O
olho seco, cujo nome médico é ceratoconjuntivite seca, é uma doença que
afeta de 8 a 30% da população em geral, acima dos 40 anos. Contudo, a
prevalência em quem tem glaucoma pode chegar a quase 60%.
Estudos ao longo dos anos apontaram uma forte relação do olho
seco com o glaucoma. A razão é que os medicamentos usados para controlar
a pressão intraocular (PIO), principal fator de risco para o glaucoma,
podem afetar a saúde do filme lacrimal, resultando no olho seco.
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, trata-se de uma condição muito delicada.
“O uso de colírios para o tratamento do glaucoma é uma
estratégia importantíssima para o controle da pressão intraocular.
Entretanto, com o tempo, há efeitos adversos desses fármacos que causam
um desequilíbrio no filme lacrimal”.
“O motivo é que os colírios possuem conservantes e excipientes
que alteram as estruturas celulares. Com isso, surgem anormalidades no
filme lacrimal levando aos sintomas do olho seco”.
“Além disso, estudos já demonstraram que essas alterações
causam uma inflamação crônica na superfície ocular, bem como reduzem a
adesão do paciente à terapia. Por último, ambas as doenças diminuem a
qualidade de vida de forma significativa”, comenta Dra. Maria Beatriz.
Sinais e sintomas
Os principais sintomas do olho seco são dor, ardência,
irritação, coceira, vermelhidão e sensação de corpo estranho nos olhos.
Estudos mostraram que nos pacientes com glaucoma, o olho seco também
causa diminuição da acuidade visual.
Os pacientes relatam dificuldades para realizar atividades da
vida diária, como ler, dirigir, assistir televisão e usar os
dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores.
"Outra consequência do olho seco em conjunto com o glaucoma, é
que a redução das lágrimas resulta em concentrações mais altas dos
colírios na superfície ocular. Por fim, a aplicação desses medicamentos
pode ser mais desconfortável na presença dos sintomas de secura ocular",
comenta a médica.
Tratamento
A especialista ressalta que o principal objetivo do tratamento
do olho seco nos pacientes com glaucoma é minimizar a resposta
inflamatória, optando por medicamentos que poupem a superfície ocular,
com formulações sem conservantes.
“Outra estratégia importante é unir o tratamento das duas
condições logo no início do diagnóstico do glaucoma. É preciso
reconhecer e tratar, precocemente, os sintomas da ceratoconjuntivite
para reduzir os efeitos desses medicamentos na superfície ocular".
Atualmente, há evidências de que é possível optar por terapias
alternativas aos colírios. Hoje, os procedimentos minimamente invasivos,
como os stents intraoculares e a trabeculotomia a laser, podem ser
opções para controlar a pressão intraocular em alguns pacientes.
"Mas, essa estratégia depende de vários fatores, como o tipo de
glaucoma. Ou seja, o tratamento precisa ser individualizado”, reforça
Dra. Maria Beatriz.
Por último, quando não há indicação para procedimentos
cirúrgicos, alguns pacientes com olho seco podem se beneficiar da
terapia de luz intensa pulsada.
“Esse tratamento reduz a inflamação da superfície ocular, bem
como ajuda a desobstruir as glândulas que produzem as substâncias que
compõem o filme lacrimal. A grande vantagem da luz pulsada é a remissão
dos sintomas a longo prazo. Sem dúvidas, isso contribui para o
tratamento do glaucoma e melhora da qualidade de vida”, finaliza a
oftalmologista.
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