Nas estantes da biblioteca,
sujeitos à ação do tempo, do ambiente, de traças e mofos, os livros podem
acabar deteriorando e precisando de reparos. É uma página perdida ou rasgada, a
capa que descolou do miolo ou simplesmente uma sujeira em qualquer página.
Nas mãos da técnica em restauração de livros da
Prefeitura de Araxá, Juçara Soares, "para tudo dá-se um jeito".
"O principal é manter a característica do livro e não colocar elementos
que possam descaracterizar a obra", afirma.
O núcleo de restauração da Biblioteca Pública
Municipal de Araxá nasceu de um projeto da diretora da instituição, Maria Clara
Fonseca, em 1997. De lá para cá já foram inúmeras obras recuperadas com o
auxílio de equipamentos como guilhotina, prensa e outras ferramentas.
"A importância principal desse projeto é a
possibilidade de preservação não só de livros, como também jornais e revistas.
A biblioteca é uma instituição de memória coletiva. E preservar esses
documentos é uma forma a manter viva a história, inclusive da nossa
cidade", afirma a diretora.
Entre os livros mais antigos do acervo municipal
estão obras datadas do século 19 e início do século 20, como a Constituição
Política Império do Brasil de 1855 uma coleção de Monteiro Lobato de 1920 que
passou pelas mãos habilidosas e pacientes de Juçara. "Todo livro que
chega, é como um paciente quando busca um hospital para fazer um check-up. É
preciso fazer um diagnóstico para identificar quais são as técnicas que devem
ser aplicadas para a recuperação da obra", explica.
De acordo com ela, no diagnóstico da
encadernação, por exemplo, é avaliado se há folhas soltas ou faltando, se a
costura da encadernação está frouxa ou rompida e se a capa se desprendeu do
miolo. Nas páginas internas, ela observa se será preciso substituir alguma
página, se demanda higienização com a borracha ou com o bisturi no caso de
sujeiras mais espessas.
"Em algumas situações, há até mesmo a necessidade
de usar álcool ou detergente. Neste caso, fazemos um teste na tinta da
impressão, para ver a viabilidade de uso de produtos líquidos", explica.
A capa geralmente é a primeira a sofrer
deterioração. Rasgados, sujeiras, ilegibilidade ou até mesmo a falta dela,
geralmente faz com que o livro ganhe uma nova capa.
"É um trabalho importante para a preservação de obras, algumas raras, que transmitem conhecimentos e curiosidades para o futuro através do papel", reforça Juçara.
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