quarta-feira, 2 de junho de 2021

Alemanha facilita o ingresso de profissionais brasileiros em seu mercado de trabalho

 


A Alemanha é reconhecida mundialmente pela educação de qualidade, que alia princípios teóricos a uma formação técnica para jovens estudantes. Essa combinação é possível por conta do sistema dual de ensino, que permite conciliar esses dois âmbitos de conhecimento.  Buscando aprimorar o sistema educacional brasileiro, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo está comprometida em implementar esse método de ensino no País, por meio de três programas voltados para as áreas de gestão empresarial, mecatrônica e ciências contábeis.  

 

Com mais de 100 anos de tradição na Alemanha, o sistema dual de ensino se caracteriza por uma parceria entre estudantes e empresas. Os jovens que participam do programa buscam qualificação profissional e remuneração, enquanto as empresas visam obter um grupo de colaboradores produtivos e inovadores. Além disso, as instituições se beneficiam de uma economia nos custos de treinamento de integração e ainda são reconhecidas por sua ação social de empresa formadora.  

 

Mais de 52,4% dos jovens alemães iniciam sua trajetória profissional a partir do programa. Essa taxa representa um total de 1,3 milhões de aprendizes formados em 326 profissões reconhecidas. Os números por parte das empresas também são impressionantes. 20% das empresas alemãs oferecem o programa de formação, sendo a maioria delas de pequeno ou médio porte. O número de contratações após o programa condiz com 68%.  

 

O nome dual se refere, portanto, aos dois locais onde se dá o aprendizado: a empresa e a escola profissionalizante. O programa, de duração média de 2 a 3,5 anos, apresenta 70% de enfoque na formação prática, realizada na empresa. As instituições participantes oferecem um preparo estruturado dentro do ambiente corporativo, permitindo aos estudantes uma vivência real da profissão. Os outros 30% ficam a cargo dos conhecimentos teóricos aprendidos na escola profissionalizante.  

 

Com o apoio de instituições do governo e de patrocinadores, a Câmara Brasil-Alemanha é um dos maiores intermediadores do projeto no País. A Diretora de Formação Profissional da instituição, Patrícia Franco Caires, confia no potencial do programa para fomentar o desenvolvimento profissional de qualidade para jovens estudantes. Atualmente, o maior desafio para ela é a buscar por empresas interessadas em participar do projeto. “Estamos trabalhando para que o programa ganhe cada vez mais espaço no País, mas para isso precisamos da participação das empresas. Nosso objetivo é mostrar para as entidades os benefícios do sistema dual e como esse método pode agregar valor a uma empresa”, disse. 

 

O Centro de Competência Formação Profissional da Câmara Brasil-Alemanha é responsável pela organização do projeto para os alunos participantes dColégio Humboldt. No programa de gestão empresarial, são oferecidos três cursos: Gestão em Logística, Gestão em Administração (Processos Industriais) e Gestão em Tecnologia da Informação. 

 

Já para os interessados em obter uma qualificação na área de mecatrônica, o programa apresenta uma grade de formação de três anos. Este acréscimo é imprescindível para a complementação da grade curricular conforme modelo. Neste curso, o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) é a instituição de ensino parceira para abordagem do conteúdo teórico.  

 

A Volkswagen é uma das empresas que adotaram o curso e a Gerente de Recursos Humanos da VW do Brasil, Karine Wohlke Purchio, comemora os resultados. “Nós fomos a primeira empresa do País a oferecer mais um ano de formação, inspirado no ensino dual alemão, com diploma reconhecido pelo governo da Alemanha. Com essa iniciativa, a empresa oferece um nível ainda mais elevado de formação aos jovens, ampliando o curso de dois para três anos, incluindo novas aulas práticas realizadas no processo produtivo da empresa e conteúdo adicional de eletroeletrônica. Além disso, a própria Volkswagen do Brasil e as empresas participantes do projeto podem contar com jovens altamente qualificados em competências do futuro em seu quadro de funcionários de alta performance”, disse. 

 

Realizado em parceria com a Rödl & Partner, maior empresa alemã no ramo de Consultoria, Auditoria e Contabilidade e com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, o programa Estudo Dual Contabilidade 4.0 tem o intuito de inovar no curso de graduação para a formação dos contadores. O Sócio Executivo da Rödl & Partner South America e membro da diretoria Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Philipp Klose-Morero, explica: “A profissão dos Contadores está mudando cada vez mais rápido. O Coronavírus acelerou a transformação digital. Novas tecnologias substituirão as tarefas repetitivas. O estudo Contabilidade 4.0 formará os futuros líderes no setor financeiro com maior proximidade do mercado de trabalho, habilitando os alunos em novas tecnologias e tendências, tais como robotização, automatização, segurança cibernética, entre outros.” O programa contará com a participação ativa de especialistas das empresas parceiras nas aulas administradas na Mackenzie, assegurando assim a integração entre teoria e prática. 

