O governador de Minas Gerais,
Romeu Zema (Novo), disse aos demais chefes de Executivos estaduais, acreditar
em debates diretos em vez de cartas para "rebater" representantes de
outros Poderes. Líderes de 25 dos 27 estados se reuniram nesta segunda-feira (23/8).
Alguns estiveram presencialmente no encontro, ocorrido em Brasília (DF); outros
participaram virtualmente.
"Temos
muitos problemas para resolver em Minas e no Brasil. Os políticos precisam
focar no que é mais importante, como o combate à pandemia, a aplicação de mais
vacinas e a geração de empregos", afirmou Zema.
Os governadores debateram a conjuntura nacional
e resolveram buscar formas de ampliar diálogos com a União e o Supremo Tribunal
Federal (STF). O Fórum Nacional que reúne os chefes dos Executivos
regionais vai pedir reunião com o presidente Jair Bolsonaro
(sem partido), chefes de outros Poderes e os comandantes das Forças Armadas.
A conferência ocorreu três dias após Bolsonaro
(sem partido) enviar ao Senado Federal pedido de impeachment de Alexandre de Moraes,
componente da Suprema Corte.
A pauta do encontro desta segunta foi dividida
em três eixos: 1) Conjuntura Atual e Defesa da Democracia; 2) Riscos ao Pacto
Federativo: Desequilíbrios Fiscais para Estados e Municípios, e Caminhos
Alternativos de Receita em Discussão no Congresso Nacional e no Supremo
Tribunal Federal; 3) Governança Climática.
O coordenador do Fórum e
governador do Piauí, Wellington Dias (PT), defendeu a criação de um "Pacto
pela Democracia". "O Brasil precisa criar um ambiente de diálogo onde
possamos ter todas as condições de segurança, principalmente para atração de
investimentos e nada melhor do que o diálogo respeitando as posições, a
democracia depende disso", ressaltou.
A ideia, segundo Dias, é utilizar os mesmos moldes do
"Pacto pela Vida", proposto pelos gestores durante a pandemia.
"Paralelo a isso, também a apresentação de medidas que possam garantir as
condições de saída segura para esta crise. De um lado, dar uma condição de
serenidade na política e do outro lado a gente colocar na prioridade esse Pacto
pela Vida, mas com a preocupação do social e o econômico".
Para a defesa da democracia, os gestores discordaram sobre as
primeiras atitudes a serem tomadas. Alguns defenderam carta ou nota pública
rebatendo ações e cobrando mudanças do chefe do Palácio do Planalto, enquanto
outros sugeriram a reunião com Bolsonaro.
O chefe do Executivo de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrou
dos governadores uma reação conjunta às ameaças contra a democracia feitas pelo
chefe do executivo federal.
"Entendo que é dever dos
governadores formularem uma carta em defesa da democracia e da vida. Não nos
cabe silenciar", sustentou.
Zema tem histórico de não assinar cartas
Na semana passada, Romeu Zema não subscreveu ofício elaborado
por quatorze governadores e direcionado ao STF. O manifesto exaltava o papel da
corte e não cita nominalmente Bolsonaro, que além dos ataques a Moraes, tem
feito diversas declarações contra Luis Roberto Barroso, que também ocupa a
presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
À "TV Band Minas", o governador justificou a
decisão pelo fato de não estar interessado no que chamou de "intrigas palacianas". A ausência da assinatura gerou reações: o
presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), chegou a falar em "omissão".
Em março, Zema também não havia assinado carta que pedia, ao
governo federal, que a busca por vacinas contra o coronavírus fosse acelerada.
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