Segundo
levantamento do Datafolha, 46% dos brasileiros alegam queda de renda
familiar no último ano, resultado do aumento no número de desemprego
provocado pela pandemia e a diminuição do auxílio emergencial. É
estimado que 10,3 milhões de pessoas não têm o que comer e estão vivendo
em situação de extrema vulnerabilidade. Desses, cerca de 4,7 milhões
são crianças e adolescentes que não estão tendo condições de se
alimentarem diariamente, de acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
“Além
dos efeitos imediatos, como a desnutrição em uma fase crucial para o
crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, seus pais e
familiares, sem ter o que comer, se veem forçados a deixá-los sozinhos e
expostos para buscar novas fontes de renda e de alimento”, explica
Edmond Sakai - Diretor de Relações Institucionais, Marketing e
Comunicação da Aldeias Infantis SOS Brasil, maior organização
humanitária no mundo em atendimento direto à criança.
Pai
de três, Damaris de 8 anos, Samuel de 5 anos e Sarah de 2 anos, Ademir
Mendes da Silva se desdobra para conseguir arcar com as contas de casa.
Em dezembro do ano passado sua esposa faleceu e, por conta disso, também
precisa custear uma cuidadora para estar com as crianças enquanto
trabalha. “Tem sido ainda mais difícil honrar todas as minhas dívidas e
dar o que os meus filhos mais precisam, a comida”, desabafa o carioca
que trabalha como faxineiro.
Para
sustentar as filhas, Ademir tem contado com projetos da Aldeias
Infantis SOS Brasil, que neste momento, também lança uma campanha
nacional de arrecadação para atenuar os efeitos da fome no país. A
Campanha Nacional #SOSCriançasSemFome, que conta com doações pelo site
oficial da organização, www.aldeiasinfantis.org.br, foi lançada para
prestar apoio às mais de 1.840 mil famílias que já são atendidas,
incluindo as venezuelanas em situação de refúgio no Brasil.
“Nosso
objetivo é reduzir a fome e prevenir a perda do cuidado parental. A
alimentação é um direito básico e estamos lutando para que nenhuma
criança tenha que crescer sozinha”, diz Sakai. A Campanha
#SOSCriançasSemFome vai distribuir cartões alimentação no valor de R$
300 e kits de higiene e de prevenção contra a Covid-19, durante quatro
meses, para famílias em situação de extrema vulnerabilidade social que
estão cadastradas nos mais de 70 projetos da Organização no país. A
duração da ação tem como objetivo promover um apoio contínuo, a fim de
obter melhores resultados para essas famílias a longo prazo.
Amparados
pelo projeto Centro Dia, da Aldeias Infantis SOS Brasil, na comunidade
do Morro do Banco no Rio de Janeiro, os filhos mais velhos do senhor
Ademir tinham um local seguro e assistido por profissionais enquanto
estavam no contraturno escolar. Com a pandemia e as medidas de
isolamento social, a organização tem oferecido auxílio na distribuição
de alimentos, fraldas e impressão de atividades escolares, além de
auxílio ao atendimento direto de assistência social. “Esse mês, recebi a
ligação do pessoal da ONG falando que tinham uma cesta básica para mim e
que eu receberia nos próximos meses. Essa ajuda me tirou do sufoco,
saber que tenho comida garantida para os meus filhos, nos próximos
meses, me deixou um pouco aliviado”, desabafa o pai.
“Queremos
garantir que esses pais, mães e responsáveis não se exponham, tendo que
sair muitas vezes de casa atrás de cestas básicas em diferentes locais,
e assim suprir a necessidade familiar no mês. O cartão alimentação,
além de ter um valor um pouco maior do que a maioria das cestas básicas,
também devolve a dignidade e autonomia às famílias, que podem escolher o
que precisam ou querem comprar e, consequentemente incentivam a
economia local”, completa Sakai. A previsão é que mais de 5 mil crianças
e jovens sejam atendidos por essa movimentação emergencial.
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