terça-feira, 29 de junho de 2021

Médico explica o que é Lipedema no Mês de Conscientização Mundial da doença

 


junho é o Mês da Conscientização Mundial do Lipedema, uma doença progressiva pouco conhecida no país, causada por acúmulo de gordura nos braços, pernas e quadris, que provoca, entre muitos sintomas, dores, hematomas e dificuldade de locomoção. Estima-se que cerca de 5 milhões de mulheres no Brasil tenham a doença e não sabem, já que é confundida na maioria dos casos com obesidade, pela falta de conhecimento da classe médica. Por conta disso, o Instituto Lipedema Brasil (www.institutolipedemabrasil.com.br), o primeiro centro de referência da doença no país, criou um movimento online para apresentar a doença para a sociedade e mobilizar todas essas mulheres.


O que é o Lipedema?

O Lipedema é uma doença progressiva causada por acúmulo de gordura em regiões específicas do corpo como braços, pernas e quadris, que provoca sofrimento físico e psicológico. É confundida muitas vezes com obesidade, por falta de conhecimento e de informação da classe médica. O Lipedema atinge quase que exclusivamente o público feminino, pois está associado a um padrão hormonal feminino.


Como identificar – As principais características do Lipedema, que possui quatro estágios, são: dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nestas regiões.


A doença deverá ser incluída no próximo Código Internacional de Doenças (CID 11) em 2022. Atualmente, há dois tipos de tratamento para o Lipedema, o clínico - com técnicas que amenizam a dor (por meio de dietas anti-inflamatórias e exercícios físicos), e o cirúrgico, que remove as células de gordura.


Dados sobre Lipedema - A realidade no Brasil

  • Um dos problemas é o diagnóstico equivocado. Segundo estudo recente*, apenas 9% dos médicos estavam aptos a fazer o diagnóstico da doença;
  • Costuma ser confundida com obesidade em 75% das pacientes ouvidas no estudo;
  • 63% das pacientes revelaram histórico familiar da doença, algumas vezes acometendo três gerações: avó, mãe e a paciente, evidenciando a tese de que a doença pode ser genética.
  • O Lipedema não é uma doença estética e, por isso, demanda tratamentos clínico e cirúrgico;
  • A doença não é fatal, mas atrapalha a qualidade de vida da mulher de tal forma, que pode desencadear distúrbios como depressão, obesidade, perda de mobilidade e redução de auto estima. 
  • O estudo revelou que 94% das pacientes ouvidas relataram limitação física e impacto psicossocial devido à doença;
  • O Lipedema deverá ser incluído apenas no próximo Código Internacional de Doenças (CID 11) em 2022;
  • Não há tratamento gratuito para a doença no SUS ou pelos convênios médicos;
  • No Brasil, há poucos médicos especialistas no tratamento da doença;


Depoimentos nas redes - Para o movimento que celebra o Mês de Conscientização Mundial da doença, mulheres com Lipedema estão concedendo depoimentos nos canais do Instituto @lipedemabrasil sobre como foi receber o diagnóstico da doença. "Queremos falar sobre isso. Queremos que as pessoas conheçam a doença pelos olhos de algumas das mulheres que sofrem com o Lipedema e como elas convivem com isso todos os dias", comenta o diretor do Instituto Lipedema Brasil, dr. Fábio Kamamoto, um dos poucos especialistas no tratamento da doença no país.


Para isso, foi criada uma campanha online que visa ajudar as 5 milhões de mulheres com a doença no país: www.change.org/LIPEDEMA-Acesso-ao-tratamento


Durante todo o mês de junho, o movimento contemplará também ações online como ciclo de palestras com a participação de especialistas nacionais e internacionais, que debaterão sobre a doença, além de depoimentos de pessoas com Lipedema, sob diversas óticas. O objetivo é transmitir mensagens importantes de apoio, de conscientização e compartilhar declarações para que todas essas mulheres - as que sabem que têm a doença e não podem fazer o tratamento, e as que ainda não sabem - não se sintam sozinhas.

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