quarta-feira, 10 de março de 2021
Cientista e médico brasileiros concluem que a Covid-19 deixa sequelas
Muito recentemente, o cardiologista Roberto Yano e o neurocientista Fabiano de Abreu uniram esforços para compreender os riscos que esta doença acarreta tanto para o sistema nervoso central, quanto para o sistema cardiovascular. Deste trabalho conjunto surgiu um artigo científico já aprovado e publicado pelo International Journal of Development Research.
Como refere o médico cardiologista Dr. Roberto Yano, “cada vez que surge um vírus novo, é um desafio para a comunidade científica, ainda mais quando se trata de algo que tomou proporções como desta pandemia”.
“Com relação ao coração é irrefutável que, nos casos mais graves da infecção, exista uma probabilidade de ocorrer sequelas cardiovasculares, como insuficiência cardíaca, infarto e AVC”, explicou o especialista. “Temos que antecipar os nossos estudos para conhecer melhor o desenvolvimento da doença, e compreender quais sequelas permanentes esta doença deixará em relação ao sistema cardiovascular e também ao sistema nervoso central.”
Para Fabiano de Abreu, a preocupação recai tanto nos danos físicos da doença como nos traumas que esta acarreta em âmbito psicológicos.
"Sabemos que, ao nível neurológico teremos danos seja a nível celular ou, a própria infecção pode causar traumas que afetam a nossa capacidade cognitiva e que podem resultar em transtornos, síndromes ou outras variáveis futuras", esclarece. "Ainda na minha área de enfoque, preocupa-me também com a saúde mental da sociedade em geral que está, a nível geracional, a vivenciar algo deste tipo pela primeira vez."
Os danos que o Coronavírus pode causar estão ainda em fase incipiente de estudo, uma vez que é uma doença relativamente nova mas, a cada dia, acrescem os casos de relatos de pessoas que, mesmo após superarem, referem sequelas.
"Pacientes com Covid-19, mesmo recuperados, ainda sofrem com a mudança no paladar e olfato, que pode ser irreversível. Isso está relacionado à lesão causada, principalmente, nos neurônios sensoriais, primários", finaliza Dr. Fabiano de Abreu.
Segundo levantamento feito pela Universidade de Medicina de Washington, nos Estados Unidos, três em cada dez infectados pela Covid-19 apresentaram sequelas da doença por nove meses após a recuperação. A pesquisa mostrou que o mesmo aconteceu com pacientes que apresentaram sintomas leves e moderados da doença.
O Dr. Fabiano de Abreu é doutor em neurociência e psicologia membro da Federação Europeia de Neurociência, sociedade brasileira e portuguesa de neurociência, mestre em psicanálise pelo instituto Gaio da Unesco, especialista em propriedades elétricas dos neurônios em Harvard e voluntário do exército português para assuntos de coronavírus.
Já o Dr. Roberto Yano é especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e em Estimulação Cardíaca Artificial pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
No Dia Mundial do Rim (11 de março), especialistas alertam quanto às complicações renais causadas pela pandemia por Covid-19.
Com os hospitais lotados e as UTIs sem leitos para todos que precisam, nefrologistas de todo o país vêm atuando frequentemente nos times da linha de frente em casos graves, pois a infecção por Covid-19 atinge o funcionamento dos rins e, uma vez que isso aconteça, o risco de morte é ampliado em até cinco vezes.
“O coronavírus também lesiona órgãos como pele e músculo. Quando isso ocorre, o corpo produz mais mioglobina, uma proteína que tem função de acumular oxigênio nas células musculares para a produção de energia necessária à contração muscular. Com uma quantidade maior dessa substância sendo filtrada pelos rins, as células tubulares renais acabam sendo lesionadas também, levando à insuficiência renal e à necessidade de hemodiálise”, afirma a Dra. Tamires Piraciaba, nefrologista e professora do curso de Medicina da Unisa.
“O rim é extremamente sensível a períodos prolongados de ventilação mecânica e ao uso de muitos medicamentos, uma situação infelizmente muito comum no caso dos pacientes intubados”, complementa a especialista.
Quando se fala em pandemia, um aspecto essencial não pode ser ignorado, que é o dos impactos da doença na saúde global do paciente. Há casos em que os rins se recuperam, mas há outros em que, mesmo curados do coronavírus, os pacientes precisam manter a hemodiálise por tempo indeterminado, e isso pode mudar para sempre suas vidas, uma vez que ainda não há estudos suficientes que atestem que o paciente voltará a ter uma vida normal, como a que tinha pré-coronavírus.
PIB brasileiro tem a maior queda desde 1990 e encolhe 4,1% em 2020
Ano de pandemia registra maior
retração econômica desde o confisco do Governo Collor |
Não apenas os setores mencionados,
mas também toda a cadeia produtiva que organiza uma das maiores festas
culturais do Brasil foi prejudicada. O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira o número do total acumulado do
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. Segundo os dados registrados, o PIB,
que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no paí
teve uma queda de 4,1% apesar da melhoria de 3,2% na economia durante o
último trimestre de 2020, o que representa a maior retração desde 1990, ano
no qual houve o confisco do governo Collor. O encolhimento da economia também
representa a interrupção do crescimento econômico registrado durante três
anos consecutivos, de 2017 a 2019, período no qual o PIB acumulou alta de
4,6%. De acordo com o IBGE, o PIB per
capita (ou por habitante) também foi impactado em 2020, com uma retração de
4,8% em comparação com 2019. Em valores correntes, o PIB totalizou R$7,4
trilhões no ano passado. “Os dados divulgados refletem os
impactos da pandemia de covid-19 no país no último ano, já que muitas
atividades econômicas foram totalmente ou parcialmente interrompidas para
evitar a contaminação”, avalia Thomas Carlsen, co-fundador e COO da mywork, startup
especializada em controle de ponto
online e gestão de Departamento Pessoal para pequenas e
médias empresas. “A instabilidade de funcionamento de
diversos setores infelizmente trouxe essas consequências para a economia do
país. Por conta de nosso sistema de ponto, vimos muitas empresas parando suas
atividades, reduzindo as jornadas
de trabalho e até mesmo demitindo funcionários”, comenta o executivo. Entre os principais setores da
pesquisa, apenas a Agropecuária registrou alta (2%), enquanto os Serviços e a
Indústria apresentaram queda de 4,5% e 3,5% respectivamente. Também sofreram
quedas os setores de investimentos (-0,8%), exportação (-1,8%), importação
(-10%) e construção civil (-7%). Quando analisada a demanda, o consumo das
famílias também despencou, com uma retração de 5,5%. “A redução do consumo das famílias
também é uma consequência direta de fatores sociais e econômicos gerados pela
pandemia. Com o aumento da taxa de desemprego ao longo do ano e a redução da
renda de milhares de trabalhadores, a consequência direta é a redução do
consumo. Mas muitos brasileiros também deixaram de consumir também durante os
períodos de flexibilização do isolamento social, justamente pelo receio da
contaminação pelo vírus”, acrescenta Thomas. |