quinta-feira, 11 de março de 2021
Funed produz proteína para compor kit de diagnóstico para covid-19
Projeto integrado busca ampliar a capacidade de processamento de amostras no país
A Fundação Ezequiel Dias (Funed) produziu e entregou parte dos lotes de proteína recombinante que vai possibilitar a produção em escala de kits de diagnóstico para detecção de covid-19. O diagnóstico sorológico trabalha com a análise de amostras de sangue dos pacientes e busca detectar anticorpos contra o vírus.
A entrega dos lotes foi feita ao CT Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e será encaminhada ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos de Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O projeto, mantido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), tem objetivo de produzir, em larga escala, insumos e kits de diagnóstico para ampliação da capacidade de processamento de amostras de covid-19 na Rede Vírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Vantagens
A analista do Serviço de Desenvolvimento de Produtos Biológicos (SDPB) da Diretoria Industrial da Funed, Patrícia Ferreira Boasquivis, explica que proteínas recombinantes são produzidas em organismos diferentes do seu organismo de origem. “No nosso caso, estamos produzindo uma proteína do vírus SARS-CoV-2 utilizando uma bactéria, a Escherichia coli”, diz.
Ela destaca que, entre as vantagens desse processo, está a facilidade de produção. “Podemos obter uma proteína viral sem a necessidade de cultivar o próprio vírus, o que representa um risco de biossegurança elevado e só pode ser realizado em laboratório de contenção de Nível de Biossegurança (NB3), que se destina ao trabalho com microorganismos que acarretam elevado risco individual e também para a comunidade”, explica.
De acordo com a especialista, a Escherichia coli pode ser cultivada em laboratórios e fábricas de um nível de biossegurança menos rigoroso. O trabalho com esta bactéria também permite alta produtividade, o que possibilita obter grandes quantidades de proteína e, consequentemente, produzir muitos kits. “A produção recombinante permite usar processos muito específicos de purificação, viabilizando obter a proteína, que é o antígeno do teste diagnóstico, com alto grau de pureza. Isso é essencial para garantir a especificidade do teste diagnóstico”, complementa.
Processo
Devido à amplitude do projeto, cada parceiro fica a cargo de uma etapa da entrega do kit. A produção do antígeno (proteína recombinante) está sob responsabilidade da Funed, pois a estrutura da fundação comporta produção em larga escala, o que não seria possível realizar nos laboratórios da UFMG. “Isso garante a produção do kit diagnóstico e permite que ela possa, até mesmo, ser ampliada”, detalha Patrícia.
A proteína recombinante é analisada nos laboratórios do SDPB, da Funed, e em unidades da UFMG. Em seguida, a universidade envia o insumo à Fiocruz, para produção do kit diagnóstico.
Expansão da capacidade
Para que o trabalho fosse possível na Funed, foi instalado um biorreator de escala laboratorial. O equipamento é usado para cultivar bactérias, na etapa do processo produtivo denominada fermentação. Esse dispositivo é capaz de escalonar o processo produtivo, já que permite o cultivo das células em grandes volumes de meio de cultura, com alto nível de controle.
A participação no projeto também está viabilizando aquisição de insumos, instalação de equipamentos e treinamento de pessoal na Funed. “Estamos ganhando um extenso conhecimento teórico e prático em todas as etapas de produção de uma proteína recombinante, desde o cultivo celular até a purificação, incluindo o processo de avaliação crítica de cada uma dessas etapas. Isso permite que a estrutura e a equipe estejam aptas a desenvolver e escalonar outros produtos feitos a partir de cultivo bacteriano, que podem ser aplicados em insumos para kits diagnósticos, medicamentos e vacinas”, afirma o diretor industrial da Funed, Bruno Pereira.
