quarta-feira, 10 de março de 2021

VÍDEO: Roda Viva - Chico Buarque e Mpb4 (1967) - Para se refletir em tempos difíceis:


RODA VIVA - MÚSICA DE CHICO BUARQUE - FONTE YOUTUBE

CBMM INFORMA:

 

LINK:  https://www.youtube.com/watch?v=QpED1KJ5NW

UNIARAXÁ INFORMA:

 

LINK UNIARAXÁ : https://site.uniaraxa.edu.br/


Desaer anuncia fábrica de aviões em Araxá

 


DESAER Desenvolvimento Aeronáutico, atual “vizinha” da Embraer em São José dos Campos (SP) vai mudar de casa em breve. A empresa confirmou que está montando uma nova instalação em Araxá. Sua sede inserida no aeroporto Aeroporto Romeu Zema, vai concentrar as atividades da parte administrativa e de engenharia da família de aeronaves ATL da DESAER. A mudança das equipes para a nova base será realizada ainda no primeiro semestre deste ano e as obras para erguer a fábrica começam na segunda metade de 2021. De acordo com a fabricante, a cadência de produção inicial da unidade em Araxá será de quatro aeronaves por mês e a planta deve gerar cerca de 1.250 empregos diretos e indiretos da região. O primeiro produto da DESAER é o ATL-100, um bimotor turboélice utilitário com aplicações civil em militar. “Estamos orgulhosos em construir nossa Unidade Araxá da DESAER que vem agregar força à indústria aeronáutica brasileira, realizando investimentos, desenvolvimento tecnológico e inovação, gerando novos empregos e, desta forma, contribuindo para o desenvolvimento do Estado de Minas Gerais”, afirmou Evandro Fileno, Diretor-Presidente da DESAER. O empreendimento da fábrica terá 96.570 m2 de área construída, representando um investimento inicial de US$ 80 milhões e que pode alcançar o patamar de US$ 120 milhões em 2023. A mudança da DESAER para Araxá é viabilizada pela Prefeitura de Araxá com apoio do Governo de Minas Gerais, através da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMGE) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Araxá, Juliano Cesar da Silva, viabilizar a entrada da DESAER na cidade favorece não apenas a economia local, como também o desenvolvimento tecnológico. “Agradecemos a escolha da cidade para receber tamanho investimento. É um marco para o município ter um grande investidor, sobretudo, na área de inovação, que é uma das apostas da atual administração como forma de atrair novas empresas e estimular a qualificação da mão de obra local.”

Projeto luso-brasileiro



Em desenvolvimento desde 2018, o ATL-100 é um turboélice utilitário (ou “commuter”, em inglês) de pequeno porte e não pressurizado com capacidade para 19 passageiros ou 2.500 kg de carga. O avião ainda é projetado com uma rampa traseira e trem de pouso fixo reforçado, ideal para operações em pistas curtas e não pavimentadas. O modelo é projetado para voar a velocidade máxima de 430 km/h, com média de cruzeiro de 380 km/h, e terá uma autonomia em torno de 1.600 km, ou cerca de 570 km totalmente carregado.

O projeto da empresa brasileira é uma rara novidade numa categoria que não recebe um produto inédito há muitos anos. Alguns dos principais competidores desse nicho, embora alguns já tenham saído de linha, são o DHC-6 Twin Otter, Dornier D228 e até o Embraer Bandeirante.

De acordo com a DESAER, o primeiro voo de teste com o ATL-100 deve acontecer em meados de 2023 e o início das entregas é previsto para 2026. O preço unitário do avião é estimado em cerca de US$ 5,5 milhões.

No ano passado, a DESAER formou uma joint venture com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA) de Portugal para desenvolver e fabricar o ATL-100. O CEiiA é o principal centro tecnológico português, com projetos nas áreas de mobilidade, incluindo a participação no programa KC-390 da Embraer.

 

 

 

 


Coluna do Prof. Luciano Marcos Curi:

 

O que é Educação Profissional?



 

“O passado é uma lição para se meditar,

não para se reproduzir.”

 

Mário de Andrade

 

                Examinada apressadamente a expressão Educação Profissional pode induzir ao engano. Educar para quê? Se olharmos o dicionário a palavra Profissional refere-se a profissões. Profissional também pode ser o oposto de amador, ou seja, aquele que exerce seu trabalho com conhecimento, competência, zelo e ética. Enfim, estamos falando de Trabalho.

