Dezenove
clubes da Série A assinaram nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, um documento
em que concordam em fundar uma Liga para organizar o Campeonato Brasileiro, que
hoje é um produto da CBF. O documento (leia a íntegra abaixo) foi entregue para
a direção da CBF numa reunião realizada nesta tarde, na sede da entidade. A
intenção é organizar o torneio já a partir do ano que vem. Entre os clubes que
disputam a Série A deste ano, o único que não assinou o documento foi o Sport
Recife, que está sem presidente porque Milton Bivar renunciou nesta terça-feira
e uma nova eleição ainda não foi marcada. Em nota, o clube informou ser
favorável à liga e acrescentou que "oficializará sua adesão o mais breve
possível".
Horas depois da reunião, a CBF publicou a seguinte nota em seu site
oficial.
- A CBF informa que nesta terça-feira, 15, o Presidente Antônio
Carlos Nunes, Vice-Presidentes, Secretário Geral e Diretores da entidade estiveram
reunidos com os representantes dos clubes disputantes da Série A do Campeonato
Brasileiro. Na ocasião, os clubes apresentaram uma carta com solicitações
coletivas, que serão objeto de análise interna por parte da CBF.
As articulações entre os clubes começaram nas últimas semanas. Mas
ganharam força desde que Rogério Caboclo foi
afastado da presidência da CBF. Na terça, no Rio de Janeiro, os dirigentes se
reuniram num hotel na Barra da Tijuca para pôr no papel a ideia e fechar o
discurso para apresentar na reunião à CBF. O encontro com o presidente interino Antonio Carlos
Nunes, vice-presidentes e diretores da entidade teve outros temas, mas a
criação da liga é considerada prioritária pelos dirigentes dos clubes, que além
disso desejam maior participação em decisões tomadas pela confederação.
O estatuto da CBF prevê dois tipos de Assembleia Geral, a instância
máxima da CBF: Administrativa e Eletiva. É a Assembleia Geral Administrativa
que toma decisões como destituir o presidente e votar as prestações de contas
da entidade. Dela só participam as 27 federações estaduais de futebol.
Os
clubes só participam da Assembleia Geral Eleitoral, que só se reúne para
escolher o presidente e os vices. E, mesmo assim, eles têm peso menor nas
votações. Os votos das 27 federações têm peso 3 (portanto são 81), os votos dos
20 clubes da Série A têm peso 2 (40) e os votos dos clubes da Série B têm peso
1 (ou seja, 20). É essa concentração de poder nas mãos das federações estaduais
que os clubes querem discutir nesta semana.
Para
a criação de uma liga, segundo o artigo 24 do estatuto da CBF, é necessário ter
a aprovação da Assembleia Geral Administrativa. Ou seja: para tirar o poder das
federações estaduais, é preciso ter a aprovação dessas mesmas federações
estaduais.
A
tentativa de criação de uma liga chega num momento financeiramente dramático
para os clubes brasileiros. Somando os 20 clubes que disputaram a Série A
em 2020, os quatro que subiram este ano para a Série A e o Cruzeiro, o
endividamento total das equipes chega a R$ 10,83 bilhões. Já as receitas dos
clubes somam R$ 4,67 bilhões - menos da metade.
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