Dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que
cerca de 47% dos brasileiros são sedentários, levando o Brasil ao número
um entre os países da América Latina, além
de ocupar a quinta posição no ranking mundial. Entre a população 60+, o
número é ainda mais alarmante. Segundo pesquisa Diagnóstico Nacional
do Esporte, a taxa de sedentarismo entre idosos acomete 64,4% da
população. Antes da pandemia, esse público já era carente de atividades
físicas, especialmente as gratuitas; com o isolamento
social e a limitação do ir e vir, a movimentação física dos idosos
ficou ainda mais limitada.
Uma
alternativa para os brasileiros nesta faixa etária é o projeto Viver
Melhor, quem atua desde 2012 na grande São Paulo e desde 2019 em Mogi
Mirim e, em março de 2020, ampliou o programa para
adultos e idosos de todo o Brasil com aulas online e 100% gratuitas,
permitindo que todos tenham acesso à atividade física apropriada para o
público se exercitar de forma segura e correta em casa. “Adequamos
nossos atendimentos presenciais para aulas virtuais.
Antes
da pandemia, muitos dos atendidos pelo projeto já tinham no Instituto
Família Barrichello o único ponto de acolhimento, e sabíamos que a
referência de confiança para eles eram os nossos
professores. Agora, duas vezes por semana, alunos de Norte a Sul do
país podem treinar com nossa equipe”.
Permitido a
pessoas a partir dos 18 anos, mas com enfoque na população
idosa, o Viver Melhor aplica o Método Águia, que aplica exercícios
físicos e cognitivos para promover o envelhecimento saudável e mais
independente. “Fornecemos duas aulas por semana que
incluem exercícios neuromotores para o estímulo do cérebro, exercícios
de força, cardiorrespiratórios e de alongamento. Exercitando sistemas
orgânicos de forma específica, periodizada e sistemática, obtemos
melhores resultados”, explica Cristiane Peixoto,
coordenadora técnica do projeto no Instituto Família Barrichello.
O
envelhecimento costuma trazer, ao longo dos anos, a redução da
mobilidade e a fragilidade do corpo, especialmente a dos ossos, pois há
uma perda de musculatura especialmente após os 40 anos
de idade, “Enxergamos a prática da atividade física essencial para a
qualidade de vida e a longevidade. Por isso, centramos um dos nossos
trabalhos no Instituto para o atendimento aos idosos, dando a eles a
oportunidade de se exercitarem com o cuidado e frequência
adequada”, comenta Dayane Alves gerente do projeto e especialista em
envelhecimento.
Como o projeto atua na vida dos idosos
Acostumada
às aulas presenciais, Nilza da Silva de 66 anos ficou preocupada quando
percebeu que não poderia mais sair de casa para se exercitar e
encontrar os colegas do grupo do Viver Melhor.
“Me senti amedrontada. Temia pegar o vírus, mas também me preocupava
deixar de participar das minhas aulas no projeto que me fazem tão bem,
porque deixaria de ter o contato com meus colegas e me exercitar”.
A
prática frequente de atividade física auxilia no controle direto dos
níveis de triglicérides, o colesterol ruim, ajuda no controle do peso
corporal e regula a pressão arterial. “Os benefícios
são inúmeros, há uma dilatação dos vasos sanguíneos durante a prática
dos exercícios, o que melhora a circulação sanguínea e aumenta a
irrigação para os músculos, órgãos e com isso o corpo inteiro se
beneficia. Além disso, a prática libera a endorfina, hormônio
responsável pela sensação de prazer, diminuindo os níveis de estresse e
depressão”, alerta Dayane Alves.
“Quando
o telefone da minha casa tocou e o pessoal do Instituto avisou que as
aulas voltariam, fiquei feliz. Só precisei da ajuda dos meus filhos e
netos para conseguir me conectar e acompanhar
as aulas. Não perco uma”, conta a aposentado Nilza, que faz parte do
grupo virtual com mais alunos e se mantém ativa semanalmente, o que
segundo os médicos, foi essencial para a recuperação dela após intubação
pela Covid-19. “Fiquei quase duas semanas internada,
tive sequelas e logo voltei ao normal, porque praticava atividade
física e tinha uma vida longe do sedentarismo. Foi o que me salvou”.
Praticante
assídua seis meses antes da pandemia ser decretada, Cenira Coradi, 54
anos, ficou preocupada quando soube que teria que deixar as aulas para
cumprir o distanciamento social exigido
para evitar a propagação do coronavírus. “A primeira coisa que piorou
foi a minha lombar, logo depois a dor foi tomando conta de toda a coluna
e dos meus joelhos”, comenta. Cenira sofre de osteopenia, ou seja,
doença que acomete os ossos deixando-os mais fracos
e porosos. A prática regular de atividade física e exercícios que
promovem a construção da musculatura, auxiliam no tratamento diminuído a
dor e prevenindo lesões como fraturas.
“Desde
que o Viver Melhor começou a dar aulas online, fui retomando as
atividades e minhas dores foram diminuindo novamente”, revela Cenira. O
projeto Viver Melhor trabalha com níveis e pode ser
praticado por todas as pessoas que não têm restrição médica à prática
de atividades físicas. A evolução dos alunos é acompanhada de perto
pelos profissionais.
Para se
inscrever no programa, é preciso entrar em contato por telefone ou pelo
site do Instituto Família Barrichello e preencher todos os dados.
Viver Melhor
O
Projeto Viver Melhor começou em 2012 e já atendeu mais de 4 mil idosos a
partir dos 60 anos, atualmente em 14 núcleos em São Paulo, de forma
virtual. A iniciativa, mantida por meio de leis de
incentivo, leva saúde e qualidade de vida para pessoas em situação de
vulnerabilidade social, em bairros onde há carência de atendimento ao
idoso. As aulas duram cerca de 1 hora e são oferecidas duas vezes por
semana em locais cedidos por instituições sociais,
igrejas, shoppings e Unidade Básica de Saúde, além de aulas online.
Divididas em quatro partes e conduzidas por dois professores de educação
física, as aulas, trabalham o desenvolvimento integral da pessoa: força
muscular, equilíbrio, flexibilidade, agilidade,
memória e alívio do estresse. Condições importantes para a
independência física e uma velhice saudável.
Sobre o Instituto Barrichello
O
Instituto Família Barrichello, criado pelo piloto Rubens Barrichello,
nasceu em 2005 como entidade sem fins lucrativos,
para combater à desigualdade e a exclusão social. Desenvolve projetos
inovadores capazes de provocar impacto social e mudanças de
comportamento bem como gerar novas possibilidades sociais, contribuindo
para abrir horizontes de crianças, adolescentes, jovens
e idosos. A direção está focada na promoção da ética, da cidadania e do
fortalecimento dos vínculos e valores familiares e comunitários.
Atuando em rede com organizações sociais, movimentos e escolas públicas
localizadas em bairros com registro de alta vulnerabilidade
social e econômica, o Instituto Barrichello temos o Esporte, a
Atividade Física e o Brincar como ferramenta de transformação que
promove educação, desenvolvimento humano e gera qualidade de vida. Em
2020, beneficiamos mais de 3 mil pessoas semanalmente em
11 projetos, alcançando 55 territórios em 48 municípios diferentes.
Mais de 17 mil pessoas de todas as idades já foram atendidas pelos
projetos do Instituto Família Barrichello nesses 15 anos de atuação.