 

O início do programa é realizado a partir de um contrato de trabalho com base legal para o aprendizado dos jovens nas empresas. Esse contrato é emitido e registrado pela Câmara Brasil-Alemanha e regulamenta as principais questões do acordo, como duração, remuneração e datas de início e fim do processo. Ao final do programa, os estudantes podem ser contratados pela empresa de formação ou por outra empresa no mesmo ramo.   

 

As empresas que tiverem interesse em participar do programa podem entrar em contato pelo e-mail dual@ahkbrasil.com 

UNIARAXÁ INFORMA

 


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Os mitos sobre a criopreservação de óvulos



Especialistas respondem algumas questões que ainda são temas de reticências quanto ao congelamento de óvulos

 

O relógio biológico é cruel quando o tema é a qualidade dos óvulos. Muitas mulheres escolhem congelá-los para estarem mais tranquilas quanto ao assunto. A fertilidade da mulher diminui progressivamente após os 35 anos de idade.

 

Pandemia, congelamento de óvulos e refletir sobre ter filhos no cenário atual. Esses temas ganharam as manchetes de muitos canais de comunicação pelo mundo, porém junto com esse boom de notícias, muitos conceitos errados foram transmitidos. Dois especialistas da área, Dr Emerson Barchi Cordts (ginecologista e doutor de medicina reprodutiva pela FMABC), e Ivan Henrique Yoshida (embriologista e mestre em genética reprodutiva pela FMABC), desmitificam aqui alguns deles.

 

Mito 1: O congelamento de óvulos é uma técnica aprovada para o uso ou é experimental?

 

Atualmente, os estudos científicos indicam que o congelamento de óvulos é seguro, eficaz e não mais experimental.

 

Mito 2: Óvulos frescos são melhores do que congelados?

 

As taxas de gestação obtidas com óvulos descongelados são similares àquelas obtidas com óvulos à fresco, que é o que acontece quando a paciente utiliza os óvulos no mesmo mês em que está fazendo o tratamento de fertilização in vitro. A técnica apresenta resultados de gestação tão bons, que tanto faz os óvulos serem congelados ou à fresco.

 

Mito 3: O bebê que nasce de um óvulo congelado pode apresentar algum problema de saúde?

 

Não há evidências de que a estimulação ovariana e o congelamento de óvulos causem danos tanto a mulher quanto ao bebê. Diversos estudos demonstraram que não existem diferenças documentadas no risco de defeitos congênitos, anomalias cromossômicas ou complicações na gravidez ao usar óvulos congelados, quando comparados aos frescos.

 

Mito 4: o processo é doloroso e demorado?

 

As medicações hormonais para a estimulação ovariana são de uso subcutâneo, aplicadas no abdome pela própria paciente utilizando um dispositivo próprio e indolor, por aproximadamente 10 dias. Durante este período, o médico avalia o crescimento dos folículos, estruturas onde os óvulos ficam abrigados. Quando os folículos atingirem o tamanho ideal (18mm), o médico agendará o procedimento para captação dos óvulos, feito em ambiente cirúrgico, por via transvaginal, sem cortes e com a paciente sedada. A aspiração folicular dura aproximadamente 30 minutos, é sempre feita pela manhã e retornando as suas atividades normais no período da tarde. O tratamento todo dura 15 dias.

 

Mito 5: Este tratamento pode diminuir a minha capacidade de engravidar naturalmente? Posso ficar infértil ou reduzir a quantidade dos meus óvulos neste processo?

 

A mulher nasce com todos os seus óvulos nos ovários. A partir da primeira menstruação, a cada mês, para ovular um único óvulo são gastos aproximadamente 1000. Isto é um processo de seleção biológica que ocorre mesmo quando a paciente utiliza anticoncepcional oral. Quando estimulamos a ovulação para congelar os óvulos conseguimos recuperar uma pequena parte dos óvulos que o organismo desperdiçaria de qualquer forma. Portanto, de maneira nenhuma o tratamento poderá causar infertilidade ou diminuir a reserva natural de óvulos.

 

Mito 6: O congelamento de óvulos é apenas uma opção para classes financeiramente abastadas ou mulheres com carreiras de elite?