            Na Sociologia do Trabalho e das Profissões, por exemplo, diferencia-se basicamente, não sem divergências entre os autores, três tipos de Trabalho que são; ocupação, ofício e profissão. Tais categorias são geralmente apresentadas de forma hierarquizada com as profissões no topo, seguida dos ofícios e depois as ocupações. Essa divisão tem origens históricas e reproduz distinções e preconceitos existentes há séculos na sociedade.

Portanto, para compreender-se com mais propriedade o que é Educação Profissional é preciso deixar de lado apenas o significado das palavras e avançar rumo a contextualização mais ampla, para evitar a repetição de conceitos e a reedição de práticas indesejáveis de maneira acrítica. Assim é possível perceber que Educação Profissional refere-se à Educação para o Trabalho e este é uma realidade presente na sociedade de modo geral, a chamada centralidade do Trabalho. Importante lembrar que as primeiras formas de Trabalho surgiram na Pré-história e são anteriores inclusive as primeiras formas de acumulação de capital. Sem o Trabalho a sociedade que hoje conhecemos não existiria, não seria possível. Nós dependemos do Trabalho uns dos outros.

Portanto, o Trabalho é uma dimensão da realidade social que se encontra generalizada e que se convencionou chamar de Mundo do Trabalho, local onde estão todos os que trabalham, mais ou menos prestigiados e valorizados, e independente de sua caracterização. Enfim, o Mundo do Trabalho não se restringe apenas ao universo das profissões como Medicina, Direito, Teologia que exigem formação universitária. Essas possuem mais prestígio e tendem a dominar o debate, mas não são a totalidade.

            Assim, novamente alguns poderiam contestar. Quando penso Educação Profissional penso no Ensino Técnico não na Universidade. Tal ressalva faz sentido porque esse nome foi utilizado no passado brasileiro para referir-se as Escolas Técnicas e suas derivações históricas e institucionais. Alguns países até hoje utilizam Formação Profissional para referir-se ao universo das Escolas Técnicas, seus estudantes e cursos. A própria legislação brasileira atual ainda carrega parte deste ranço.

            No entanto, aqui uma advertência é necessária. Utilizar a expressão Educação Profissional para referir-se apenas a uma parte da formação para o Trabalho é uma prática que tem sua história, mas guarda seus preconceitos e imprecisões.

            Imprecisões porque atualmente a Educação Profissional é mais diversificada, possui cursos de curta duração, de Qualificação, Técnicos, Tecnólogos entre outros. Quanto ao preconceito refere-se a divisão da escolarização para Trabalho cujas origens remontam a Idade Média, época das Universidades e Corporações de Ofícios. As primeiras formavam as profissionais e as corporações os mestres e oficiais, aqueles que tinham um ofício. A ideia de ocupação foi acrescentada mais tarde como o Trabalho semiqualificado ou “desqualificado”, sem ofício, pessoas que tinham apenas uma ocupação para ganhar a vida.

            Assim, percebe-se que a escolarização acaba reproduzindo as divisões existentes na sociedade. Se deveria ser assim é outra coisa. Se devemos referendar e promover tal legado do passado é outra história. Acredito que não. O mais indicado e coerente é entendermos e praticarmos a Educação Profissional como um todo. Formação para todo o Mundo do Trabalho e não apenas para parte dele. Certamente uma ampliação saudável e benfazeja. Uma Educação Profissional no sentido amplo e não restrito.

            Dito isto um outro esclarecimento ainda muito pertinente se faz necessário. Alguns aqui poderiam contestar argumentando que as Corporações de Ofícios não eram escolas. Elas eram uma instituição social híbrida que conjugava num só espaço físico a produção de mercadorias e a formação de novos aprendizes, o chamado Artesanato. Ou seja, o mestre das Corporações era responsável pela Oficina e tinha que cuidar de produzir e ensinar, mas a aprendizagem ocorria diretamente no Trabalho. Isso é verdadeiro. A formação para o Mundo do Trabalho nunca foi inteiramente escolar, nem no Brasil, nem pelo mundo, nem na atualidade. Até hoje vários estudiosos colocam como Educação Profissional modalidades de formação que ocorrem em empresas e sindicados, universidades corporativas entre outros.

