O primeiro sistema de
abastecimento de água de Araxá foi um rego
público puxado de um açude que ficava na nascente do córrego do final da Avenida
Ecológica.
O local era de mata fechada
que se chamava Capão do Fagundinho. O açude era quase que apenas para desviar
água do córrego. Dali saia o rego que ia descendo, meio paralelo à atual
avenida, distanciando-se dela, fazendo curva à esquerda saindo da mata e
pegando o campo em direção ao povoado.
A água corria com 0,003%
de declive, isto é, descia 3 metros em cada quilômetro. Passava pelo ponto
final da Av. Getúlio Vargas, começo do Tobogã, cortava a Rua Calimério
Guimarães, passava acima de onde é a Santa Casa. Dobrando um pouco, tornava a
cortar a Calimério, seguindo por onde hoje seria entre as ruas Calimério
Guimarães e Dr. Franklin de Castro, chegando ao Largo Da Matriz, onde hoje é a
praça Cel. Adolpho, local em que foi construída a antiga Igreja Matriz, já
demolida. Dali, descia mais ou menos acompanhando a Rua Capitão José Porfírio,
correndo para o córrego do Lavapés.
Esse rego de
abastecimento foi feito há cerca de 230 anos, no começo da construção da Matriz
antiga que ocorreu entre 1785 e 1800. Ele passava atrás da igreja. Na verdade,
primeiro foi determinado o local do rego, depois onde ficaria a igreja, o que
definiu a praça. O povoado já existia, mais para baixo, desde 1780.
Várias casas foram
construídas do lado debaixo do rego, cada uma com um puxado, uma pena d’água.
Com isso, as frentes dessas casas acabaram formando uma rua que hoje é a Dr.
Franklin de Castro.
Outra possibilidade para
obter água era furar cisternas, principalmente aqueles que não conseguiam pegar
água do rego. Também buscavam água no córrego ou na antiga Banheira.
Pesquisando no
Arquivo Público Mineiro, em BH, encontrei um documento datado de 1851 (faz 164
anos), onde o Presidente da Província de Minas Gerais autoriza a Câmara
Municipal da Villa do Araxá a nomear um administrador
do rego público. Era sua obrigação, cuidar do rego, mandar limpar “desde o açude até o córrego do Lavapés”,
cobrar 2 mil reis de cada usuário, por pena d’água e multar contraventores,
Com o desenvolvimento
de Araxá, o rego ficou inconveniente e as pessoas deixaram de utilizá-lo, optando
por cisternas. Água correndo na natureza virgem é uma coisa, correndo em lugar
muito habitado e com muitos animais é outra. O rego pisoteado ficou sujo e apropriado
para a proliferação de pernilongos. Em 1885 não mais existia. Dele restou
apenas uma lenda de que haveria uma trinca no solo ao longo da Rua Calimério
Guimarães, para os lados da Santa Casa.
Em 1908, na
administração do prefeito Dr. Franklin de Castro, foi captada água de nascentes
perto da Boca da Mata e conduzida por gravidade, não a céu aberto, mas em tubos
até o reservatório que ficava perto da rotatória das avenidas Imbiara e Senador
Montando, a chamada Caixa d’Água, que era apenas uma “piscina” coberta. Foi uma
grande festa em Araxá, Mas o rápido crescimento da cidade tornou esse sistema
inadequado, provocando grande insatisfação.
Em 1914, com a
inauguração do serviço de eletricidade, foram instaladas bombas elétricas, mais
para baixo do antigo açude do Rego Público, ao lado da Rua Dr. Edmar Cunha, que
fornecia mais alguns metros cúbicos de água ao reservatório. Entretanto, o
crescimento da cidade passou a exigir maior quantidade do necessário líquido.
Na administração do prefeito Fausto Alvim, foram furados poços que, com ar
comprimido, elevava mais água até o reservatório.
Em 1973, o serviço
foi terceirizado para a COPASA, que fornece uma excelente e bem tratada água,
acompanhando o crescimento da cidade.
Estive visitando a
COPASA e fui muito bem recebido pelos engenheiros Jairo, João Eduardo e Odair
que me forneceram as informações técnicas necessárias à determinação do antigo trajeto
do rego público. Com isso pude elaborar um mapa, de 1795, com o açude e o rego
até ao Córrego do Lavapés.
( Fonte> JORNAL
INTERAÇÃO)
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