 

O tratamento para congelamento de óvulos deve ser visto como um investimento no futuro reprodutivo. Nos últimos anos a popularização e o uso crescente desta técnica tem reduzido os custos, embora os valores ainda sejam altos para boa parte da população, não possuem cobertura dos planos de saúde e nem do SUS.

 

Mito 7: O congelamento de óvulos é uma boa apólice de seguro para mulheres na casa dos 30 anos

 

O congelamento de óvulos é a opção mais segura para a mulher que deseja adiar a maternidade. No entanto, não é uma garantia absoluta. Somente no momento em que os óvulos forem descongelados é que teremos certeza da sua sobrevivência. Quando a paciente desejar engravidar no futuro ela terá que passar por um tratamento de fertilização in vitro. A qualidade dos embriões que serão formados dependerá também da qualidade do sêmen do parceiro. Então, para que este seguro faça sentido a paciente deverá congelar uma quantidade adequada de óvulos.

 

SOBRE A W.IN

 

A W.IN é a primeira clínica do Brasil de criopreservação de óvulos com foco na mulher independente, profissional, aventureira e acima de tudo planejada. “Nosso negócio surgiu da necessidade em atender a essas mulheres fortes, que desejam se sentir seguras e confortáveis com essa decisão. Com isso, a W.IN possui em sua cultura e estampado em seu ambiente conceitos embasados na Medicina Concierge, de proximidade, acolhimento e entendimento do momento de cada paciente”, completa Ivan.

 

Um novo espaço para um novo conceito da criopreservação de óvulos. A ideia do novo negócio foi inspirada num modelo inglês, onde esses espaços não têm cara de clínica, mas sim de lar e aconchego. A nova proposta também apresenta a possiblidade de convenio com empresas, que apoiam essa decisão de suas colaboradoras e podem oferecer esse benefício – prática tendencia no exterior, principalmente nos EUA.

 

A paciente que deseja congelar óvulos é uma mulher decidida, bem-sucedida, que exerce o seu “empoderamento” feminino adiando os planos de gestação para um momento oportuno que lhe convenha. Então, a ideia é um espaço dinâmico e descontraído”, finaliza Emerson sócio da W.IN.

 

Saiba mais em: @clinicaw.in e www.clinicawin.com.br 

o campo à mesa: Agricultores se reinventam e encontram novas formas de chegar ao consumidor durante pandemia

 


Entrega em domicílio, marketing digital e aproveitamento integral dos produtos foram alternativas encontradas para inovar; orgânicos cresceram 30% no período

Com o vai e vem no funcionamento de restaurantes e feiras, muitos produtores rurais precisaram encontrar uma forma de, literalmente, chegar diretamente ao consumidor na pandemia. Um formato de trabalho que antes ficava restrito às pequenas cidades tomou conta da rotina de quem precisava sobreviver nesse período. É o caso das irmãs Christina e Rolinda Salomons, que atuam no setor de hortaliças em Castro (PR). Há três anos, elas distribuem alface, beterraba, brócolis, couve, cebolinha, salsão e outros alimentos pela região dos Campos Gerais. Com a interrupção das atividades dos clientes maiores em vários momentos, foram os pequenos consumidores que mantiveram o negócio vivo. 

E para auxiliar no crescimento das vendas, Christina e Rolinda também mudaram a forma de produzir as hortaliças. “Aumentamos a produção e começamos a investir em diferentes variedades de hortaliças para atender às necessidades dos nossos clientes. Criamos assim, formas diferenciadas de aproveitamento de todos os vegetais que produzimos”, conta Rolinda. 

As hortaliças produzidas pelas irmãs são naturais, sem agrotóxicos, o que faz com que tenham um diferencial ainda mais valorizado pelos clientes. “As pessoas estão procurando muito por produtos 100% naturais, o que nos motiva ainda mais a produzir hortaliças de boa qualidade e nos incentiva na produção de variedades diferentes”, salienta.  

Como as produtoras já faziam entregas por delivery, as mudanças com a pandemia foram em relação ao uso de máscara, luva e pagamentos feitos por transferência bancária para garantir a segurança delas e dos clientes. Elas contam que os aprendizados nesse período foram muitos, como a busca pela criatividade no empreendedorismo e também a importância do uso das redes sociais. “Percebemos que temos que estar sempre procurando coisas novas, sendo criativas. Com certeza devemos saber o que o nosso cliente gosta, procura e necessita, e assim produzir hortaliças que os agradem”, destaca. 

