segunda-feira, 17 de maio de 2021
Cresce 17% o número de vagas na área da saúde
Por falta de incentivo, o mundo corre o risco de ficar sem mentes brilhantes
No Dia Mundial da Propriedade Intelectual, o neurocientista e filósofo Fabiano de Abreu propõe uma reflexão sobre um período nebuloso que se aproxima por aí sem que as pessoas observem a gravidade desta situação.
“A era em que vivemos reflete a mudança dos costumes, dos hábitos, da alteração do panorama cultural e intelectual. Na minha visão, estamos perdendo muito do trabalho intelectual não apenas pelo afastamento aos verdadeiros valores do saber, mas principalmente pela falta de incentivo e pela falta de reconhecimento”. Essa triste constatação é observada pelo neurocientista e filósofo Fabiano de Abreu e retrata bem como o mundo tem passado por profundas mudanças quando se fala no incentivo às pesquisas e publicações especializadas no campo acadêmico-científico.
Segundo Abreu, o mundo global apropria-se muito rapidamente das boas ideias, das boas teorias, dos estudos revolucionários e entrega-os sem nome a um mundo virtual imparável. O que acontece atualmente, ele observa, é que “mesmo quando registradas, muitas ideias são roubadas, são apropriadas, são utilizadas sem os devidos créditos. Na era da falta de originalidade e da cópia, a única saída é investir na propriedade intelectual bancando registros como ISSN, ISBN, DOI, entre outros que validam a ideia como propriedade única”.
Porém, é importante mencionar que rede social não é registro e muitas boas ideias são jogadas no lixo através dela, pondera Fabiano. “Não teremos mais Aristóteles, Nietzsche, Freud, Einstein, entre outros. Nem Steve Jobs com tantas boas frases consegue ser ícone filosófico por toda a divulgação sem crédito. É cada vez mais difícil ser um nome para ficar no tempo como partículas da história da vida”, analisa.
Outro grave problema dos tempos atuais, o neurocientista destaca, é que “existe uma frustração por parte de muitos intelectuais ao verem o seu trabalho ser utilizado, ser modificado, ser distribuído sem se reconhecer o verdadeiro autor, que deu o seu tempo à análise e à pesquisa. Por outro lado, vivemos numa sociedade preguiçosa demais para se preocupar com as verdadeiras fontes, com a verdadeira origem. Origina-se assim uma cadeia de apropriação sem fim, uns a seguir aos outros, sem responsabilização na maioria dos casos”, lamenta.
Deve-se lembrar que, “o trabalho intelectual tem o intuito de transformar, de ser motor de mudança e, obviamente quem investe quer ser reconhecido ou, de outra forma começa a não partilhar informação”, aponta Abreu.
Vítima desta situação tão comum atualmente, Fabiano de Abreu lamenta que teve muitas das suas frases publicadas roubadas e publicadas como sendo de autoria de quem a publicou. “Numa rede pública como a social, o descaramento chega ao nível narcísico de poder absoluto. Mas cabe a nós buscarmos meios legais de guardarmos nossa propriedade, não por vaidade, mas por merecimento e ensinamento”.
Porém, diante deste litígio, o neurocientista questiona: “Qual recompensa se tem em uma boa ideia, se outro que não a teve a rouba e a difunde? Quando vejo uma frase minha publicada sem apontamento do meu nome eu penso, que bom que gostaram. Mas o meu nome? Não sabe que foi minha. Mas e daí? De onde saiu essa sairão muitas outras e as frases são para um todo, como uma nebulosa no espaço que vai gerar um sem fim do que é novo, de conhecimento mas que, em todo o caso, pelo mérito deveria ser atribuído”, completa.
