Doença, que afeta uma em cada cinco crianças, comumente tem desdobramentos na saúde mental dos pacientes
A
previsão de um dos mais severos períodos de estiagem da história, somada
à piora dos índices de poluição atmosférica nos grandes
centros urbanos, tem impacto direto na incidência de doenças e alergias.
Entre elas, a Dermatite Atópica - doença cutânea inflamatória
- cuja ocorrência triplicou nas últimas décadas e hoje já atinge uma em
cada cinco crianças nos primeiros anos de vida.
No
mês em que se celebra o Dia Nacional da Conscientização da Dermatite
Atópica (em 23/09), especialistas apontam para a importância dos
cuidados necessários para aliviar os sintomas das crises causadas pela
doença, além da disseminação de informações qualificadas que
ajudem na quebra de estigma e encorajem mais pessoas com a doença a
procurarem acompanhamento especializado.
A
dermatite atópica é uma condição caracterizada por pele seca, lesões avermelhadas e coceira intensa e no Brasil acomete 20% das
crianças, segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). A doença se manifesta em pessoas com
histórico familiar e muitas vezes está associada a outras condições como asma e rinite alérgica.
De
acordo com a dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP e consultora da Libbs Farmacêutica, Dra. Paula
Ferreira, os fatores que levam às crises de dermatite atópica são
muitos, muitas vezes fáceis de identificar e comuns entre os
pacientes.
"Tempo frio e seco, desidratação da pele, sudorese, estresse e ansiedade
são os principais gatilhos. Agentes irritantes de produtos de
limpeza, como sabonetes perfumados e amaciantes de roupa, também têm um
grande protagonismo nas crises", comenta.
O
cuidado contínuo com a pele é fundamental para prevenir crises,
controlar as manifestações da doença e garantir bem-estar ao paciente,
ressalta a especialista. "A pele atópica precisa de atenção o tempo
todo. O paciente precisa fazer o uso diário de hidratantes
específicos, mesmo que aparentemente a pele não precise naquele
momento", orienta. Além disso, segundo a médica, em momentos de crise o
uso de medicamentos adequados também ajuda a diminuir a exacerbação e
permite ao paciente recuperar o equilíbrio.
Preconceito e reflexos psicológicos
Estudos apontam, no entanto, que a Dermatite Atópica não atinge apenas a
pele do paciente. A doença comumente tem reflexos negativos
também na saúde mental das crianças e adolescentes. Diante dessa
realidade, segundo os médicos, a rede de apoio vinda da família, além
do acompanhamento psicológico é de grande importância na vida do
paciente que comumente pode apresentar dificuldades sociais e psíquicas
como ansiedade, depressão, insegurança, teimosia e agressividade.
"Ainda há grande desconhecimento sobre a doença. A dermatite atópica é
comumente confundida com a dermatite de contato ou alergia
alimentar, e muitas pessoas acreditam que a doença é contagiosa, mas não
é. Por conta disso, grande parte dos pacientes se sentem
inseguros, envergonhados e até mesmo apresentam sinais de depressão",
explica Dra. Paula, deixando clara a importância de gerar
conscientização sobre o assunto.
Para ela, a disseminação de informações de qualidade sobre a dermatite
atópica é importante para ajudar o paciente não apenas no
acesso ao tratamento, mas também no impacto emocional. "Uma rede de
apoio multidisciplinar se faz cada vez mais necessária quando paramos
para pensar que a prevalência da doença só aumenta".
Nos adultos
Apesar de na maioria dos casos a doença se manifestar na infância e
desaparecer na adolescência, ela também representa incômodo para a
parcela dos adultos que segue apresentando sintomas. Dados da SBD
mostram que pessoas que vivem com esta condição faltaram em média 5,8
dias ao trabalho a cada seis meses.
Abaixo, veja mais orientações sobre a rotina de cuidados da pele atópica, de acordo com a ASBAI.
• Tomar banho com água morna;
• Não usar bucha ou esponja;
• Procurar usar sabonetes líquidos e neutros, já que a maioria dos sabonetes em barra não atingem o PH ideal que a pele precisa;
• Logo após o banho, secar a pele suavemente e ainda no banheiro, aplicar o creme hidratante prescrito por especialista;
• Procure o médico especialista para obter o diagnóstico correto e orientações para tratamento.
Referências bibliográficas:
1
- Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Dos 20% das
crianças com dermatite atópica [internet]. [acesso em: 30 ago.
2021]. Disponível em: https://asbai.org.br/dos-20-das-criancas-com-dermatite-atopica-5-apresentam-a-forma-mais-grave-da-doenca-2/
2
- Gascon, MRP; Bonfim, MC; Pedroso, TG; et al. Avaliação psicológica de
crianças com dermatite atópica por meio do teste das fábulas
de Düss. Est. Inter. Psicol. 2012;(3): 182-195.
3
- Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). pessoas que vivem com esta
condição faltaram em média 5,8 dias ao trabalho a cada seis
meses [internet]. [acesso em 30 ago. 2021]. Disponível em: https://www.sbd.org.br/noticias/sbd-apoia-campanha-mundial-da-dermatite-atopica/


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