Você sabia que 45% das doenças cardíacas originam-se na boca? Não? Pois é verdade, um estudo do Incor revelou isso. Não é uma informação muito recorrente, mas é importante que as pessoas tenham ciência de que, ao fazer a correta manutenção de sua saúde bucal, elas também estão cuidando do coração.
A boca humana possui cerca de 50 bilhões de bactérias de, pelo menos, 700 tipos, que causam cáries, gengivite e periodontite – e que podem penetrar na corrente sanguínea por meio das feridas comuns nesses casos.
Uma vez circulando pela corrente sanguínea, essas bactérias podem alcançar o coração e causar infecções sérias como a endocardite, que acontece quando esses micro-organismos atingem o revestimento interno do coração. Se houver qualquer predisposição cardíaca, esse risco aumenta expressivamente.
Além disso, como no caso da gengivite, a inflamação das gengivas pode produzir proteínas que destroem o tecido cardíacos e formam placas de gordura na coronária. Outra possibilidade é as bactérias ampliarem o nível de proteína C-reativa, que por sua vez aumenta o risco de um acidente vascular cerebral.
Segundo o Ministério da Saúde, 30% das mortes ao ano no Brasil se devem a doenças cardiovasculares. Outro levantamento, este feito pelo Instituto do Coração (Incor), constatou que mais de 35% das mortes por problemas cardíacos e 45% das doenças cardíacas são de origem dental. Já uma pesquisa realizada pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia revelou que 60% das vítimas desse total são homens com idade média de 56 anos.
É de preocupar, não é? Principalmente se considerarmos que uma higiene dental bem feita não depende de classe social ou situação financeira, mas da consciência a respeito de sua importância. Por isso, como cardiologista, digo que cuidar dos dentes também é cuidar do coração.
Com isso na cabeça, os cuidados diários com a higiene bucal devem incluir uma visita semestral ao odontologista e uma atenção redobrada a possíveis sinais que a boca pode nos dar, como gengiva avermelhada, inchada ou dolorida, sangramentos, dentes amolecidos, gosto estranho na boca e mau hálito.
Se a pessoa apresentar qualquer um desses sintomas, deve procurar um odontologista imediatamente, antes que precise também correr para um cardiologista.
Nicolle Queiroz é cardiologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
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