Um estudo sobre os hábitos e mudanças no sono dos adolescentes durante a pandemia de Covid-19
pode ajudar a entender os impactos na saúde física e emocional dos
jovens durante período de isolamento social decorrente da pandemia de
Covid-19.
Adolescentes
têm maior necessidade de sono em comparação à idade adulta, além da
ocorrência de um atraso natural do horário de início do sono. Durante a
pandemia, os adolescentes puderam flexibilizar a programação de aulas e
adaptar a grade às preferências de sono. Além disso, em algumas
instituições as aulas online
começam mais tarde do que as aulas presenciais habituais, além de não
haver o tempo gasto no deslocamento para a escola. Tudo isso poderia ter
um impacto benéfico na aprendizagem. No entanto, a pressão do
confinamento, o medo do contágio e a ausência de contato presencial com
amigos e parentes impactaram significativamente os adolescentes.
Preocupações como essas, somadas às mudanças no sistema das aulas e à maior exposição às telas de smartphones e notebooks
acabaram por motivar uma mudança nos horários de sono sem, com isso,
melhorar a qualidade dele. “Nossa hipótese era de que a pandemia de
Covid-19 tivesse induzido um turno noturno do ritmo diário entre os
adolescentes e que isso afetou negativamente a qualidade do sono – e de
vida – de estudantes do ensino médio, o que se mostrou verdadeiro. A
duração e a qualidade do sono melhoraram apenas entre os alunos que já
tinham menor duração do sono antes da pandemia”, ressalta Pedro Genta,
pneumologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e um dos autores da pesquisa.
Os
94 alunos participantes do estudo foram questionados sobre horários
habituais de dormir e acordar e responderam a questionários como o
Pittsburg Sleep Quality Questionnaire (PSQI),
à Escala de Sonolência de Epworth (ESS), ao Morning-Eveningness
Questionnaire (MEQ) e ao World Health Organization Quality of Life
Questionnarie (WHOQOL) antes e durante a pandemia. Após a comparação das
duas fases do estudo, foi revelado que os alunos atrasaram em 1,5 hora
os horários de dormir e em até 2 horas para acordar, em média. Houve
também a alteração do cronotipo, ou seja, a predisposição natural de
cada pessoa de sentir energia ou cansaço de acordo com o período do dia,
que migrou para o anoitecer durante a pandemia.
A
piora dos domínios físico e psicológico do WHOQOL e a melhora do
domínio ambiental evidenciam as experiências conflitantes que os alunos
do ensino médio estão enfrentando durante a pandemia, o que é
preocupante, mas compreensível. “Durante o sono o sistema nervoso
prepara o cérebro e o corpo para o dia seguinte, consolidando o que foi
aprendido ao longo do dia. Esses dados poderão ajudar a entender melhor
os impactos físicos e psicológicos nos jovens e, com isso, buscar
soluções para ajudá-los a passar por esse momento”, conclui Genta.
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