José Maria dos
Santos e as histórias da Papelaria Rio
Aquele
cidadão araxaense que tem pelo menos 20 anos de idade certamente já ouviu falar
ou, pelo menos uma vez, deve ter feito uma comprinha ou passou lá pelo
Centro Rio. Referência no comércio e venda de produtos para estudantes,
escritórios, livros, revistas, vídeos, brinquedos e serviços em geral de xerox,
cópias, encadernamento, entre outros, o Centro Rio nasceu no dia 1º de
fevereiro de 1972, com o nome de Papelaria Rio e, por 32 anos, foi um dos
pontos comerciais mais tradicionais, conhecidos e respeitados de
Araxá e região. Hoje o empresário araxaense José Maria dos Santos, de 77
anos, um dos fundadores da Papelaria Rio, fez revelações emocionadas à ARAXÁ EM
REVISTA, contando causos e muitas curiosidades sobre a história pioneira
do Centro Rio em Araxá. Zé Maria nasceu na cidade mineira de Carmo do
Paranaíba. Filho de seu José Gonçalves dos Santos e de dona Divina Vieira de
Menezes, teve 14 irmãos e se mudou com a família para Araxá ainda criança, aos
11 anos. Ele é casado com dona Aldneuza Honorato Santos e tem três: filhos
Frederico, Júlio e Cíntia. “Meu pai tinha uma pensão e depois uma
colchoaria lá no largo da igreja de São Sebastião. Aos 18 anos, depois de fazer
o Tiro de Guerra em Araxá, fui para Brasília, onde trabalhei por um ano como
garçom e caixa. Um ano depois, fui para a capital paulista, onde, por seis
meses, fui fotógrafo de cartões postais. Em seguida, me mudei para Belo Horizonte,
onde arrumei serviço na Rede Mineira de Viação, onde, por 10 anos, atuei como
conferente e guarda-chaves na ferrovia.” Ele conta que a virada em sua vida e a
história de sucesso do Centro Rio começaram no ano de 1972. “Quando eu
trabalhava na capital mineira, na ferrovia, eu tinha um amigo que tinha uma
papelaria e trabalhava com impressos fiscais e material de escritórios de
contabilidade e empresas, produtos que não tinha em Araxá, sempre tinham
alteração, e os pedidos custavam a chegar à cidade. Então eu comecei a visitar
empresas e contadores e fornecer esses impressos, mesmo trabalhando na Rede.
Primeiro, ao lado de minha esposa Neuzinha, eu comercializava os
impressos em casa e cheguei a ter um estoque de reserva. Mas vendo que era um bom
negócio, chamei meu irmão Roberto, que morava em Belo Horizonte, para abrirmos
um negócio. Roberto entrou com um capital e, no dia primeiro de fevereiro do
ano de 1972, nós inauguramos a Papelaria Rio, num pequeno e modesto cômodo na
Rua Mariano de Ávila, 278, onde diversificamos o estoque com livros, material
escolar e fomos pioneiros ao implantar em Araxá a primeira máquina de xerox na
cidade, uma coisa inédita!” Com um entusiasmo juvenil, José Maria
faz uma detalhada viagem no tempo e explica: “o nome Papelaria Rio foi ideia do
meu amigo de Beagá, que disse que tinha que ser um nome curto para que as
pessoas pudessem lembrar e memorizar com facilidade, e ficou Rio.” Ele nos
conta, ainda: “O começo foi muito difícil, mas o Robertinho, meu irmão, me
ajudou muito. A coisa foi evoluindo e crescendo, e a gente conseguiu mudar para
um prédio maior, abrimos filiais com venda de revistas, livros, discos e
máquinas de escritório”. É com orgulho que ele declara: “Nós chegamos a
ter quase cem colaboradores no auge da empresa, e a coisa que
mais me deixa feliz durante a existência do Centro Rio é que nestes 32 anos, a
gente abriu as portas para empregar centenas de jovens no primeiro emprego.
Quantos doutores e famosos profissionais liberais, políticos e empresários de
nossa cidade tiveram a chance, a oportunidade do primeiro emprego para
ingressar no mercado de trabalho? Durante o período em que o Centro Rio esteve
em atividade, vários irmãos, sobrinhos e parentes também foram
colaboradores na empresa. Outro fato que também nos dá muito orgulho é ter
estado por vários anos entre as dez empresas da região contribuintes com o
ICMS. Nós também tínhamos grandes clientes, em várias cidades de Minas
Gerais.” No auge dos negócios, a empresa construiu a sede própria na Rua
Presidente Olegário Maciel, onde hoje funciona o prédio da loja Casas Bahia.
Mesmo com o encerramento das atividades, no ano de 2004, a semente do Centro
Rio que foi plantada no ano de 1972 continuou germinando; hoje, mesmo
aposentado, Zé Maria atua como o comandante do departamento financeiro da Lojas
Rio do filho Júlio Santos; os irmãos, Pedrinho e Xicão, respectivamente, têm
uma loja de cartuchos para impressora e mantém a Papelaria Brasil, onde
funcionava o antigo MEC. Sobre o irmão Xicão, Zé diz que “o Xicão foi um baluarte
na história do Centro Rio. Ele lutou muito pela empresa. Cuidava da parte burocrática,
admissão de funcionários, recursos humanos e se dedicava com muita
responsabilidade, austeridade. Sempre foi um irmão e profissional exemplar,
correto, ético e muito justo.” O fundador do Centro Rio se emociona ao revelar
que “o Centro Rio passou, mas, para a gente, ficou a saudade, o respeito dos
clientes e da comunidade, mas principalmente a certeza de que foi um lugar onde
a gente colecionou muitos amigos, e éramos uma grande e verdadeira família. Eu
sempre digo que existe uma Araxá antes e uma depois do Centro Rio. Um ambiente
agradável e feliz que vai ficar para sempre na história da nossa Araxá.”
José Maria dos Santos explicou que a empresa Centro Rio finalizou suas
atividades no ano de 2004 em razão das alterações e circunstâncias econômicas
do País e empresariais do mercado. ( fonte REVISTA ARAXÁ – EDIÇÃO 03 )
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