Profissionais do I Hate Flash contam como chegar no resultado esperado pelos artistas
02/03/2021
– Em plena era digital há quem pense que a capa de um álbum – que hoje
em dia raramente é física – seja algo que não demande tanta dedicação
quanto produzir as músicas. Muito pelo contrário. O trabalho reflete em
imagens todo sentimento do artista e a mensagem que ele quer levar para o
público. Envolve estudo, concepção, muitas conversas e, claro, sintonia
entre fotógrafo e artista. O coletivo I Hate Flash está no meio musical
há mais de dez anos, produzindo conteúdo audiovisual de grandes
festivais de música do país, como Rock in Rio e Lollapalooza.
Inevitavelmente, eles acabaram criando relações próximas com alguns
cantores e músicos, o que levou para parcerias de sucesso clicando capas
de álbuns e fotos de divulgação.
“Sempre cantei e toquei instrumentos, então fotografar música é a
junção das minhas maiores paixões. Sempre que tenho a oportunidade de me
envolver em algum projeto de cantor que admiro, aproveito”, conta Julia
Assis. A fotógrafa foi responsável pela capa do álbum ‘Órbita’, de
Mariana Volker. “O cabelo ruivo da Mari é, sem dúvida, uma das grandes
marcas registradas dela, então o conceito foi fazer dele um universo,
uma constelação inteira. Trazer o público para o planeta Volker”,
explica Assis sobre o projeto. Foram necessários, além do cabelo natural
da cantora, muitos apliques para criar esse universo único.
Quem também entende de cliques para capas de álbuns é a Lais Aranha,
que já fotografou muita gente bacana que faz som independente, como
Labaq, Marina Melo Melo e Blubell. A fotógrafa conta que é necessário
entender a fundo o conceito central da música ou álbum e partir daí
partir para os conceitos visuais. “Para Marina Melo Melo, fiz a capa do
EP ‘O Mundo Acabou, mas Continua Girando’, em um esquema todo virtual
por conta da pandemia. Ela foi feita com prints tiramos no Zoom”. Em
2013, quando ainda nem se cogitava uma pandemia, Aranha fez a capa do
álbum ‘Diva é a mãe’, em que Blubell passeava pelo Minhocão, em São
Paulo, em um belo vestido de gala, para ironizar a ideia de que toda
cantora é diva.
Já para Victor Takayama, a luz natural foi a grande aliada para
fotografar o EP Carne dos Deuses, de Ubunto e Barro. “A ideia era
registrar o encontro dos dois de forma descontraída no quintal, embaixo
de uma amoreira carregada, no fim de uma tarde de outubro”. E quando não
dá para contar com a luz do sol, um contra-luz bem planejado pode
compor lindas fotos, como as do álbum de estreia da Mahmundi, feitas por
Eduardo Magalhães. “A
ideia era mostrar a Marcela pro mundo sem que fosse tão óbvio. Daí esse
contra-luz que quase parece uma silhueta, mas tem os tons de pele ainda
no primeiro plano com a luz do sol ou do luar (fakes, claro haha).”
Dentro do set, a fotógrafa Anne Karr abusou das cores nas fotos de
divulgação do show – que acabou sendo adiado por causa da pandemia - da
cantora Lucy Alves. “Através do mood das cores pude acessar um pouquinho
da nordestinidade da Lucy, que automaticamente me animou a criar algo
que fala comigo através da origem do meu pai, e isso me deu um carinho a
mais nessas imagens”. Para atingir os efeitos desejados, a fotógrafa
usou gelatinas na frente da lente. “O desafio também habitava em criar
algo esteticamente bonito sem objetos de cena, uma vez que estávamos num
estúdio de fundo branco e nada mais”.
Para conhecer mais do trabalho do coletivo acesse www.ihateflash.net.
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