terça-feira, 24 de agosto de 2021

A governadores, Zema pede diálogo direto em vez de cartas a Poderes

 


O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse aos demais chefes de Executivos estaduais, acreditar em debates diretos em vez de cartas para "rebater" representantes de outros Poderes. Líderes de 25 dos 27 estados se reuniram nesta segunda-feira (23/8). Alguns estiveram presencialmente no encontro, ocorrido em Brasília (DF); outros participaram virtualmente.

"Temos muitos problemas para resolver em Minas e no Brasil. Os políticos precisam focar no que é mais importante, como o combate à pandemia, a aplicação de mais vacinas e a geração de empregos", afirmou Zema.

Os governadores debateram a conjuntura nacional e resolveram buscar formas de ampliar diálogos com a União e o Supremo Tribunal Federal (STF). O Fórum Nacional que reúne os chefes dos Executivos regionais vai pedir reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), chefes de outros Poderes e os comandantes das Forças Armadas.

A conferência ocorreu três dias após Bolsonaro (sem partido) enviar ao Senado Federal pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, componente da Suprema Corte.

A pauta do encontro desta segunta foi dividida em três eixos: 1) Conjuntura Atual e Defesa da Democracia; 2) Riscos ao Pacto Federativo: Desequilíbrios Fiscais para Estados e Municípios, e Caminhos Alternativos de Receita em Discussão no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal; 3) Governança Climática.


O coordenador do Fórum e governador do Piauí, Wellington Dias (PT), defendeu a criação de um "Pacto pela Democracia". "O Brasil precisa criar um ambiente de diálogo onde possamos ter todas as condições de segurança, principalmente para atração de investimentos e nada melhor do que o diálogo respeitando as posições, a democracia depende disso", ressaltou.

A ideia, segundo Dias, é utilizar os mesmos moldes do "Pacto pela Vida", proposto pelos gestores durante a pandemia. "Paralelo a isso, também a apresentação de medidas que possam garantir as condições de saída segura para esta crise. De um lado, dar uma condição de serenidade na política e do outro lado a gente colocar na prioridade esse Pacto pela Vida, mas com a preocupação do social e o econômico".

Para a defesa da democracia, os gestores discordaram sobre as primeiras atitudes a serem tomadas. Alguns defenderam carta ou nota pública rebatendo ações e cobrando mudanças do chefe do Palácio do Planalto, enquanto outros sugeriram a reunião com Bolsonaro.

O chefe do Executivo de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrou dos governadores uma reação conjunta às ameaças contra a democracia feitas pelo chefe do executivo federal.

"Entendo que é dever dos governadores formularem uma carta em defesa da democracia e da vida. Não nos cabe silenciar", sustentou.


Zema tem histórico de não assinar cartas


Na semana passada, Romeu Zema não subscreveu ofício elaborado por quatorze governadores e direcionado ao STF. O manifesto exaltava o papel da corte e não cita nominalmente Bolsonaro, que além dos ataques a Moraes, tem feito diversas declarações contra Luis Roberto Barroso, que também ocupa a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

À "TV Band Minas", o governador justificou a decisão pelo fato de não estar interessado no que chamou de "intrigas palacianas". A ausência da assinatura gerou reações: o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), chegou a falar em "omissão".

Em março, Zema também não havia assinado carta que pedia, ao governo federal, que a busca por vacinas contra o coronavírus fosse acelerada.


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