Bactéria encontrada no mandacaru vira bioproduto que promove tolerância à seca em plantas
Uma bactéria encontrada na rizosfera do mandacaru (Cereus jamacaru), importante cacto da região da Caatinga, vai ajudar as lavouras de milho brasileiras a suportar a seca. A rizobactéria Bacillus aryabhattai é a base de um novo bioinsumo que aumenta a resiliência e a capacidade de adaptação das plantas do cereal ao estresse hídrico. O produto, que recebeu o nome comercial de Auras, é capaz de promover o crescimento da cultura mesmo em condições de seca.
A nova tecnologia é resultado de mais de 12 anos de pesquisa e chega ao mercado por meio de parceria entre a Embrapa Meio Ambiente (SP) e a NOOA Ciência e Tecnologia Agrícola, de Minas Gerais. É o primeiro produto comercial destinado a mitigar os efeitos causados pelo estresse hídrico nas plantas e não tem concorrentes registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O Auras é capaz de reduzir os efeitos causados pelas estiagens prolongadas, minimizando riscos e expressando o potencial das lavouras. A tecnologia foi desenvolvida pela Embrapa e será produzida e distribuída, exclusivamente, pela NOOA.
O foco inicial do produto será o milho, com estimativa de 70% da demanda na segunda safra (safrinha) e os 30% restantes na safra de verão, a primeira. Isso porque o milho de segunda safra é sempre o mais afetado por veranicos e restrições hídricas em geral. A NOOA informa que seu produto não aumenta a produção, porém, protege a lavoura de perdas ocasionadas pelo estresse hídrico. A estimativa é que o Auras salve da seca entre seis e oito sacos de milho por hectare, em média, contra um investimento que gira ao redor de meio saco de milho por hectare.
“Por enquanto, só existe essa pesquisa sobre essa tecnologia em agricultura tropical, a qual, de fato, sofre maior impacto da seca”, ressalta o pesquisador da Embrapa Itamar Soares de Melo, que desenvolveu a pesquisa com a rizobactéria da qual derivou o novo bioativo. Ele conta que os isolados de bactérias podem apresentar papéis importantes na promoção do crescimento de plantas em solos secos, por exemplo.
“Sem dúvida alguma, os bioinsumos têm papel relevante no desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira. E o Auras traz um novo marco nesse crescente mercado de produtos biológicos,” declara o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi. “Essa tecnologia é o resultado de muitos anos de pesquisa na seleção de microrganismos com características de interesse para a agricultura e da parceria com uma empresa que vislumbrou esse futuro e agora torna o produto acessível ao produtor”, completa.
A NOOA projeta que a nova tecnologia será adotada em 1% da área plantada de milho no País durante o primeiro ano. “Pretendemos atingir 10% dessa área em cinco anos,” prevê o presidente da empresa, Claudio Nasser. “O foco das soluções para o setor agrícola tem que ser nas causas e não no tratamento dos sintomas que afetam as plantas e o equilíbrio do solo. Conhecer estes fatores e quebrar paradigmas é o caminho para uma agricultura mais eficiente e sustentável,” acredita o executivo.
A pesquisa
A base que tornou possível essa pesquisa começou em 2009, com uma investigação sobre a biodiversidade e a bioprospecção de microrganismos da Caatinga, proposto por Melo. O trabalho deu origem à primeira Coleção de Microrganismos de Importância Agrícola e Ambiental, lançada em 2013 com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp), com quase 20 mil isolados de fungos, bactérias, leveduras, arqueias e actinobactérias.
A ideia de pesquisar a mitigação da seca por bactérias benéficas surgiu em 2016, por meio de parceria entre Unidades de Pesquisa (Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Semiárido). “Foram analisados isolados de actinobactérias capazes de reduzir os efeitos do estresse hídrico em soja, milho e trigo em razão da produção de enzimas, fito hormônios, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfato e fixação de nitrogênio”, explica o pesquisador.
Amostras foram coletadas ao longo da Caatinga, em cinco estados: Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os pesquisadores perceberam que o período de amostragem, chuvoso ou seca, foi o principal responsável pela alteração na estrutura das comunidades bacterianas, o que permitiu identificar potenciais microrganismos responsáveis pela resiliência ao estresse hídrico.
