizonte que tem cinco anos de mercado e está em seu segundo ciclo
de aceleração dentro do FIEMG Lab, eles atendem indústrias que buscam
soluções ágeis e tecnológicas para destinação de resíduos de
forma sustentável, tanto para os seus processos, quanto para o de seus
parceiros.
"Atuamos em três pilares. Por meio de uma plataforma web que
funciona como um Marketplace de resíduos; na área de P&D, com
projetos voltados para desenvolvimento de novos produtos favorecendo a
economia circular; e o terceiro são projetos de inovação para a
gestão de resíduos, com soluções em logística reversa", contextualizou
Andrade.
Ideias que estão mudando a realidade da indústria
Um grande projeto criado e conduzido pela Aterra foi junto à
indústria do Café Três Corações. Segundo Andrade, a empresa
desejava dar uma destinação sustentável e segura à película do grão do
café, que resulta em uma grande quantidade deste resíduo,
antes enviado para compostagem e outros tratamentos paliativos. "É um
problema generalizado nas indústrias do setor. Em uma única unidade
industrial do Café Três Corações, são gerados, em média, 300 toneladas
ao mês desse resíduo. Esse volume de geração foi o grande
desafio", conta o empreendedor.
A Aterra começou a trabalhar na pesquisa e desenvolvimento para
novos mercados de tecnologia para a película do café. "Aí veio a
inovação, mapeamos rotas energéticas para recuperação e transformação em
energia sustentável. Criamos um estudo para a criação de
uma usina térmica na própria fábrica. É possível substituir o gás
natural pela película do café, em uma proposta de economia
circular. É uma solução viável para indústria", explica.
Outros projetos que utilizam a película foram trabalhados dentro
das plantas da indústria como a fabricação de biochar, que serve
para condicionar o solo, assim como transformação em termofosfato, que
foi aplicado e bem utilizado, e um produto denominado mulsh, que
funciona como uma cobertura orgânica para o solo em projetos de
reflorestamento.
Também com os desafios de reduzir custos e dar a destinação
adequada aos resíduos, a JDE Coffee, detentora de marcas como Pilão,
Café do Ponto e a L’OR, iniciou parceria com a Aterra para que a startup
promovesse soluções para o tratamento da película do café e
para o plástico aluminizado das embalagens usadas para a venda. "Para
este desafio relacionado às embalagens, mapeamos a tecnologia de
pirólise, que cria dois tipos de combustíveis, gás e líquido, e que
podem ser utilizados como geração de energia e biocombustível",
acrescenta Andrade.
Exemplos de inovação e pesquisa para a indústria cafeeira não
faltam e Andrade reforça que essas ações ajudam a agregar ainda
mais valor a um produto tão amado quanto café. "Pensar nessas
estratégias de um negócio sustentável não é bom apenas na parte
econômica do processo produtivo. É possível conquistar um novo público,
se reposicionando no mercado, ampliando a sua conexão com as
práticas ESG (Environmental Social Governance) e mostrando a sua
preocupação com o meio ambiente e com o futuro".
Dia Mundial do Café
Hoje, 14 de abril, a indústria cafeeira mundial celebra a segunda
bebida mais consumida do mundo, perdendo apenas para a água. O
café foi para o Brasil e ainda é para várias de suas regiões produtoras a
força propulsora do desenvolvimento socioeconômico,
produzindo e distribuindo riquezas, além de ter uma grande capacidade
geradora de empregos. Mais forte, mais suave, instantâneo, expresso,
orgânico, descafeinado ou gourmet. O café é praticamente uma
unanimidade.
Confira na próxima reportagem desta série: Uma paixão nacional que faz bem para a saúde
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A industrialização como fortalecimento e expansão dos negócios de produtores de
café.
Café: a indústria que movimenta a economia, a história e o coração dos mineiros
Por Flávia Carolina Costa
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