Inflamação nas vias áereas causadas pelo novo coronavírus faz com que o organismo reaja com a tosse, em alguns
casos mais agressiva e prolongada
Alguns dos sintomas da Covid-19 se assemelham aos do resfriado e da
gripe. A tosse é um deles. Ainda que nem todos os infectados apresentem
sintomas mais graves, em alguns casos, ela persiste mesmo depois da
recuperação. Se for muito intensa e continuar por muito tempo, é
preciso procurar um especialista para o tratamento correto.
O
Paraná soma hoje 1,17 milhão de casos confirmados do novo coronavírus. São mais de 29 mil mortes, e 822 mil recuperados.
O
novo coronavírus precisa de uma célula humana para se replicar. A
proteína spike encontrada no vírus faz com que o sistema imunológico
desenvolva uma defesa, que em algumas pessoas pode desencadear uma
cascata de reações inflamatórias desproporcionais, seguida por uma
tempestade de citocina. Essas inflamações são mais graves na parte
respiratória. A tosse costuma ser uma das reações do organismo ao
problema.
"A
tosse pós-Covid-19 é muito comum. Geralmente ela diminui em até seis
semanas", explica o dr. David João Neto, pneumologista do Hospital
IPO. "Porém, como se trata de um processo inflamatório diferente em cada
paciente, a tosse da Covid faz uma reação de pequenas vias
aéreas, e costuma ser bem resistente ao tratamento com medicação comum",
informa.
Por isso, se o problema persistir após seis semanas, é preciso procurar
um otorrinolaringologista ou um pneumologista. Segundo o dr. David
João, a tosse gerada pela Covid-19 atinge pequenas vias aéreas e costuma
ser resistente ao tratamento com medicação comum. Nesses casos,
é importante fazer uma espirometria - exame que mede a quantidade e o
fluxo de ar que entra e sai dos pulmões. Muitas vezes, é preciso
utilizar corticoides inalados ou broncodilatador para tratar o sintoma.
"Quando a tosse incomoda demais, impedindo a pessoa até de comer ou
dormir, é preciso usar substâncias como a codeína", acrescenta.
Como mecanismo de defesa, a tosse expele o ar com uma força muito
grande. Se ela persiste por muito tempo, pode causar trauma na mucosa da
faringe e da laringe. Mucosa que provavelmente já foi ferida pela ação
do vírus. Um trauma como esses pode gerar também dor de garganta
e aumentar o incômodo do paciente recuperado de Covid-19 cujos sintomas
permaneceram após a doença.
A
persistência e a intensidade da tosse costumam depender do histórico do
paciente. O especialista lembra que pessoas que já contam com uma
sensibilidade maior para tosse, seja por mudança de temperatura ou em
casos de cheiros mais fortes, podem sofrer mais com o problema.
"É muito importante reforçar a continuidade do uso de máscara, de
manutenção do distanciamento e do uso do álcool gel", salienta o
peumologista. "Mas a gente tem visto as pessoas muito acuadas,
deprimidas, deixando de fazer coisas importantes como cuidar da própria
saúde, em alguns casos, de problemas ainda mais sérios que a Covid-19. É
preciso ter responsabilidade e fazer as coisas corretamente para
continuar a vida", acrescenta.
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