Cordélia Barreto:
Ensinando arte e pintando a vida com talento e simplicidade
Foi
numa bucólica e ensolarada tarde de verão que depois de duas décadas,
reencontramos com alegria e satisfação, uma antiga e estimada amiga,
mestre das artes e da simplicidade. Mesmo no outono da vida aos 93 anos, a
artista plástica e exemplo de vida com simplicidade e alegria, Cordélia
Barreto, ainda tem o dom e a magia de nos ensinar com desprendimento
que viver bem é uma arte. A irmã do também genial artista araxaense
Calmon Barreto, ainda vive na mesa moradia da família, na arborizada e florida
casa da rua Mário Campos, 93 em meio a tantas obras fascinantes dela, dos
irmãos Calmon e Fernando e na companhia da cadelinha ‘Futrica’. Sem
vaidade, cheia de energia e alto astral, dona Cordélia esbanjou
entusiasmo ao revelar as histórias de cada obra espalhada pela agradável e
aconchegante moradia, onde também está alojado o famoso ateliê foi palco da
maioria das obras dela e do saudoso irmão Calmon. Por causa da idade dona
Cordélia deixou de dar aulas e pintar suas telas há mais de cinco anos, mas fez
questão de empunhar com alegria e fôlego juvenil o pincel e a suas telas
simbolizando que a arte é imortal e representa a vida em cores. Dona Cordélia
disse que, “ eu comecei a pintar quando era mocinha aos 19 anos. Depois
de me normalista em 1941, segui os passos de meu irmão Calmon que já estava no
Rio de Janeiro, onde fiquei na Escola Nacional de Belas Artes até 1948, quando
voltei para a minha cidade natal”. Dona Cordélia Barreto é filha de
Anibal Barreto e Alfonsina Sá Carvalho Barreto e teve 11 irmãos. Na sua
formação acadêmica na capital fluminense, ela teve mestres concituados nas
artes como, Rodolfo Chambelland e Augusto Girardet. Com um olhar sempre terno, Dona Cordélia além de
esbanjar simplicidade também é uma fonte inesgotável de serenidade. Na casa
aconchegante e colorida por telas e obras de arte dela e dos irmãos
Fernando e Calmon Barreto, o sentimento é de um lugar mágico e especial.
Dona Cordélia com um fôlego juvenil percorre salas, corredores, quartos e todos
os espaçços da moradia orgulhosa de suas centenas de obras. Ela revela que já
perdeu a conta dos trabalhos que criou até agora. “ Não tenho mais controle
sobre as telas. Tem pintura minha espalhada por toda a cidade e até fora de
Araxá”. Mas dona Cordélia sabe decor a história de cada obra e escolhe
uma em especial, um tela em tamanho gigante do Museu Dona Beja, “ essa eu
pintei na rua em frente ao Museu”, diz a artista. Com as raizes fincadas
no interior das Minas Gerais, Dona Cordélia mesmo estudando no Rio de Janeiro,
jamais esqueceu as tradições e os costumes da pacata Araxá de sua infância e
mocidade. Seu estilo acadêmico transcende epocas e regras. Dona Cordélia
sempre dendicou grande parte de seu trabalho à imagens sertanejas, com dstaque
para a natureza, flores e locais de sua Araxá. No seu lendário e famoso ateliê,
abrigado nos fundos e sua casa, ela ainda guarda um rico acervo de telas e
material de traballho. Durante mais de meio século Dona Cordélia Barreto
fez daquele cantinho especial sua sala de aula onde ensinou centenas e
alunos o fanscinante mundo das artes, das cores semenando sonhos e formando
novos talentos da pintura. Alheia ao seu reconhecido talento e sua generosidade
tamanha, dona Cordélia Barreto disse que, “ a arte sempre esteve muito presente
em nossa família e assim a gente foi pintando a vida.”
( Última entrevista concedida por dona
Cordélia Barreto, a um orgão de imprensa ( REVISTA ARAXÁ) em março de 2016 em
sua casa, à Rua Mário Campos, 93 em Araxá ).