segunda-feira, 5 de julho de 2021

Metade das perdas de água potável diárias no Brasil ocorre na Região Sudeste

 



O Instituto Trata Brasil, em parceria institucional da Asfamas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento) e com elaboração da consultoria GO Associados, exibe o mais novo estudo, intitulado "PERDAS DE ÁGUA POTÁVEL (2021, ano base 2019): DESAFIOS PARA A DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AO AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO". O material foi feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2019) e contempla uma análise do Brasil, das 27 Unidades da Federação e as cinco regiões, bem como as 100 maiores cidades - os mesmos municípios do Ranking do Saneamento Básico.

O Brasil demonstra grande ineficiência na distribuição de água pelas regiões, quase 40% (39,2%) de toda água potável captada não chega de forma oficial as residências do país. Todo esse volume perdido, equivale a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou sete vezes o volume do Sistema Cantareira - maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo. Portanto, esse volume seria suficiente mais que suficiente para levar água aos quase 35 milhões de brasileiros que até hoje não possuem acesso nem para lavar as mãos em plena pandemia. Poderia também atender, por quase três anos, aos mais de 13 milhões de brasileiros que habitam em favelas.

CENÁRIO DA REGIÃO SUDESTE EM RELAÇÃO ÀS PERDAS DE ÁGUA

Entre as regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o segundo menor Índice de Perdas na Distribuição com 36,1%. Mesmo o índice apresentando o número de perdas abaixo da média nacional, o índice está fora dos padrões de excelência estabelecidos como meta para 2033, isto é, 25% em perdas na distribuição.

No Gráfico 2, a Região Sudeste, entre os anos de 2015 e 2019 apresentou aumento de 4,1 pontos percentuais no Índice de Perdas no Faturamento Total, indicador que buscar avaliar, em termos percentuais, o nível da água não faturada do sistema de abastecimento.

Fora do padrão de excelência de 216 L/ligação/dia estabelecidos como meta pela Portaria Nº 490 do MDR e com o índice maior que a média nacional, a região Sudeste apresenta 342,94 L/ligação/dia, conforme Gráfico 3 abaixo. O Índice de Perdas por Ligação (litros/dia), avalia o nível de perdas da água efetivamente consumida em termos unitários

Este indicador não é necessariamente comparável entre regiões, uma vez que ele tende a aumentar quanto maior for o volume de água produzido ou quão maior for a taxa de ocupação das residências (número de habitantes por ligação). Por esta razão é importante analisar o conjunto de indicadores das regiões para assimilar a situação das perdas no total.

PERDAS DE ÁGUA NOS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE

Entre os estados da região Sudeste, o Rio de Janeiro mostra os piores indicadores de perdas de água. Em referência ao Índice de Perdas por Ligação, o Rio de Janeiro perde 630 L/ligação/dia.

Minas Gerais e São Paulo demonstram os menores números dos Índices de Distribuição e índice por Ligação da Região.

No Indicador de Perdas de Faturamento Total, o estado do Espírito Santos apresenta o menor índice com 28,23%.

QUADRO 1: ÍNDICES DE PERDAS NO SUDESTE (QUATRO INDICADORES)
Os quatro estados da região Sudeste apresentaram um crescimento no Índice de Perdas na Distribuição entre os anos de 2015 e 2019. O Rio de Janeiro foi o estado que demonstrou o maior aumento no índice entre os estados com 7 pontos percentuais.

Por esta razão, é importante ressaltar que apesar da região apresentar números abaixo da média nacional, os índices ainda são elevados, a perda de água é um fator preocupante considerando o cenário atual de crise hídrica no país.

No Brasil, o volume de água desperdiçada diariamente equivale a 7,5 mil piscinas olímpicas. O Rio de Janeiro perde o equivalente a 1.520 piscinas olímpicas diárias de água potável, sendo o maior desperdício entre os estados da região Sudeste - o cálculo para esse número, é feito em cima do Índice de Perda de Faturamento. Em seguida, o estado de São Paulo perde 1.487 piscinas olímpicas, o menor desperdício é do Espírito Santo, que perde diariamente 108 piscinas olímpicas.

PERDAS DE ÁGUA NOS MUNICIPIOS DA REGIÃO SUDESTE

O estudo expõe os indicadores de perdas de água potável dos 100 municípios mais populosos do Brasil. Essas cidades abarcam cerca de 40% da população total do país. Dentre os municípios brasileiros analisados figuram 49 cidades da região Sudeste.

Quadro 3: INDICADORES PRESENTES DE PERDAS DE ÁGUA - MUNICIPIOS SUDESTE

Entre as cidades do Sudeste do país, o município de Cariacica (ES) apresenta o pior Índice de Perdas nos Sistemas de Distribuição da região, além disso, a cidade figura entre as 10 maiores perdas de água dos grandes municípios do Brasil apresentados no estudo.

Entretanto, a região Sudeste apresenta seis municípios com índices de perdas que já se encontram nos padrões de excelência, conforme aponta o Quadro 4, como Campinas (SP), Limeira (SP), Santos (SP), São José do Rio Preto (SP), Taboão da Serra (SP) e Petrópolis (RJ).

CONCLUSÃO

Mesmo a região Sudeste demonstrando índices de perdas menores que a média nacional, os municípios da região apresentam grande heterogeneidade nos indicadores de perdas, o que alerta na necessidade de reduzir a perda de recursos hídricos.

Metade da água que se perde no Brasil está concentrado na região Sudeste, totalizando em 3.735 piscinas olímpicas de água potável desperdiçada diariamente, contra 7,5 mil no Brasil. Esse alto número se dá pelo fato de a região Sudeste ser a mais populosa, com quase 90 milhões de habitantes, produzindo, portanto, mais água nos sistemas.

Na região 8,9% da população não possui acesso à água potável, isto é, mais de 7 milhões de pessoas não possuem acesso nem para lavar as mãos em plena pandemia. Ademais, no Sudeste mais de 17 milhões de habitantes não possuem coleta de esgoto, o que agrava a situação de perdas de água devido ao despejo de esgoto sem tratamento adequado.

Diante dos apontamentos feitos, fica evidente que a região precisa acelerar na eficiência do saneamento básico, justamente por ser a maior produtora de água potável do país para consumo humano e possuir os maiores índices econômicos e sociais.




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