Herpes,
pressão alta e até sons muito intensos podem causar o distúrbio. Mesmo com tratamento, algumas pessoas permanecem com sequelas
auditivas
Uma das mais traumáticas causas de perda auditiva é a denominada "surdez súbita" ou "surdez repentina", que afeta uma em cada cinco mil pessoas todos os anos e que acontece quando há uma baixa repentina da audição, de grau variado. De acordo com artigo dos médicos Roberto Alcântara Maia e Samir Cahali, publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, a surdez súbita é quase sempre unilateral e, em 80% dos casos, vem acompanhada de zumbido e, em 30% dos casos, surge junto com tonturas.
As principais causas
da "surdez súbita" são alguns tipos de infecções virais ou
bacterianas, como sarampo, catapora, caxumba, rubéola, herpes,
meningite, entre outras, segundo a otorrinolaringologista Jeanne
Oiticica,
professora colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, que complementa: "Pessoas com comorbidades cardiovasculares,
como diabetes, pressão alta e colesterol alto, podem ter hemorragia no
ouvido, o que pode ocasionar, em alguns casos, perda permanente da
audição".
Além disso, a
exposição excessiva a sons intensos também pode causar a "surdez
súbita", como mostrou pesquisa realizada em parceria pelas Universidades
da Califórnia (EUA), New South Wales (Austrália) e de Auckland
(Nova Zelândia). O estudo concluiu que essa perda auditiva repentina
pode ser uma maneira do corpo se autoproteger de ruídos altos.
Para o pesquisador Gary Housley, essa é a explicação para a perda de audição que
dura algumas horas ou dias, depois de o indivíduo estar em um show de rock ou ter escutado música alta em aparelhos de som. A
investigação comprovou que um mecanismo de adaptação permite que a cóclea, na orelha interna, atue de maneira diferente quando é
exposta a sons fortes.
A duração e a
intensidade da surdez súbita podem variar de acordo com cada paciente,
levando-se em conta o que causou o distúrbio. Em geral, ela não é
definitiva, voltando a melhorar após tratamento medicamentoso ou mesmo
se curar espontaneamente. Mas há casos de pacientes que ficam com
sequelas irreversíveis.
"Existem casos de pessoas que têm
surdez repentina e que, infelizmente, ficam com sequelas permanentes na
audição. Para esses casos, as opções de tratamento, em geral, estão
relacionadas ao uso de aparelhos auditivos. Cabe aos
fonoaudiólogos fazer a adaptação do aparelho que vai atender melhor cada
caso específico, explica a Fonoaudióloga Marcella Vidal,
Gerente de Audiologia Corporativo da Telex Soluções Auditivas.
Ao perceber a perda
repentina de audição, a pessoa deve procurar imediatamente um
otorrinolaringologista, de preferência no mesmo dia. Alguns exames, como
audiometrias tonais e vocais, podem identificar o problema, mas em
certos casos, outros mais específicos podem ser necessários.
Covid 19 e
surdez súbita
Artigo da revista científica BMJ Case Reports
relatou um caso de Covid 19 ocorrido com um
homem de 45 anos, na Grã-Bretanha, que ocasionou uma súbita e definitiva
surdez. O paciente, que também tinha asma, recebeu respiração
artificial em unidade de terapia intensiva e fez tratamento à base de
remdesivir (antiviral), esteroides e troca de plasma sanguíneo. Uma
semana depois de sair da UTI, repentinamente ficou surdo do ouvido
esquerdo. Ele foi tratado com corticoides, mas recuperou sua audição
apenas parcialmente. Segundo a revista, os médicos associaram a perda
auditiva à Covid 19.
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