Antes praticamente um delírio de ficção científica, os carros autônomos estão chegando mais próximo da realidade. Seus principais desafios hoje são a programação e capacidade dos equipamentos, a legislação e a estrutura viária. No entanto, isso não está impedindo diversas companhias e até montadoras de oferecer ao menos algum nível de automação em seus veículos.
Falando níveis, é importante saber que existem 6 graus de automação veicular. O nível “0” compreende os modelos sem nenhuma automação. A partir do nível “1”, aparecem sistemas autônomos de assistência, como alertas de colisão, enquanto o nível “2” já permite ao carro acelerar, brecar e esterçar sozinho, como é visto nos sistemas de controle de cruzeiro adaptativo e assistente de permanência em faixa.
A partir do nível “3” a tecnologia autônoma já permite que o carro se conduza sozinho, mas dependente da estrutura (como faixas e sinalização) e de que o motorista permaneça ao volante. A maioria dos carros modernos se encontra nesse grau hoje.
No nível “4”, o carro se guia sozinho, mas mantém a interface para que o motorista possa dirigir. No nível “5”, o carro é plenamente autônomo e não há pedais ou volante para controle manual.
A partir do momento em que a maioria dos carros já estiver em níveis de automação 4 ou 5, isso deve trazer grandes alterações à vida como a conhecemos, pois as inovações que serão trazidas por estes veículos trarão impactos não só em aspectos práticos, como a estrutura viária, mas também mudarão nossa relação com a mobilidade e o trabalho.
Menos gente terá carro
Há um termo em inglês para descrever esse fenômeno. É o “Maas”, Mobility as a Service, ou seja, mobilidade como serviço. Se o carro do futuro terá a capacidade de se guiar sozinho, você poderá alugá-lo por meio de aplicativos, e o veículo se locomoverá até sua posição. Após usá-lo, ele também seguirá de forma autônoma até o próximo usuário.
Assim, não haverá necessidade de preocupação com estacionamento, como acontece, por exemplo, com um carro alugado hoje. Além disso, o sistema poderá substituir o motorista em serviços de táxi e aplicativos de carona. Será mais comum as pessoas não terem carro próprio, em vez de arcar com o trabalho e os custos envolvidos na propriedade de um automóvel.
O trânsito poderá ser significativamente menor
Esta é uma alteração que será introduzida pelo carro autônomo à infraestrutura viária. Uma maneira de os veículos não dependerem somente dos próprios sistemas de condução é contar também com a comunicação entre os próprios carros e as vias. Dessa forma, sabe-se onde está cada veículo e seu trajeto.
A própria administração viária poderá calcular, ao vivo, quantos carros estão em trajeto, determinando medidas para melhorar o fluxo, como sinais verdes mais prolongados nas vias de maior demanda, por exemplo. A Universidade de Cambridge já realizou um estudo mostrando que uma frota de veículos autônomos intercomunicáveis pode reduzir o tráfego dos grandes centros em até 35%.
Eliminando o erro humano
Um levantamento realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) mostrou que, no Brasil, cerca de 90% de todos os acidentes de trânsito registrados são causados por falha humana. Tirando-se esse fator do cenário, uma das maiores promessas dos carros autônomos é a redução tanto dos acidentes quanto das mortes no trânsito.
Outro estudo, desta vez realizado no ano passado pelo Insurance Institute for Highway Safety (IIHS), nos EUA, analisou mais de 5.000 acidentes viários e concluiu que um terço deles poderia ter sido evitados com a utilização de tecnologias autônomas atuais. Por lá, isso representaria uma redução em 2 milhões no total de ocorrências.
Entrega sem entregador
Um dos maiores focos das empresas que desenvolvem tecnologias de condução autônoma vem sendo a utilização destes sistemas para o uso no setor logístico. Ou seja, os veículos de entrega não dependerão mais de um entregador humano. Hoje mesmo no Brasil, as divisões de veículos pesados da Mercedes-Benz e da Volvo já trabalham com caminhões autônomos em projetos-piloto auxiliando em colheitas de cana-de-açúcar. Além de veículos autônomos de entrega, ainda poderemos ver pequenos robôs sobre rodas realizando entregas de curtas distâncias e até mesmo drones poderiam realizar serviços por via aérea.
Onde o autônomo bate?
As promessas que o carro autônomo faz para a sociedade realmente parecem muito benéficas. Mas a tecnologia ainda tem alguns entraves. O principal deles é determinar de quem é a culpa em caso de acidente envolvendo tal tipo de veículo. Hoje, as montadoras se protegem exigindo que o motorista mantenha o controle mesmo com as tecnologias autônomas equipadas. Assim, a culpa permanece sendo de quem dirige.
Para o carro poder guiar de forma realmente autônoma, a legislação precisará determinar quem será o “culpado” em caso de acidente. Será a montadora do carro? O fornecedor dos sensores? A desenvolvedora do software? Ou, ainda, os governos serão responsabilizados em caso de falha por conta da estrutura? Essa é uma batata-quente que ninguém quer assumir atualmente.
Outro aspecto que torna a adoção de veículos autônomos mais distantes da realidade é que as cidades precisarão investir grandes cifras nas estruturas de suas vias para dar suporte aos veículos conectados.
Por último, e talvez o mais preocupante, com carros autônomos realizando serviços de entregas e transporte, será necessário desenhar uma política de empregos para a massa de trabalhadores que serão substituídos pelos robôs.
Fonte:CNN Brasil
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