Hortaliças e orgânicos em alta 

De acordo com o levantamento da Associação de Promoção dos Orgânicos, o setor registrou uma alta nas vendas de 30% em 2020, movimentando R$ 5,8 milhões. Além do aumento da produtividade, novas unidades orgânicas foram cadastradas pelo Ministério da Agricultura, com um crescimento de 5,4%. A produção de hortaliças, tanto orgânicas quanto tradicionais, ficam geralmente com pequenos produtores, em terrenos de no máximo 10 hectares, que são responsáveis por 60 a 70% da produção nacional nos cinturões verdes das cidades.

Na região dos Campos Gerais, o aumento no interesse levou otimismo para a economia local. “Temos muitos imigrantes e descendentes de holandeses que optaram por atividades relacionadas ao plantio de hortaliças na nossa região, por isso, ver o crescimento desse mercado nos traz esperança de que a atividade seja cada vez mais valorizada e também traga protagonismo aos nossos colegas e vizinhos que trabalham na área”, ressalta Willem Kiewiet, tesoureiro da Associação Cultural Brasil-Holanda.

Reinvenção em meio à pandemia 

Ainda dentro da agricultura, mas da produção de cogumelos, a fungicultora Caroline Boff, de Arapoti (PR), precisou se reinventar. A jovem de 24 anos começou a produção em 2017 com objetivo de gerar uma renda extra para a família e conciliar a agricultura e a maternidade. “Eu sempre gostei de agricultura, principalmente da parte ecológica, onde os cogumelos se encaixam perfeitamente, pois são alimentos extremamente nutritivos produzidos a partir de resíduos da agricultura convencional, além de serem saborosos e exóticos”, explica a empreendedora. 

De acordo com Caroline, no começo das restrições para conter o avanço da Covid-19, as vendas estavam estáveis, mas, com o tempo, foram diminuindo bastante. “Por esse motivo, optei por mais variedades e não quantidade. O mais difícil mesmo foi lidar com o mercado, pois quem perde sempre é o produtor. Para não perder o cliente temos que reduzir os preços, porém os custos da matéria-prima aumentaram, então a conta não fecha”, diz. 

Dessa maneira, a jovem começou a fazer cursos e buscou aprender mais sobre empreendedorismo. “Conheci novas pessoas, aumentei minha rede de apoio, de conhecimento e me renovei mesmo”, afirma. Caroline conta que estudou sobre startups, sistemas de entrega de produtos e marketing digital. Com isso, ela adaptou a produção para atender melhor os clientes. “No momento estou com um projeto encaminhado de industrialização de cogumelos para não depender mais tanto do produto in natura, que acaba sendo uma corrida contra o tempo pra não perder a qualidade”, comenta. 

Ela destaca que, com as mudanças, teve a oportunidade de aprender muito e acredita que essas transformações ajudaram o negócio a crescer. "Eu acredito que os resultados de todo esforço e aprendizado serão gloriosos quando tudo isso acabar”, finaliza. 

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Araxá disponibiliza novo termo de responsabilidade para atividades comerciais

 


A Prefeitura de Araxá já disponibiliza no site oficial o Termo de Responsabilidade Sanitária para atividades comerciais - https://www.araxa.mg.gov.br / Serviços On-line /Termo de Responsabilidade Sanitária (Covid-19).

O documento orienta e exige a implantação das medidas obrigatórias de enfrentamento à Covid-19 nos estabelecimentos indicados por meio do Decreto Municipal nº 314, de 28 de maio de 2021, bem como outras que vierem a substituí-las. O empresário que assinar o termo será responsável pelo cumprimento das medidas em sua empresa.

Durante o cadastro do termo, também é disponibilizado para impressão o Informativo de Limitação Máxima de Pessoas, que deve ser de uma pessoa a cada 4m² em ambiente aberto, e uma pessoa a cada 10m² em ambiente fechado.

Dentre as medidas, estão disponibilizar funcionários para realizar sistematicamente desinfecção, higiene e limpeza do local; manter ambientes arejados, bem como divulgar mensagens que promova orientações básicas quanto aos cuidados e higiene para a redução de transmissibilidade da Covid-19; afixar na entrada do estabelecimento e, em local visível, o Termo de Responsabilidade e Informativo de Limitação Máxima de Pessoas; controlar eventuais filas e a quantidade máxima de pessoas no interior do estabelecimento; dentre outras.

Para fins de fiscalização, o funcionamento dos estabelecimentos mencionados nas legislações e/ou decretos, serão verificados conforme a atividade principal (CNAE principal) registrada para cada estabelecimento em seu alvará. Não haverá exceções para que se considerem atividades secundárias.

O Termo de Responsabilidade Sanitária pode ser acessado direto pelo link (https://araxa.municipiovirtual.com.br/termo/cadastro).

