quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Coluna do Luis Borges:

 

Partidos políticos – ruim com eles, pior sem eles
 por Convidado  28 de dezembro de 2021  

Convidado

*por Malco Camargos

Um partido político é uma associação de pessoas que busca na vida política institucional disputar o poder para legislar e implementar políticas públicas.

Participar de um partido político significa acatar determinadas idéias, se submeter a um estatuto e a um programa de intenções que deveriam ser implementadas.

Participar de um partido significa, também, ter acesso a recursos financeiros e de comunicação que são fundamentais nas disputas eleitorais.

Mais do que votar e ser votado(a). A participação política através deste canal se dá também com a frequência em reuniões, convencer pessoas a optar por determinado candidato, contribuir financeiramente para campanhas, arrecadar fundos e expressar sua opinião.

Partidos são úteis para se chegar ao poder e também para dar estabilidade ao jogo político depois das eleições, por isso se pressupõe certa fidelidade, reconhecida inclusive pelo Supremo Tribunal Federal.

Uma de nossas lideranças atuais tem uma carreira política bem diferente dos demais. Eleito por um partido insignificante à época, o PSL, Jair Bolsonaro tem algumas características bem atípicas. Além da ausência da compostura no exercício do cargo, Bolsonaro não tem vínculos partidários. O Presidente passou a maior parte do seu mandato sem estar filiado a um partido e, em sua trajetória política, já foi filiado a oito legendas diferentes.

Bolsonaro agora se filia à nona legenda e vai disputar as eleições de 2022 pelo Partido Liberal – PL. O partido é coordenado pelo ex-deputado Waldemar da Costa Neto, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos e 10 meses de prisão em 2012 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Bolsonaro faz mais um acordo de curta duração, com interesses pouco republicanos e com uma enorme imprevisibilidade em relação ao seu comportamento futuro. Características estas que deveriam ser afastadas da política.

Porém, enquanto os partidos forem dirigidos como empresas, que buscam realizar operações superavitárias para seus participantes, o resultado será sempre este: baixa previsibilidade, baixa governabilidade, ausência de compromissos e lucro para alguns. Precisamos mudar essa história para que a boa política possa fazer valer a sua força.

*Malco Camargos é Doutor em Ciência Política, diretor do Instituto Ver Pesquisa e Estratégia e professor da PUC Minas. 

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