A partir desta colaboração, a fundação estará apta a fazer novas parcerias, com pesquisadores da própria Funed e de outras instituições, para desenvolver e produzir em larga escala proteínas que podem, potencialmente, se tornar produtos de interesse do Sistema Único de Saúde (SUS). AGÊNCIA MINAS
Receita das exportações do agro mineiro sobe 8,1% no primeiro bimestre
Volume acumulado nos dois primeiros meses de 2021 cresceu 3,9%, em comparação ao mesmo período do ano passado
No acumulado de janeiro a fevereiro de 2021, as exportações do agronegócio mineiro somaram US$ 1,13 bilhão e volume de 1,04 milhão de toneladas. Isso representa um crescimento de 8,1% na receita e 3,9% no volume, em relação ao mesmo período do ano passado. Os produtos de Minas Gerais foram enviados a 142 destinos diferentes, entre eles: Estados Unidos (15,5%), Alemanha (11,9%), China (11,8%), Bélgica (7%) e Japão (5,9%).
Análise da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) aponta que o aumento do preço praticado no mercado internacional de algumas commodities corroborou para o bom resultado, atingindo o valor médio de US$ 1.084,39 a tonelada.
A assessora técnica da Superintendência de Inovação e Economia Agropecuária (Siea) da Seapa, Manoela Teixeira, explica que entre os principais fatores que contribuíram para o crescimento no primeiro bimestre está o desempenho do café, que puxou para cima a receita da pauta exportadora.
“Também houve alta demanda de países parceiros, principalmente os asiáticos, e ainda tivemos aumento nas compras de alguns países da América do Sul, como o Chile. Com o avanço da vacina no hemisfério norte, a expectativa para 2021 segue positiva, já que a palavra de ordem é de retomada da economia, a exemplo da China, que sinalizou uma previsão de crescimento na casa de 7%”, afirma.
Os cinco principais produtos da pauta exportadora mineira foram café (61%), carnes (12%), complexo sucroalcooleiro (9%), produtos florestais (9%) e complexo soja (2%).
Produtos
Com US$ 684,79 milhões e 5,1 milhões de sacas exportadas, o café, produto mais expressivo da pauta mineira de exportações, alcançou nos dois primeiros meses do ano a melhor receita desde 2015 e o maior volume desde 2014. Ao comparar os números com o resultado do mesmo período do ano passado, o incremento foi de 13,8% na receita e 17,6% no volume.
“Vale destacar a venda de extratos e sucedâneos do café, que aumentaram consideravelmente e ajudaram a puxar para cima a receita do setor, com preços até 25% maiores do que em 2020”, explica a assessora técnica da Seapa. Todos os principais parceiros comerciais do estado aumentaram suas compras, como Estados Unidos (US$ 146 milhões), Alemanha (US$ 132 milhões), Bélgica (US$ 78 milhões) e Japão (US$ 50 milhões).
As carnes acumularam US$ 134 milhões e 45 mil toneladas embarcadas no período, um decréscimo de 1,8% na receita e aumento de 12,8% no volume. As proteínas bovinas e suínas, que tiveram grande saída no ano passado, vêm apresentando arrefecimento nas vendas, com declínio de 6,1% e 37,4%, respectivamente.
“Mesmo com as reduções neste bimestre, para as carnes bovina e suína a expectativa é positiva para o ano de 2021. Já a carne de frango apresentou melhor desempenho no primeiro bimestre, com receita de US$ 31 milhões e volume de 20 mil toneladas, aumentos de 23,2% e 48,5%, respectivamente”, explica Manoela.
O complexo sucroalcooleiro teve diminuição nas vendas, com registros de US$ 101 milhões e 338 mil toneladas. A movimentação do mercado internacional, indicando grande oferta mundial de açúcar e queda no preço do petróleo, foram fatores que influenciaram o comportamento da commodity nos primeiros meses do ano.
Em contrapartida, os produtos florestais obtiveram alta de 43% na receita (US$ 96 milhões) e de 29% no volume (239 mil toneladas), sendo a celulose o item que sustentou o resultado positivo.
O complexo soja segue sofrendo arrefecimento nas vendas, com receita de US$ 23 milhões (-36%) e 41 mil toneladas (-72%). Isso foi ocasionado pela diminuição das compras chinesas em comparação ao boom ocorrido em 2020. A queda afetou o desempenho do setor que, mesmo com a entrada de novos parceiros, como Índia, Polônia, Bélgica, Colômbia e Bangladesh, não foi capaz de reverter a queda em relação ao ano anterior.