 

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5 DE JUNHO: DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

 


Produção de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias contribui com a restauração de ecossistemas

O próximo sábado, 5 de junho, é Dia Mundial do Meio Ambiente. Com o tema Restauração de Ecossistemas, a data marca o lançamento da Década das Nações Unidas para Restauração de Ecossistemas. O objetivo é chamar atenção para a urgência de recuperar ecossistemas degradados e conservar os que ainda estão intactos. O Brasil enfrenta problemas graves em relação ao meio ambiente, mas também abriga iniciativas pioneiras na restauração e conservação de ecossistemas - muitas delas lideradas por povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares. O projeto ArticulaFito - Cadeias de Valor em Plantas Medicinais mapeou essas iniciativas: são 26 cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias, que além de gerar emprego e renda em seus territórios contribuem com a preservação da biodiversidade, a valorização das culturas tradicionais, a equidade de gênero e a promoção da saúde. O projeto é fruto de iniciativa conjunta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“O ArticulaFito é o maior diagnóstico já realizado no Brasil sobre o potencial produtivo de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias. São chás, colírios, repelentes, hidratantes, azeites para uso na gastronomia e outros produtos da sociobiodiversidade com potencial para mercados diferenciados. São modelos produtivos protagonizados por agricultores familiares, povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais que movimentam uma economia que não é apenas monetária, mas também social, ambiental, cultural e participativa, constituindo o que chamamos de cadeia de valor”, afirma a coordenadora técnica e executiva do ArticulaFito, Joseane Carvalho Costa, que é pesquisadora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).


Andiroba, castanha do Pará e babaçu

A defesa incansável da Floresta Amazônica é marca registrada das cadeias de valor do óleo de andiroba, da castanha do Pará e do azeite extravirgem e farinha de babaçu, que têm povos indígenas e comunidades tradicionais em sua base produtiva. A extrativista Cledeneuza Maria, do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), denuncia a degradação da Amazônia e enfatiza a urgência de políticas públicas para preservar e restaurar a região que abriga a maior biodiversidade do planeta. “Nós, as quebradeiras de coco babaçu, nos organizamos em cooperativa para fazer um produto bom e vender. Mas agora nos sentimos ameaçadas. Quem se diz dono da terra, os fazendeiros, quer ver a gente longe. Eles querem transformar tudo em pasto! Nós sentimos a morte de cada palmeira e não temos mais a quem denunciar. Mas não vamos desistir nunca de defender a nossa floresta!”, afirma.

Produzida pelo povo Gavião Akrãtikatêjêda na Terra Indígena Mãe Maria-Pará (PA), na Amazônia, a castanha do Pará mapeada pelo ArticulaFito chega hoje a, pelo menos, 18 supermercados nos Estados Unidos. “O povo Gavião trabalha com os castanhais há muito tempo. A atividade faz parte da nossa história, da nossa cultura, da nossa saúde. Hoje buscamos gestão financeira, criamos uma cooperativa e continuamos trabalhando de acordo com nossa tradição e nossos valores, em prol da comunidade e da floresta. O replantio sempre foi uma preocupação e hoje temos o compromisso de passar essa consciência para a gerações mais jovens”, conta Penpkoti Akrãtikatêjêda, filho da cacica Kátia Silene, primeira mulher a ocupar o posto de chefia da aldeia.

A ativista ambiental Claudelice dos Santos, do Grupo de Trabalhadoras Artesanais e Extrativistas (GTAE), que integra a cadeia de valor do óleo de andiroba, explica que é possível gerar emprego e renda nos territórios sem abrir mão do cuidado com a natureza, a restauração de ecossistemas e a preservação da biodiversidade. “O trabalho com a andiroba traz autonomia e independência financeira para as mulheres extrativistas. Almejamos vender nossos produtos, sim, mas jamais abriremos mãos de nosso solo, de nossa floresta. A parceria com o ArticulaFito tem sido fundamental para conseguirmos enxergar problemas, soluções e pensarmos os caminhos para alcançar o futuro que desejamos”, pontua Claudelice.

A relação das cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU foram tema do seminário on-line “Cadeias de Valor em Plantas Medicinais e a Agenda 2030: contribuições da sociobiodiversidade para reflexão sobre novos modelos de produção para a preservação da vida e da saúde no planeta'', realizado na semana passada. Durante o evento, representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais compartilharam suas vivências e sabedorias, apontando para novos - e necessários - modelos de produção e consumo de fitoterápicos, cosméticos e alimentos. Ainda é possível assistir ao seminário, na íntegra, em www.youtube.com/articulafito.