            Assim, este artigo deveria ter outro nome? Deveria intitular-se? O que é Escolarização Profissional ou Escolarização para o Trabalho? A resposta é complexa e novamente tem razões históricas. As Universidades no Ocidente surgiram a partir do século XI e foram espaços de elite para formação inicialmente de Teólogos, Médicos e Advogados, as chamadas Artes Liberais que era o Trabalho intelectual. As Corporações de Ofícios surgiram tudo indica na mesma época e foram espaços populares para a formação de artesãos marcenaria, carpintaria, vidraceiros, ourives entre outros, as chamadas de Artes Mecânicas que era o Trabalho manual. Mais tarde a partir do século XVII as Corporações começaram a serem substituídas pelas primeiras Escolas Técnicas. Mais os dois ramos escolares, Universidades e Escolas Técnicas, caminharam separados durante séculos. Instituições escolares diferentes para classes e tipos de Trabalho diferentes. Era o chamado Dualismo Educacional.

Assim, a escolarização para o Trabalho surgiu dividida e apenas no século XX as duas conheceram convergências, mesmo assim alvo de resistências, dificuldades e protestos. A intenção de que a expressão Educação Profissional contemple toda a escolarização para o Trabalho ainda tem dificuldades de ser compreendida. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, por exemplo, é um exemplo desta situação. Ela divide a Educação Brasileira em duas grandes etapas: Educação Básica e Educação Superior. O primeira é a escolarização que todos os cidadãos devem ter acesso; Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A segunda já é formação para o Trabalho, no caso, de profissionais de Educação Superior. Já os Cursos Técnicos que também são formação para o Trabalho ficam dentro da Educação Básica ou então são apresentados como uma modalidade que se articula com outras modalidades escolares. É confuso sem contar que o nome “Superior”, que remonta a época dos Jesuítas, humilha e inferioriza o restante da escolarização que seria então; “Inferior”. O mais adequado seria: Educação Básica e Educação Profissional.

Entendo que a escolarização para o Trabalho deveria ser unificada sobre um único nome, Educação Profissional, e não deveríamos reproduzir no interior da escolarização preconceitos advindos da sociedade. Quais preconceitos? Discriminação com o Trabalho manual em prol do Trabalho intelectual.  Deveríamos entender a Educação Profissional no sentido amplo e não restrito. Na prática essa mudança já começou. Tanto no Brasil quanto no estrangeiro nós já temos instituições escolares, como os Institutos Federais e os Cefets, que ofertam o catálogo completo de formação para o Trabalho: cursos Técnicos, Tecnólogos, Superiores, Pós-Graduação, Mestrados e Doutorados além de curso de Qualificação e outros semelhantes de menor duração.

Mas alguns poderiam perguntar: qual a necessidade disso?  A resposta agora advém da sociedade e do Mundo do Trabalho. Todas as formas de Trabalho que são úteis e desejáveis a sociedade merecem nossa consideração e respeito. Se o Trabalho manual fosse desnecessário ele já teria desaparecido. A formação de técnicos é tão importante quanto a de universitários. A história humana registra inúmeras profissões, ofícios e ocupações que desapareceram e outras novas que surgiram e o Trabalho continua como categoria central. A escolarização não deveria referendar e ampliar comportamentos sociais fundados em preconceitos antigos, raramente notados e criticados. Coerência condiz com a ética. Educação Profissional no sentido amplo.

Todas as instituições de Educação Profissional, no sentido amplo do termo, deveriam atentar-se para o Mundo do Trabalho e não apenas para o Mercado de Trabalho como querem alguns. As duas expressões não significam a mesma coisa. O Mundo do Trabalho é mais amplo e inclui todas as formas de Trabalho úteis a sociedade mesmo que não sejam remunerados ou socialmente valorizados.

Educação Profissional: ampla ou restrita? Eis a questão. Resposta: ampla.  Precisamos retirar da linguagem mofos do passado rumo Educação Profissional Nova. Educação Profissional com “Vistas longas” e não “Vistas curtas” sob pena de servir apenas ao Mercado de Trabalho e ignorar a humanidade dos estudantes. Educar para o Trabalho não pode limitar-se nem excluir a preparação para o Mercado de Trabalho. Afinal toda a Educação digna desse nome deve também desenvolver outras dimensões das pessoas que são cidadãos, futuros pais, mães e terão outros papéis ao longo da vida. Nunca esquecer que educar é um ato humano cujo destinatário são outros seres humanos. 

 

Prof. Dr. Luciano Marcos Curi - IFTM – Câmpus Uberaba – Contato: lucianocuri@iftm.edu.br

 


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