Sempre que somos surpreendidos por algo inesperado tendemos à paralisia, ao medo. O que nos resta é reagir em busca de soluções adequadas, consistentes para o problema. É o caso da peleja com o ensino a distância na tentativa de suprir a suspensão das atividades presenciais do ensino nos ambientes de uma escola.
Tenho conversado com alguns poucos professores de cursos de graduação e pós-graduação sobre dificuldades e restrições que estão enfrentando na modalidade online do ensino a distância. As referências são tanto para as aulas síncronas, que acontecem ao vivo com a possibilidade de interação entre professor e aluno, quanto para as aulas assíncronas, já gravadas e que podem ser assistidas a qualquer momento.
Como o país tem muita dificuldade para trabalhar com o planejamento estratégico em curto, médio e longo prazo tenho lembrado a todos que o Ministério da Educação propôs o Ensino a Distância – EAD em 1996, com parâmetros definidos pela Lei Federal nº 9.394/96 . Efetivamente tudo começou a ganhar ritmo em 1999, notadamente no ensino superior, em cursos de maior carga teórica.
Meu ponto aqui se refere às aulas síncronas para evidenciar algumas afirmações quase que unânimes e outras bem específicas que também despertam nossa atenção. Todavia deixo claro que minha amostra é pequena e, por isso mesmo, não posso generalizar conclusões, mas apenas registrá-las. Todos notam a falta que faz a interação face a face permitida pela aula presencial. Agora é mais difícil reorientar uma aula, já que muitos alunos não ligam suas câmeras. Todos também se lembram da concorrência permanente dos dispositivos tecnológicos, sempre ao alcance dos participantes, o que só aumenta a dispersão. Portanto faltam foco e autodisciplina.
A preparação das aulas ao longo desse tempo todo da pandemia também é objeto de muita reclamação. Todos dizem que estão trabalhando muito e não são remunerados devidamente para esse trabalho adicional. É diferente o esforço para dar uma aula presencial com duração de 2 horas e outra com o mesmo tempo no digital. Outros reclamam que estão investindo do próprio bolso para ter tecnologia e espaço físico adequados a um nível de qualidade aceitável. Lembram que, não raro, a conexão cai e é aquela agonia até que tudo se restabeleça. Um professor falou de alunos que deixam o dispositivo tecnológico ligado na aula, mas com a câmera desligada, e vão fazer outras coisas. O padrão de sua escola exige que o professor seja o último a sair do ar, mas às vezes ele se vê obrigado a encerrar as atividades mesmo sem a retomada dos distraídos dubladores de presença. Outro professor disse que, em sua escola, é preciso chamar um aluno pelo nome aleatoriamente a cada 10 minutos fazendo perguntas para assim confirmar sua presença e movimentar a aula.
Para finalizar, registro a fala de um professor que descobriu que precisava ser ator diante das câmeras e ensaiar mais suas apresentações, pois de vez em quando perde o “fio da meada” em seu palco vazio, sem plateia.
Aguardemos as aulas presenciais quando for o momento.
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