Fonte: Jornal Estado de
Maior fornecedora no mundo de produtos de nióbio, –
metal com larga e nobre aplicação da indústria automotiva à fabricação de
turbinas de avião –, a CBMM já considera projeto para novo ciclo de
investimentos em sua planta industrial de Araxá. A despeito do impacto da pandemia de COVID-19
na economia, a empresa anunciou recentemente ter concluído aportes de R$ 3
bilhões, ampliando sua capacidade de produção para 150 mil toneladas por ano.
O diretor industrial da CBMM, Rogério Contato,
informou que a demanda se recupera no Brasil e no exterior e tende a crescer.
“Já pensamos no projeto de expandir a produção para 225 mil toneladas por ano
para atender 100% do mercado brasileiro”, afirmou o executivo.
A quais fatores se deve a
expansão da CBMM, que motivou investimentos de R$ 3 bilhões concluídos neste
ano para aumentar a capacidade de produção a 150 mil toneladas por ano?
Enxergamos
que o nióbio continuará sendo importante nas aplicações que temos hoje. Os
países da Europa e da Ásia têm potencial de crescimento de utilização muito
grande do metal. A Europa já vinha nesse processo há décadas e, agora, China,
Coreia do Sul, Índia e Japão puxam esse crescimento. Vislumbramos mercados
importantes na parte de vidros, baterias e eletrificações. O pensamento é em
médio e longo prazo. A pandemia veio e ela é real e importante, mas acreditamos
que o mercado vai retomar a demanda. Com isso, concluímos o plano de expansão
nessa fase. Tínhamos capacidade de 100 mil toneladas de produção do principal
produto, mas o mercado colocou o desafio de aumentar o volume. Nossa capacidade
foi elevada a 150 mil toneladas por ano. Acreditamos no mercado e no programa
de tecnologia e, por isso, não paramos de investir. São de R$ 150 milhões a R$
200 milhões investidos em tecnologia em meio à pandemia, acreditando no
resultado. O mercado já absorve essa retomada em vários locais do mundo nesse
momento e retomará mais forte. Diria que, em projeto, já pensamos na próxima
etapa de crescimento, para expandir a produção a 225 mil toneladas por ano e
atender a 100% do mercado brasileiro.
Como os
investimentos repercutiram em geração de empregos?
Concluímos um
ciclo de expansão em que tivemos em torno de 4 mil novos empregos, sendo que
duas em cada três pessoas são da região de Araxá. Mantemos algumas obras com
todo o cuidado e todo o controle que o atual momento nos coloca. Temos algumas
obras nos sistemas de distribuição de rejeitos, nos afluentes. O crescimento
leva ao surgimento de novos postos com nossas 15 unidades industriais. Nas
áreas de preparação, engenharia, obra, inteligência para acompanhamento e
suporte, esse crescimento se potencializa. E há a preocupação com o
investimento e a formação de crianças e jovens para que a cidade possa ter uma
geração melhor e diferente de ocupações.
A pandemia de
COVID-19 impactou com qual intensidade o mercado do nióbio?
No mundo, os
mercados se retraíram e tivemos um impacto em torno de 20% em nossas vendas e produção,
mas sentimos no fim de 2020 e início de 2021 uma retomada importante no Brasil
e outros países no setor siderúrgico. Com isso, tivemos nova recuperação de
demanda. Com todo cuidado e respeitando as ações preventivas na pandemia,
retomamos os volumes de produção que fazíamos. Ainda temos o desafio da
COVID-19, mas entendemos que vamos superá-los.
Como estão
funcionando as parcerias feitas pela empresa com institutos e universidades de
diversos países para desenvolvimento de tecnologia?
Temos um programa
com mais de 200 projetos que abrange vários setores, como academias,
universidades, centros de tecnologia e clientes no Brasil e no mundo. A nossa
equipe está capacitada e não conhece somente o nióbio ou seus processos de
produção, sabe onde ele será aplicado. São especialistas nos setores
automotivo, industrial, de óleo e gás e baterias e aplicações espaciais. Nesse
núcleo de pessoas, fazemos contatos, projetos, reuniões e visitas e seminários.
Enxergamos o desafio do crescimento do mercado como um todo no mundo e
trabalhamos para que ele dê retorno à sociedade. Com a expansão da CBMM, essa
equação toda funciona. O núcleo está no Brasil, Estados Unidos, Europa e Ásia
fazendo este atendimento técnico de tecnologia de ponta a ponta. O mercado
ainda é relativamente pequeno em termos volumétricos. Estamos falando de 100
mil a 120 mil toneladas por ano de utilização, do qual temos a oportunidade de
participar com o maior suprimento desse metal para o mundo todo. Enquanto isso,
existem outros metais com quantidades bastante altas. As aplicações são de
extrema importância, pois entramos no mercado automotivo, que está próximo da
gente a cada dia.
Há, na CBMM,
uma diversificação para atender setores como as siderúrgicas. É uma nova aposta
de mercado?
No início da
produção da CBMM, o volume variava muito. As quantidades iniciais estavam
voltadas para gasodutos, com projetos para empresas estatais. Há uma
centralização de importação muito importante. A diversificação talvez tenha
sido uma das ferramentas importantes de ampliar o nióbio para outros locais,
estruturas, pontes, construções de fábricas e prédios. Há também o nióbio
colocado para vergalhões da indústria, chegando nas construções. Esse caminho
de diversificação não tem volta. Enxergamos os níveis de aplicação em outros
setores, como a eletrificação e as baterias. São R$ 60 milhões investidos em
pesquisas, mas certamente teremos uma aplicação significativa. Alemanha, Suécia
e Japão puxavam as grandes aplicações do nióbio. A China não usava nióbio há 20
anos, mas hoje consome uma extensão significativa. Vislumbramos a Índia e
outros países que precisam de infraestrutura, fundamental para o crescimento.
No fim do
ano passado, o presidente Jair Bolsonaro exaltou nióbio e comentou a intenção
de transformar o país num Vale do Silício a partir do metal. O Brasil será uma
referência nesse segmento?
A tecnologia
é o fundamental para desenvolver qualquer setor, seja industrial ou não. Ter as
melhores práticas e procurar superá-las, chegando nas aplicações, é muito
importante. É o que fazemos de forma intensa ao longo do tempo e já somos
referência no contexto da aplicação do nióbio. Na nossa fábrica, vemos
estruturas metálicas sendo construídas com aço contendo nióbio. Nossos
caminhões contêm caçambas feitas com esse metal. Esse fomento tecnológico no
Brasil ou no exterior já coloca a tecnologia como parte principal, pensando na
aplicação como energia sustentável. (Fonte: Estado de Minas)
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