quarta-feira, 3 de março de 2021

Coluna do Luis Borges:

 

Gente humilde



 por Luis Borges  1 de março de 2021  Música na conjuntura

O Dia Mundial da Justiça Social ocorreu em 20 de fevereiro e lembra a importância de relações mais justas entre o indivíduo e a sociedade. Ainda estamos longe desses ideais de justiça em prol da paz social, principalmente quando constatamos que, segundo o IBGE, os 10% mais ricos ficaram com 43% da renda nacional em 2019. Enquanto conseguirmos manter a capacidade de nos indignarmos diante de tantas desigualdades haverá a esperança de dias melhores numa sociedade bem mais justa. Mas como é duro ver a realidade e não agir por impotência ou autismo social, tanta gente em situação de rua ou nos aglomerados das cidades grandes, médias ou mesmo pequenas. Tudo se agrava mais com a carestia, a fome, o contínuo avanço da pandemia…

Nesse sentido revisitei a música Gente Humilde, composta por Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, em 1945, que foi complementada por Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Hollanda no final da década de 60 do século passado. Ela fez sucesso em 1970 ao ser lançada inicialmente pela cantora Ângela Maria em seu disco – LP – Ângela Maria de Todos os Temas, e em seguida pelo cantor Chico Buarque no disco Chico Buarque de Hollanda, vol. 4 . 

Naquele ano o Brasil tinha 95,5 milhões de habitantes e 3,3 milhões de desempregados. Hoje, pouco mais de 50 anos depois, a população é estimada em 212 milhões de habitantes, os desempregados se aproximam de 14 milhões e os desalentados chegam a 5,5 milhões. Enquanto isso, 60 milhões de pessoas aguardam um novo auxílio emergencial “permanente”, a bolsa capital.

Vale a pena conhecer ou ouvir de novo Gente Humilde nesse início de março de 2021.

LETRA:
Gente Humilde
Fonte: Letras.mus.br

Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como desejo de eu viver sem me notar

Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem, de algum lugar
Aí me dá uma inveja dessa gente
Que vai em frente, sem nem ter com quem contar

São casas simples, com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda, flores tristes e baldias
Como a alegria de não ter onde encostar

E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar.

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