As manifestações neurológicas de pacientes acometidos por Covid -19 chamam a atenção de cientistas de todo o mundo e são motivo de diversos estudos científicos, a maior parte deles ainda em andamento, com o um objetivo único: entender a relação do vírus com o cérebro humano. “Nós já temos dados no Brasil mostrando as diversas facetas dos distúrbios neurológicos da Covid-19. Diversas regiões cerebrais funcionando de forma alterada, mesmo três meses após o Covid. A doença é muito mais complexa do que poderíamos imaginar e uma das conclusões é que não é exatamente o vírus entrando no cérebro, mas sim o que o vírus faz no organismo que repercute no cérebro, já que o Covid-19 é uma doença sistêmica, ou seja: que afeta vários sistemas importantes do organismo”, explicou ao Método Supera o neurologista Adalberto Studart Neto, médico assistente Neurologista da Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo por ocasião da Semana Mundial do Cérebro. Já Mônica Yassuda, Mestre e Doutora em Desenvolvimento Humano pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, que também participou da Semana Mundial do Cérebro, destacou, entre outros pontos, as consequências cognitivas da doença, decorrentes do seu impacto sobre o cérebro. “O mais importante, de forma geral, é chamar a atenção para a necessidade das pessoas na fase de recuperação da Covid-19, quando saem no hospital. Os pacientes, além da avaliação física, também devem passar por uma avaliação neuropsiquiátrica, com um olhar atento às questões da saúde mental e da cognição e em especial nos processos de alta, já prevendo que poderão ter dificuldades em tarefas cotidianas. É muito importante que essas avaliações sejam repetidas para que o acompanhamento da cognição aconteça no processo de recuperação”, disse. Os efeitos da Covid no cérebro - Em todo Brasil, milhares de pessoas que sobreviveram à doença se queixam das chamadas “sequelas do Covid” ou “Covid longa”, com sintomas diversos, que vão desde perda de paladar e olfato até dificuldades para resgatar informações, dificuldades com a concentração e de atenção. Segundo a pesquisadora, os trabalhos científicos até agora convergem para mostrar que podem existir sequelas cognitivas trazidas pela Covid-19. “São sequelas que tendem a melhorar com o tempo, e com a recuperação da pessoa, mas, como vimos nos estudos, a porcentagem de pessoas que apresentam essas queixas e desempenho ruim nos testes cognitivos é bastante elevada, então tem sido um fenômeno bastante comum. Os trabalhos publicados até agora sugerem que as queixas cognitivas mais frequentes são as dificuldades com a atenção, concentração, memória operacional (capacidade de manter dados na mente e trabalhar com eles) e dificuldades com as funções executivas, mais do que a perda de memória. Mas é possível afirmar também que estas dificuldades com atenção e concentração afetem a memorização. Então se você não está conseguindo prestar atenção em um artigo de jornal que você está lendo, você vai ter dificuldade para memorizar. No entanto, a maior parte dos trabalhos não dá destaque à perda de memória, mas, sim, a dificuldades na atenção e disfunção executiva”, pontou Mônica. Em concordância com a pesquisadora, o neurologista, chamou atenção para o acompanhamento psiquiátrico e cognitivo no pós Covid. “Sintomas psiquiátricos muitas vezes tem essa ligação com questões cognitivas, isso sem dúvida. Nós trabalhamos com fármacos e drogas para o tratamento desses transtornos psiquiátricos, mas, sem dúvida, a reabilitação cognitiva pode oferecer um ganho para as pessoas no pós Covid junto com a abordagem psiquiátrica em alguns casos”, pontou. Isso vai passar? O principal alerta dos especialistas no pós Covid é para a permanência de sequelas que podem se tornar crônicas. “A maior parte dos pacientes tem queixas que tendem a melhorar, principalmente sintomas de ansiedade. Porém, alguns sintomas podem se tornar crônicos se não tratados, como a depressão. Já a ausência de olfato e paladar, é bem variável, têm pessoas que demoram semanas e têm pessoas que demoram meses para recuperar, mas a princípio, todos recuperam sim”, disse o médico. “Com a recuperação da saúde, este quadro de confusão mental aguda e alterações de atenção e funções executivas vão gradualmente desaparecendo, mas acho que é importante que as pessoas estejam atentas a uma possível cronificação, então se alguns meses se passaram, você não está dormindo bem, tem sintomas depressivos, ou outros sintomas, busque ajuda especializada para enfrentar possíveis sequelas”, completou Mônica. O especialista chamou atenção ainda para doenças que podem ser manifestadas no cérebro após a infecção com a Covid-19. “Nós estamos falando de Covid, mas já é sabido que qualquer paciente grave que fique na UTI tem um prejuízo cognitivo que persiste de semanas a meses, e esses pacientes se recuperam. A maioria dos pacientes tende a melhorar. Quando não melhoram, é importante investigar a causa porque pode ser que a Covid acelere a manifestação de alguma doença que já estava se desenvolvendo no cérebro”, alertou o médico. Bárbara Perpétuo, vice-presidente do Método Supera no Brasil, alertou para a importância desses estudos em um momento de fragilidade social e expectativa de retomada das atividades com o avanço da vacinação em massa. “Estamos acompanhando muito de perto a fala dos principais especialistas do Brasil neste momento e já recebendo em nossas escolas alunos que procuram o Supera no pós Covid. Sabemos que a doença pode ter ainda outros desdobramentos para a sociedade, a médio e longo prazo, mas o nosso dever, enquanto empresa de estimulação cognitiva neste momento é nos aproximar de pessoas que são referência científica no assunto para orientar a sociedade da melhor maneira possível”, concluiu.
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Assessoria de Imprensa Supera |
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