É natural que um governante, ao passar o bastão para o sucessor, deixe um volume de contas a pagar. Ou porque o serviço foi prestado perto da transição, ou porque havia prazo acordado, ou até porque não havia fluxo em caixa para pagar, o que, nesse caso, só é perdoável, se o administrador for surpreendido com algo grave – caso contrário, deveria compatibilizar a previsão de despesas com a de arrecadação. No entanto, existem políticos e políticos e alguns irresponsáveis simplesmente estouram o caixa e que se dane o próximo comandante do barco.
Mas, na minha experiência de repórter nada se assemelha ao que fez Fernando Pimentel (PT) no Governo de Minas. Ele usou R$ 7 bilhões do fundo judiciário, que um dia serão cobrados. Embora tenha assumido em 2019, Zema já quitou R$ 755 milhões de precatórios – aquelas ações que a gente ganha na Justiça, mas o Estado paga quando quiser - relativos aos anos de 2016, 2017 e 2018.
Além disso, Pimentel deixou de repassar recursos do ICMS e do IPVA aos municípios, totalizando R$ 6 bilhões. Lembrando que o dinheiro não era do Estado, devia, portanto, ser prontamente repassado quando arrecadado, mas, ele não fez. Depois que entrou, Romeu Zema construiu um acordo com a Associação Mineira dos Municípios e já quitou R$ 2,6 bilhões, equivalentes a 43% do papagaio petista.
Mais: o governo anterior deixou de quitar dívidas milionárias com fornecedores – A Fundação Hospitalar tinha dificuldades para comprar esparadrapo, por falta de crédito – e causou enorme dano aos servidores, pois, simplesmente, não repassava aos bancos o dinheiro descontado dos trabalhadores a título de crédito consignado.
Resultado: muitos tiveram seus nomes incluídos nas listas de maus pagadores, ficaram sem poder comprar... Outros, quando iam ao banco para buscar o pouco dinheiro que caía, descobriam que já tinha sido sequestrado para quitar as dívidas do consignado. Total do calote: R$ 541 milhões, que Zema teve de pagar.
Mas, o pior foi Pimentel ignorar o 13º de todos os servidores estaduais, relativo a seu último ano de governo. Assim, Zema, que assumiu em janeiro e 2019, e teve que enfrentar as crises conhecidas e a tragédia de Brumadinho, só agora, 9 de abril, conclui o pagamento de três décimos-terceiros salários, num total de R$ 7 bilhões.
Nada nos autoriza a dizer que o pior já passou, considerando que a pandemia está aí, a economia parada, enfim, as dificuldades do caixa são e serão gigantescas, mas, vamos combinar uma coisa: até aqui o governador já apagou muitos incêndios e o estrago petista parece não ter fim.
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