domingo, 14 de fevereiro de 2021

'Bolas misteriosas' tomam praia no litoral de SP e intrigam moradores: 'Impressionante'





 Moradores de Peruíbe, no litoral de São Paulo, ficaram intrigados com a aparição de centenas de bolas escuras na faixa de areia das praias da cidade. Imagens registradas no local viralizaram nas redes sociais. Apesar de muitos internautas falarem em 'mistério', a prefeitura informou ao G1, neste domingo (7), que trata-se de um fenômeno natural, e que as bolas são formadas por lama negra, que chegou à faixa de areia devido à ressaca que atinge a região.Souza relata que estava caminhando pela praia do Centro do município quando viu as bolas, na noite de sexta-feira (5). "Tinha umas grandes, outras pequenas. Eu estourei uma daquelas, e tinha um odor muito forte, que parecia de mangue", explica. Outra moradora da cidade, a guia de turismo Yarima França, afirma que nunca viu formarem bolas na faixa de areia, mas que já viu o acúmulo de lama no local. "No fim de novembro, se formou uma extensa faixa de lama na orla, desde a Praia do Costão até a Praia do Centro, próximo ao aquário. Como temos muitos mangues, e o bolsão de lama no alto do mar, é recorrente esse tipo de situação", explicou.Souza tirou as fotos e colocou nas redes sociais. Em 24 horas, milhares de pessoas compartilharam e comentaram na publicação. "Fiquei bastante assustado [com a repercussão]. Repercutiu demais mesmo. Na praia, juntou uma multidão também. O pessoal brincava que parecia ovo de dinossauro", relembra.Na postagem, os internautas também passaram a criar teorias e brincar com a situação. "Fim dos tempos", comentou um. "Isso é ET", disse outro internauta no post. Apesar das brincadeiras, alguns moradores afirmaram que também viram, e que se tratava de um fenômeno natural. PrefeituraO G1 procurou a Prefeitura de Peruíbe, que confirmou a aparição das bolas e explicou o que as causou. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, trata-se de uma lama negra jogada na praia pelo mar e coberta por areia. Por conta da ressaca, essa lama foi levada para a superfície, criando as bolas."Em uma área a 80 metros da praia, mar adentro, existem bolsões de lama. Em ocasiões em que o mar fica bravo [revolto], como um efeito liquidificador, essa lama entra em suspensão, e às vezes encosta na praia como uma água preta/barrenta, ou em 'pelotas', que em contato com a areia solta da praia resulta nestas bolas", explica o secretário Eduardo Ribas.EspecialistasA reportagem também procurou especialistas para falarem sobre o fenômeno. O biólogo marinho Eric Comin explica que as bolas podem ter sido causadas pelo desassoreamento dos rios, que faz com que a lama seja levada para a praia, formando espécies de 'bolsões' de lama, como os citados pelo secretário. "Isso faz com que esse substrato mais escuro, substrato de manguezal, vá parar no encontro com o mar, ficando depositado em frente à praia".Comin reitera que a ressaca que atingiu a região pode ter contribuído para que esse substrato subisse. "Nós tivemos um ciclone com uma força muito forte agora, inclusive, a maré subiu bastante, foi bem típico de ressaca, e faz com que o sedimento do fundo seja levantado pela onda. Ele fica rolando, e na hora que é jogado na praia, essa lama vai girar na areia, e ela vai e volta, e com isso vai grudando na areia, empelotando e formando essas bolas", diz o biólogo. Já para Paulo Flávio, médico especialista em Práticas Integrativas e doutor em Ciências com tese de doutorado sobre a Lama Negra de Peruíbe, essas bolas são de material argiloso, de origem marinha. De acordo com o especialista, não pode ser considerado que sejam formadas de lama negra, e sim, pela lama após uma maturação."Elas vêm do mar para a terra. Quando ocorre algum movimento maior no fundo do mar, e às vezes isso acontece muito longe daqui, como, por exemplo, da outra vez que isso aconteceu, foi em consequência de um ciclone extratropical que ocorreu próximo a Paranaguá", diz.Flávio ainda completa, explicando que esse material existe em abundância no fundo do mar, e fica depositado em depressões. "É um material muito mais pesado que a água, tem uma vez e meia a densidade da água do mar, é um material que não se mistura a quase nada", finaliza. fonte - G1

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