*LRCA Defense Consulting - 02/07/2021
A Taurus, uma das maiores fabricantes de armamento leve do mundo, oficializou, no dia 30 de junho, um convênio com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para realizar pesquisa e desenvolvimento de armamentos com grafeno.
O material à base de carbono é considerado o mais leve e forte do mundo (200 vezes mais resistente do que o aço), superando até mesmo o diamante, e pode ser adicionado à composição de inúmeros produtos para aprimorá-los. Também é o material mais fino que existe (da espessura de um átomo ou 1 milhão de vezes menor que um fio de cabelo). O grafeno caracteriza-se por ser de elevada transparência, leve, maleável, resistente ao impacto e à flexão, entre outras propriedades.
A parceria entre a Taurus e a UCS acontecerá através da UCSGRAPHENE, primeira e maior planta de produção de grafeno em escala industrial da América Latina instalada por uma universidade e que faz parte do TecnoUCS – Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação. A estrutura – junto aos demais laboratórios de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico de toda a universidade, assim como atuação do centro de tecnologia e equipe técnica das empresas parceiras Zextec e Znano – permitirá a rápida realização de testes e desenvolvimento de protótipos de armas.
De acordo com o coordenador da UCSGRAPHENE, professor Diego Piazza, o grafeno é o futuro para inúmeras áreas, incluindo a indústria de armas. "Armamentos contendo grafeno em sua composição são mais leves e resistentes. Essa parceria da UCS com a Taurus abre portas para a pesquisa e fabricação de produtos muito mais modernos e tecnológicos", pontua Piazza.
Por ser uma tecnologia disruptiva, o grafeno tende a competir com tecnologias existentes e substituir materiais com décadas de uso. Suas aplicações permitem desenvolver produtos com alta resistência mecânica, capacidade de transmissão de dados e economia de energia. Como material de alta engenharia, o grafeno é um dos principais recursos da atualidade em nanotecnologia, sendo utilizado por exemplo na produção de telas e displays LCD, touchscreens, componentes eletrônicos com altíssima capacidade de armazenamento e processamento de dados, baterias de recarga instantânea, entre outros.
Revolução no mercado de armamento leve
Para o CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, a utilização do grafeno na produção de armas de fogo será uma revolução neste mercado. “O principal pilar estratégico da Taurus é a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação que são capitaneadas pelo CITE (Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia). A aplicação de grafeno elevará ainda mais a qualidade e eficiência na produção dos nossos produtos. O desenvolvimento de aplicações de grafeno nas armas de fogo será um divisor, um fato muito relevante, para o mercado mundial de armas curtas”, afirma Nuhs.
Grafeno, o futuro da tecnologia
O grafeno é um material que, por ser 200 vezes mais forte que o aço e o melhor condutor do mundo, é tido como o futuro da tecnologia.
Como o diamante e o carvão, o componente é uma das formas do carbono e é derivado do grafite, cujas reservas abundam no Brasil, país que tem mais da metade de suas reservas mundiais. Foi isolado pela primeira vez em 2004, na Universidade de Manchester, na Inglaterra, e, desde então, tornou-se cobiçado mundo afora.
Essas camadas de grafite são muito resistentes, se levarmos em consideração sua espessura; são mais finas que um fio de cabelo, flexíveis e praticamente transparentes.
Quando isolado e usado da forma correta, o grafeno ganha possibilidades incríveis de utilização e, por isso, é visto como a solução de vários problemas na área de tecnologia: desde substituição de materiais raros e escassos até o barateamento de custos para o consumidor.
O revolucionário composto pode ser usado em quase tudo, de aparelhos eletrônicos com telas resilientes e flexíveis a baterias energizadas em segundos, peças automotivas, artigos esportivos e até pele e órgãos artificiais. Existem diversas e já avançadas pesquisas em quase todos os setores, como: aeroespacial, naval, militar, medicina, baterias, veículos elétricos, placas solares, pás e turbinas eólicas, nanochips, substituição da fibra ótica, blindagens, coletes e roupas à prova de bala e muitos outros, especialmente aqueles que utilizam tecnologia de ponta.
Brasil está na ponta das pesquisas e poderá se posicionar como líder nesse mercado
Desde março de 2020, o parque tecnológico da Universidade de Caxias do Sul (TecnoUCS) abriga a UCSGraphene, considerada a maior planta de geração de grafeno da América Latina, com capacidade para produzir cinco toneladas anuais do produto. A título de comparação, o projeto MGGrafeno, um dos pioneiros no país, em Minas Gerais, cuja planta opera desde 2018, atinge o volume de cerca de 300 quilos da substância por ano.
Veja abaixo um vídeo onde o Prof. Dr. Diego Piazza, coordenador da UCSGraphene responde e discorre sobre o grafeno, as pesquisas da UCS e a possibilidade de esse composto vir a se tornar a próxima revolução tecnológica mundial, com o Brasil à frente.
Superpolímero com grafeno e nióbio
A união do grafeno – material à base de carbono considerado o mais leve e resistente que existe – com o nióbio, metal que possibilita diversas aplicações no ramo da alta tecnologia, e do qual o Brasil tem cerca de 98% das reservas globais, é tema de estudos realizados na Universidade de Caxias do Sul, através da planta de produção, caracterização e aplicação de grafeno UCSGRAPHENE e das empresas parceiras ZextecNano e Znano.
O objetivo das pesquisas é o desenvolvimento de um superpolímero a partir da combinação entre os materiais, composição com vistas à elaboração de peças técnicas e estruturais para atender à indústria automotiva leve e pesada, a fim da resolução de problemas poliméricos de alta resistência no segmento.
Conforme afirmam o coordenador da UCSGRAPHENE, professor Diego Piazza, e o diretor da Zextec, Hugo Sousa, a interação entre os compostos poderá aprimorar características das peças que contarão com a aplicação – em baterias, por exemplo, o ganho seria em dimensão, rendimento e durabilidade; chapas poderiam ser mais leves e com resistência ampliada.
Como vantagem para a iniciativa, a estrutura da UCSGRAPHENE – junto aos demais laboratórios de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico de toda a Universidade, e a partir da atuação do centro de tecnologia e equipe técnica das parceiras Zextec e Znano – integra pesquisa e produção de compostos, o que reflete na rápida realização de testes e desenvolvimento de protótipos.
Setor de Defesa
As aplicações do grafeno podem também revolucionar o Setor de Defesa. O vídeo abaixo, embora mais antigo e anterior à produção comercial do grafeno no RS, explana algumas das utilizações do composto nesse setor.