Um estudo feito por pesquisadores da Fiocruz aponta
que adultos infectados pela variante brasileira P.1 do
coronavírus, identificada primeiro no Amazonas,
têm uma carga viral – quantidade de vírus no corpo – dez vezes maior do que
adultos infectados por outras "versões" do vírus. Uma maior carga
viral contribui para que a variante se espalhe mais rápido.
A pesquisa ainda não foi revisada por outros cientistas nem publicada em
revista, mas está disponível on-line. Os pesquisadores analisaram 250
códigos genéticos do coronavírus durante quase um ano. A amostragem cobriu o primeiro
pico da doença, em abril, e o segundo, no final do ano passado e início de
2021.
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VACINAS
E VARIANTES: entenda como o perfil das vacinas influencia a eficácia contra as
mutações
Eles perceberam que essa maior quantidade de vírus não acontecia,
entretanto, nos homens idosos (acima de 59 anos). Uma possível explicação para
isso é que a resposta imune de homens idosos tende a não ser tão eficiente de
forma geral. Também é possível que isso tenha acontecido nesse grupo
porque a quantidade de pessoas analisadas nessa faixa etária foi menor, explicou
o pesquisador Tiago Gräf, também autor do estudo, em uma publicação na rede
social Twitter.
Na imagem abaixo, retirada do estudo,
quanto menor a altura das das bolinhas no eixo
vertical, maior é a carga viral dos
pacientes:
Felipe Naveca afirma, entretanto, que não há relação entre quantidade
de vírus no corpo e gravidade da doença ou, até mesmo, presença deles.
"Carga viral não está relacionada com gravidade – a gente tem
pacientes com alta carga viral e sintomas muito leves ou até sem
sintomas", diz o pesquisador.
A P.1 já vinha sendo apontada por vários pesquisadores ao redor do mundo
como mais transmissível, por causa de mutações que ela sofre na região que o vírus
usa para infectar as células humanas.
Apesar de ter surgido no Amazonas, ao menos outros 18 estados já detectaram infecções pela
variante: os mais recentes foram Mato Grosso e Maranhão.
Relaxamento de restrições contribuiu para
disseminação
Os pesquisadores também apontaram que o
espalhamento da P.1 se deu por uma combinação de fatores relacionados ao
próprio vírus e ao relaxamento do distanciamento social no
Amazonas.
Os cientistas apontam que as chamadas intervenções não farmacêuticas –
como uso de máscaras e distanciamento social – em abril do ano passado foram
"suficientemente eficazes" em reduzir a velocidade de transmissão do
vírus no estado, mas não em colocar a epidemia sob controle.
Isso permitiu ao vírus sofrer mutações e contribuiu para o surgimento,
em novembro, da P.1 – que logo se tornou dominante.
Eles reforçam, ainda, que "a fraca adoção de intervenções não
farmacêuticas, como ocorreu no Amazonas e em outros estados brasileiros,
representa um risco significativo para o contínuo surgimento e disseminação de
novas variantes".
Na quinta-feira (25), o Brasil bateu o recorde, desde o início da
pandemia, do número de pessoas mortas em apenas um dia pela Covid-19: 1.582 vítimas.
FONTE G1
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