No dia 09 de junho, aconteceu o primeiro dia do Fórum Brasil Imune, parte da Semana de Imunização, promovida pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) com o objetivo disseminar a importância
da proteção imunológica, não apenas contra o covid-19, mas também
outras doenças infecciosas. Marlene Oliveira, presidente do instituto
que abriu o evento, explica que especialistas reforçaram que adultos e
crianças têm deixado de se vacinar durante a pandemia o que é grave,
pois pode trazer de volta doenças infecciosas já erradicadas no Brasil.
Hoje, dia 10, acontece o segundo e último dia do evento. O conteúdo
estará disponível na página www.semanadaimunizacao.com.br. Além do Fórum, o site traz videoaulas e um Guia de Imunização.
Segundo
dados do Ministério da Saúde (MS), menos da metade dos municípios
brasileiros atingiu a meta estabelecida pela Programa Nacional de
Imunizações (PNI) em relação à vacinação obrigatória para as nove
doenças: tríplice viral (sarampo, cachumba e rubéola), hepatite B,
hepatite A, tríplice bacteriana, febre amarela, HPV, gripe, pneumonia e
herpes zoster. A maior redução foi observada na vacina de hepatite B
para crianças, de 2019 para 2020, o índice de imunização caiu de 78,6%
para 62,8%.
Maisa
Kairalla, geriatra e coordenadora do ambulatório de transição de
cuidados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que é
necessário que as políticas públicas sejam pautadas na prevenção das
doenças. “As crianças de hoje, serão os idosos de amanhã. Precisamos
retomar a pauta de imunização contra as outras doenças, além da Covid,
que não podem ser negligenciadas”, pontuou a especialista, que
complementou com um questionamento: Como será o futuro de uma geração
que estava descrente da vacinação?
Marlene
Oliveira, presidente do instituto e idealizadora da Semana da
imunização, defende que, principalmente diante da volta às aulas, é
essencial divulgar de forma clara e explicativa as informações sobre o
assunto. “Hoje todo mundo está falando da vacina contra a Covid-19, mas
esquecem das demais que são fundamentais para garantir que a população
corra menos risco de contrair doenças sérias”.
O
alerta é o de que poderá ocorrer o retorno de doenças que que já foram
controladas ou até erradicadas. Para se ter uma ideia, ao menos 3
milhões de pessoas deixam de morrer no mundo por terem sido vacinadas.
Ana Goretti Kalume Maranhão, pediatra do Programa Nacional de Imunização
(PNI), citou o caso do surto do sarampo, que ocorreu em 2016, em
Roraima e que reverbera até hoje. “São mais 39 mil casos, sendo a
maioria em crianças. As pessoas que não acreditam na vacinação, escolhem
aumentar a suscetibilidade para doenças muitos graves”.
Segundo Rafaela Rolim, pediatra e médica do CRIE da Bahia, a
diminuição na cobertura vacinal durante a pandemia ocorre
principalmente porque os pais têm medo de expor os filhos à contaminação
por Covid-19. “As crianças não vão tomar as vacinas sozinhas. É
fundamental que os pais acreditem nas vacinas, deixando de lado as fakenews”.
O assunto da viralização de notícias falsas promovidas por grupos ou
pessoas que não apoiam as vacinas foi muito discutido e o consenso foi o
de que é preciso reforçar as vozes da ciência e de organizações como o
Instituto LAL, que atuam em prol da saúde e da qualidade de vida da
população.
Existe
também vacinas especiais direcionadas para pessoas portadores de
doenças crônicas ou que possuem comprometimento do sistema imunológico.
Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm),
explica que algumas doenças mais simples podem descompensar a qualidade
de vida dos grupos de risco.
Em
relação à Covid-19, Ester Cerdeira Sabino, professora do Departamento
de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP), explicou que para atingir a imunidade
de rebanho natural, seria necessário ter 66% da população infectada.
Mas esse modelo só funciona se não existisse reinfecção. Ester ainda
afirma: “Esperamos que a vacina consiga proteger mais do que a
reinfecção natural. Vale lembrar que todas as vacinas que estão sendo
produzidas no mundo não foram desenvolvidas para impedir a infeção, mas
sim para diminuir a doença. Como estamos vacinando com um alto número de
transmissão, precisamos tomar cuidado para não criar novas cepas”.
Helena
Keico Sato, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e pediatra
da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE),
reforça que se deve vacinar sim contra a Covid-19, mas não é apenas
dessa vacina que o país precisa. “Adultos, crianças e idosos precisam se
direcionar aos postos de saúde para recebem as outras vacinas que
também são fundamentais. As equipes estão organizadas e preparadas para
atendê-los neste momento. Estamos em plena campanha de vacinação contra
vírus influenza, realizada pela 23ª vez no Brasil”, explica Helena, que
também atua na Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) e da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Sobre Instituto Lado a Lado Pela Vida (LAL)
Fundado
em 2008, o Instituto LAL é a única organização social brasileira que se
dedica simultaneamente às duas principais causas da mortalidade - o
câncer e as doenças cardiovasculares - além do intenso trabalho
relacionado à saúde do homem. Sua missão é mobilizar e engajar a
sociedade e gestores da saúde, contribuindo para ampliar o acesso aos
serviços, da prevenção ao tratamento, e mudar para valer o cenário da
saúde no Brasil. Trabalha para que todos os brasileiros tenham
informação e acesso à saúde digna e de qualidade, em todas as fases da
vida. Além do Novembro Azul, o Instituto Lado a Lado pela Vida é o
idealizador das campanhas RespireAgosto, Siga seu Coração, Mulher Por
Inteiro e #LivreSuaPele.
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