Manter viva uma tradição que
passa por gerações e valorizar o trabalho artesanal. Essa proposta molda o
trabalho realizado pelo Ateliê de Tecelagem Municipal Hermantina Drummond em
Araxá. Nas dependências do Museu Dona Beja, oito tecelãs buscam por meio dos
traços históricos ressignificar a antiga tradição do tear, fazendo do espaço um
museu vivo, onde é possível acompanhar de perto tudo o que é produzido.
O projeto que norteia as atividades é o ‘Tramas do Tempo’, que possui
três desdobramentos. No ‘Tramas do Tempo – Contando Histórias’ são buscadas
referências, por meio de pesquisas, sobre como tecer um material, qual é a
explicação para ele ser feito daquela forma, o significado de cada estampa
bordada.
Já o ‘Tramas do Tempo – Tecendo Histórias’ tira do papel toda a teoria
pesquisada. As tecelãs colocam a mão na massa para construir as peças com base
nas referências. E por fim, há também o ‘Tramas do Tempo – Reciclando
Histórias’, onde para compor as novas peças são utilizados tecidos
descartados, como vestimentas que não têm mais utilidade na sociedade.
Os trabalhos são desenvolvidos no térreo do Museu Dona Beja desde o início do
mês de fevereiro. Tudo começa no simples desenrolar da linha do novelo ou do
cone, passando por todo o processo do tear até ao acabamento.
“A ideia do museu vivo é maravilhosa. Por exemplo, quando os visitantes passam
pelo segundo andar, nos quartos, as colchas que estão nas camas são feitas no
tear. E quando chegam no andar debaixo conseguem visualizar todo esse contexto.
Conseguem ver como tudo está sendo produzido e conhecem um pouco da história
que há por trás de cada trama, de cada estampa”, conta a coordenadora da
tecelagem, Adelina Rezende de Menezes.
Uma vida dedicada à tecelagem
São 64 anos de vida e desde os 7 o tear está presente na vida da tecelã Celina
Ferreira. Ela aprendeu o trabalho com a mãe, que havia aprendido com as tias.
Uma tradição que vem desde o século XIX. Celina constituiu família, criou as
filhas e realizou projetos de vida por meio da tecelagem.
“Aprendi a tecer quando criança e meu sonho é sempre estar passando isso para
novas pessoas. Têm bastante tecelãs que eu ensinei. Umas não continuaram, mas
outras sim. É um trabalho maravilhoso. Eu gostaria que novas pessoas se
interessassem, viessem, procurassem aprender, para no futuro terem uma história
para contar e continuar essa tradição” explana.
Para quem se interessar, também é possível adquirir os produtos produzidos no
espaço. “A pessoa pode adquirir a peça e levar como lembrança. O objetivo aqui
não é tecer para vender, mas sim que o visitante possa visualizar e vivenciar
como tudo é feito. E que depois disso, ele tenha um pedacinho dessa história em
casa”, destaca a coordenadora Adelina Rezende.
Horários e endereço de funcionamento
Endereço: Praça Coronel Adolpho, 98, Centro, Araxá - MG.
- Ateliê de Tecelagem Municipal Hermantina Drummond - de segunda a sexta-feira
das 8h às 12h e das 14h às 17h.
- Loja e visitação - de terça a sexta-feira, das 8h às 17h.
- Museu Dona Beja - de terça a sexta-feira, das 8h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 8h às 12h.
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