Ele conta que as bactérias tolerantes à seca, ao colonizar o sistema radicular das plantas sob estresse abiótico, produzem substâncias que hidratam as raízes, chamadas exopolissacarídeos. Para que os microrganismos cheguem às plantas, é feito um procedimento simples na hora de plantar: as bactérias são misturadas às sementes por ocasião do plantio, em uma suspensão líquida, que pode ser água.
As riquezas na Caatinga
A região do bioma Caatinga corresponde a uma área de cerca de 734.478 km2 e inclui nove estados, fazendo parte de um ecossistema que se restringe ao Brasil. Portanto, grande parte do patrimônio biológico do bioma não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo, o que torna a região um importante cenário para bioprospecção.
Geralmente, ela tem sido descrita como tendo baixa biodiversidade, com poucas espécies endêmicas (que ocorrem apenas naquela região) e, portanto, de baixa prioridade para conservação. Metade da vegetação da Caatinga encontra-se antropizada (modificada pela ação humana) e menos de 2% de sua área está protegida em unidades de conservação de proteção integral.
Recentemente, o governo brasileiro iniciou ações para conservar melhor sua biodiversidade. Foram reconhecidas oito ecorregiões e identificadas 57 áreas prioritárias para conservação no bioma Caatinga, 27 delas de extrema importância biológica. “Portanto, conhecer a biodiversidade microbiana do Semiárido é um passo importante para que seus recursos possam ser aproveitados de maneira sustentável, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes,” frisa o pesquisador Melo.
O milho brasileiro
O Brasil é o segundo maior exportador mundial de milho. A cultura é mais sensível ao ataque de pragas e doenças ao longo do ciclo, além disso sofre também com as mudanças climáticas, secas e excesso de chuvas são frequentes. A cultura do milho no Brasil vem experimentando uma evolução crescente, principalmente em relação à produtividade. Os cenários nacional e mundial apontam o País como grande produtor e exportador do cereal nos próximos anos.
O milho é cultivado em praticamente todo o Brasil. É a segunda maior cultura de importância na produção agrícola no território nacional, sendo superada apenas pela soja que lidera a produção de grãos no País. A safra 2019/2020 registrou recorde, de 250,5 milhões de toneladas, 3,5% superior ao colhido na safra anterior.
O papel social da cultura também é grande. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 59,84% dos estabelecimentos que produzem milho consomem a produção na propriedade.
Uso indiscriminado de colírios pode levar à cegueira
79% da população brasileira usa medicamentos sem prescrição médica, segundo pesquisa do ICTQSão Paulo, 27 de abril de 2021 – O hábito da automedicação faz parte do dia a dia de 79% dos brasileiros, segundo uma pesquisa realizada em 2018 pelo ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade). O estudo apontou ainda que indicações de familiares e amigos correspondem a 68% das prescrições, enquanto os balconistas de farmácias são responsáveis por 48% das indicações de medicamentos sem prescrição médica. Entre os medicamentos usados, sem prescrição médica, estão os colírios. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os colírios não são inofensivos. Perigo em gotasUm dos principais problemas é o uso de colírios que contêm em sua formúla corticoides. Colírios com essa substância ativa podem causar glaucoma e catarata.Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, mesmo os colírios lubrificantes e descongestionantes podem causar efeitos adversos, quando usados por tempo prolongado ou sem seguir a recomendação de um oftalmologista. "Os colírios mais usados, de forma indiscriminada, são aqueles que deixam o olho mais branco. São chamados de colírios descongestionantes. São colírios que contraem os vasos sanguíneos oculares. Com isso, a passagem de sangue diminui e clareia o globo ocular". "Porém, o uso prolongado e frequente desse tipo de colírio leva ao efeito rebote, ou seja, para atingir o efeito desejado será preciso usar uma dose cada vez maior", disse a médica. Isso porque os vasos sanguíneos oculares começam a perder a elasticidade. Em alguns casos, embora raros, pode causar alterações cardíacas e aumento da pressão arterial, bem como pode aumentar o risco de desenvolver catarata. "Mesmo os colírios indicados para o olho seco, conhecidos pelo termo lágrimas artificiais, podem causar efeitos colaterais, como turvação transitória da visão imediatamente após a aplicação. Deve-se evitar dirigir ou operar máquinas até que a visão fique novamente nítida", ressalta Dra. Maria Beatriz. E se você acha que acabou, tem mais: como qualquer outro medicamento, um colírio pode levar a uma reação alérgica aguda e grave chamada de anafilaxia. Essa situação é uma emergência médica e pode ser fatal. Portanto, o alerta é claro: nenhum colírio deve ser usado além do período e dosagem prescritos pelo médico.Cuidados gerais com os colírios
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Linfoterapia em pacientes internados em UTI poderia evitar complicações pulmonares por Covid-19, afirma bioengenheiro
O especialista Daniel Zucchi fala de um projeto inédito de levar a técnica a pacientes em
um hospital do Rio de Janeiro
A
formação de coágulos sanguíneos está entre as principais causas de
complicações ocasionadas pela Covid-19. Além da ingestão
de medicamentos anticoagulantes receitados pelos médicos em pacientes
internados em UTI, a aplicação da Linfoterapia preventiva (drenagem
linfática) associada a aparelhos que façam o sangue circular, seria uma
indicação extremamente eficaz para evitar a formação
de trombos.
O bioengenheiro e fisioterapeuta especializado em Linfoterapia, Daniel Zucchi, adverte que a técnica terapêutica poderia evitar
muitas complicações pulmonares. Os trombos, quando formados, entopem as artérias e bloqueiam a entrada de ar nos pulmões
“O
anticoagulante é ministrado em pacientes graves no hospital para evitar
que o trombo se instale. No entanto, depois que o
trombo se forma e se instala no pulmão, o quadro é agravado, mesmo com a
ingestão de remédios trombolíticos. A Linfoterapia é uma técnica
indicada para ajudar, em parceria com os anticoagulantes, a não formação
de coágulos”, defende ele. De acordo com Zucchi,
os óbitos proporcionados pelo coronavírus, podem também ter relação com
a formação de trombos.
Além
da aplicação da técnica de Linfoterapia, que promove a melhoria na
circulação sanguínea - uma vez que o sangue parado, coagula-,
a bota de compressão pneumática, aparelho que é calçado no pé para
promover a melhoria na circulação sanguínea do organismo, é bem
recomendada.
“A aplicação de Linfoterapia em hospitais é um avanço. Temos um grupo de pesquisa que está negociando a aplicação da técnica,
em pacientes internados na UTI, dentro de um hospital do Rio de Janeiro”, concluiu.
Daniel Zucchi
O
fisioterapeuta e mestre em Bioengenharia pela Escola de Engenharia da
USP - São Carlos, Daniel Zucchi, especializou-se em Drenagem
Linfática - foi pesquisador do tema durante oito anos na Escola
Internacional de Terapia Linfática da Clínica Godoy-, com sede em São
José do Rio Preto, interior de São Paulo (SP).
Na
Escola de Engenharia da USP - São Carlos realizou pesquisas sobre
cicatrização de feridas crônicas e efeito do laser em cultura
de bactérias.
Com diversos artigos publicados no Brasil e no exterior, Zucchi é docente universitário, há mais de dez anos, coordenando aulas
em cursos de Fisioterapia, Enfermagem, Educação Física e Nutrição.
Atualmente, é coordenador científico do Instituto Daniel Zucchi de Estética Avançada, único centro de referência em Linfoterapia Estética do Brasil e coordenador de pós-graduação em Linfoterapia pelo CTA – Centro de Treinamento em Anatomia.