O Sada Cruzeiro não se cansa de dar provas de que cresce e mostra sua condição de grande potência mundial em momentos de decisão. Um sabor de revanche foi sentido pelo elenco do técnico Marcelo Mendez, nesta sexta-feira, ao ser campeão da Copa Brasil pela sexta vez, superando o rival EMS Taubaté Funvic (SP) na grande decisão por 3 a 2 (25/23, 31/29, 18/25, 27/29 e 15/13).
O time paulista havia vencido os mineiros em dois torneios de pré-temporada, deixando um sabor amargo em confrontos diretos contra um time que também foi montado para ganhar tudo que aparecer pela frente.
Para descontar o revés, o Cruzeiro teve atuação firme diante de um adversáio do seu quilate e que deu muito trabalho como era esperado. O 2 a 0 para os mineiros deixou o título a um set, mas o oponente buscou o empate, aproveitando altos e baixos dos celestes e jogando o título para tie-break, como manda o manual de uma grande decisão.
Os erros de saque dos azuis poderiam ter feito o jogo ser menos complicado, fazendo o Cruzeiro compensar em outros fundamentos, como bloqueio e ataque. O poder de reação da Raposa foi testado com a equipe tendo que reverter desvantagem em todas as parciais.
A entrada de Rodriguinho, a partir do segundo set, não fez o time sentir a falta de López, que saiu da semifinal com dores nas costas. Foi com um ace do ponteiro que o Cruzeiro confirmou o 2 a 0 para ficar a um set da taça, respirando aliviado em uma parcial bastante tensa. López se mantém como uma arma poderosa nos saques e ataques, sendo um tormento para os adversários sempre que o cubano vai pra bola.
Rodriguinho segue pedindo passagem, mostrando a boa briga para ocupar as duas vagas no time titular. Cachopa teve boa distribuição, conseguindo mostrar habilidade mesmo quando o passe não chegava com precisão. O oposto Alan voltou a ter grande atuação, assim como na seimifinal, com alto aproveitamento ofensivo, não sentindo a pressão por ser uma bola de segurança e ratificando sua condição de jogador de seleção, pronto para corresponder a qualquer momento.
O Taubaté, mesmo tendo de volta suas principais peças há pouco tempo, superou a condição física ainda abaixo da ideal para mostrar que vai seguir dando trabalho até o final, com chances reais de novos embates contra o Cruzeiro em momentos decisivos na reta final da temporada. Bruninho segue dando provas do porquê é um dos melhores do mundo, tendo à disposição atacantes de alto gabarito. A obediência tática da equipe do técnico argentino Javier Weber é uma das grandes armas que fará o Sada estar atento com este poderoso adversário.
Desde 2010, o Sada Cruzeiro disputou 54 campeonatos, esteve em 48 finais e somou 39 títulos. O foco do Sada Cruzeiro, agora, volta para a Superliga, que o tem como líder isolado, a quatro pontos do Taubaté. Na quarta-feira, em casa, a Raposa recebe o Sesi (SP), que briga para sair das últimas posições.
O JOGO
O saque forçado dos dois lados foi quase uma obrigação diante de ataques tão poderosos. Ao mesmo tempo em que ia bem no saque, ataque e até no bloqueio, o ponta cubano López, do Sada, era 'caçado' na recepção, com o caminho do Taubaté passando por ali para tentar a vitória. O time paulista, muito bem postado na defesa, ficou na frente do placar na maior parte do primeiro set.
A maior diferença veio ainda nos primeiros minutos com um 7 a 4, antes da distância diminuir, com o Cruzeiro conseguindo a igualdade para manter o equilíbrio até a reta final. A virada veio no 21 a 20 em ataque pra fora de Roque. Foi dando o 'bote' na hora mais importante da etapa que o Cruzeiro saiu na frente.
O Taubaté começou melhor o segundo set, conseguindo abrir quatro pontos, contando com boa presença do ponta Maurício Borges. O Sada Cruzeiro, novamente, foi bem sucedido pra correr atrás do prejuízo, empatar e virar. Dois pontos foram abertos na metade da parcial com Rodriguinho substituindo com propriedade o cubano López. O Taubaté buscou o empate para fazer a 'briga de gato e rato' reaparecer, com a parcial indo além dos 25 pontos. A intensa troca de pontos foi interrompida com ace de Rodriguinho.
O cenário das outras parciais se repetiu, com o Taubaté começando melhor e abrindo vantagem para fazer o Cruzeiro correr atrás do prejuízo. Douglas Souza entrou muito bem no time, ainda no segundo set, sendo mantido para a etapa seguinte.
Os mineiros não permitiram que o Taubaté abrissse grande diferença, logo encostando no placar para retomar o 'toma lá-dá cá'. A partir da metade do set, o Taubaté aproveitou a queda de rendimento do Cruzeiro, que tinha dificuldades na virada de bola. Cinco pontos foram abertos para prolongar o duelo.
No quarto set, o Cruzeiro teve seu momento mais complicado na partida. A energia parecia não ser a mesma, com a agressividade aquém do ideal para uma decisão. O Taubaté aproveitou, tendo em Douglas Souza sua maior referência. Cinco pontos foram abertos no 18 a 13 e 20 a 15, com muitos já pensando no tie-break. A reação celeste veio em momento improvável para conseguir o empate nos 21 pontos.
A partir daí, toda bola podia valer um campeonato inteiro. Os match points a favor do Sada não foram bem aproveitados, com o título sendo adiado diante de adversário que foi mais eficiente para forçar o quinto set.
O tie-break não poderia ser diferente, a não ser com equilíbrio, tensão e muita disputa por toda bola. Provocações e cartões vermelhos também entraram em quadra.
O Taubaté voltou a ser mais eficiente no começo, abrindo dois pontos, mas logo com o empate aparecendo. Foi a vez do Sada estar na frente no 9 a 7 em decisão polêmica marcada com ajuda da tecnologia. O Taubaté igualou tudo nos 11 pontos pra fazer os detalhes fazerem grande diferença.
Foi com Alan sendo 'matador' nos contra-ataques que o Cruzeiro ficou a um passo do título, que veio em seguida para tirar do peito o grito de campeão que faltava na temporada contra o maior adversário no cenário nacional.
Escalações:
Sada Cruzeiro: Cachopa, Alan, Isac, Otávio, Conte, López e Lukinha. Entraram: Rodriguinho, Cledenílson, Oppenkoski, Rhendrick. Técnico: Marcelo Mendez
Taubaté: Bruninho, Roque, Lucão, Maurício Souza, João Rafael, Maurício Borges e Thales. Entraram: Douglas Souza, João Franck. Técnico: Javier Weber
Fonte- Jornal O Tempo