Junho
é o mês de conscientização do lipedema, doença muito comum, porém
deixada em segundo plano nos cuidados com
a saúde da mulher – uma patologia quase que exclusivamente feminina,
atualmente atinge mais de 11% das mulheres em todo o mundo.
E
o que exatamente é lipedema? Tão pouco mencionado na mídia e com pouca
fama, o lipedema é uma patologia crônica
do tecido adiposo e linfático. Bem diferente de uma “gordurinha
sobrando”, é um tumor de gordura que atinge extremidades inferiores do
corpo, como pernas, joelhos e coxas – raramente ele surge também nos
braços.Como uma resposta à profusão dos hormônios femininos,
principalmente na puberdade, gravidez e menopausa – quando há grande
quantidade de hormônios em ação – o corpo desenvolve células de gordura
doente.
Por
ser resultado de uma condição genética, com incidência familiar entre
16% a 45%, muitas mulheres acreditam
que se trate de uma questão de composição corporal, aceitando o
problema como característica da família. Como os nódulos de lipedema são
muito sensíveis ao toque, causando hematomas frequentes nas pernas,
muitas mulheres, mesmo com muita dor, não se dão conta
de que podem buscar ajuda e um tratamento adequado. Além disso, o
lipedema também pode ser responsável por cansaço em excesso –
principalmente se a mulher passar muito tempo em pé - e, com o tempo,
pode levar a uma redução considerável da mobilidade. Aqui
é onde começa o grande problema.
Embora
o diagnóstico precoce seja essencial para o tratamento desta patologia,
que já não é de fácil diagnose,
nem todos os médicos têm familiaridade com a doença. Muitos confundem
lipedema com linfedema e obesidade. Por isso, a conscientização é tão
importante e procurar um especialista no assunto é essencial. O lipedema
é uma gordura doente, que não é eliminada mesmo
com dieta e exercícios físicos, sendo essa a principal diferença entre a
doença e a simples obesidade.
Precisamos
falar mais sobre este tema e orientar as pessoas na busca adequada por
tratamento. Afinal, esta é a
única saída para a qualidade de vida da paciente, considerando que até o
momento não há cura identificada e, em se tratando de uma doença
genética, não há nenhum tratamento que exclua do corpo o gene causador
do problema.
Existem
duas principais formas de se tratar o lipedema. A primeira, que é o
tratamento clínico, envolve a prática
diária de exercícios físicos, a adoção de uma alimentação saudável, o
uso de roupas de compressão e drenagem linfática e eventual uso de
medicamentos a depender do caso. Outra forma de lidar com a patologia é
via procedimento cirúrgico, com lipoaspiração,
que nada mais é do que a retirada da gordura doente em excesso da
região dos membros inferiores. A cirurgia, no entanto, não elimina a
doença por completo. Além disso, há um limite de gordura a ser aspirado e
o resultado do procedimento varia de acordo com
cada paciente. Desta forma, o tratamento cirúrgico não deve ser a única
opção de tratamento indicada ou escolhida pela paciente, que precisa
associar o procedimento à adoção de práticas saudáveis no dia a dia e ao
tratamento clínico, porque o lipedema frequentemente
volta quando não se tem esses cuidados.
Assim,
a mulher deve fazer uma escolha bem pensada, sabendo dos resultados
esperados de cada procedimento aos quais
ela, em parceria com seu médico de confiança, opte por se submeter,
permanecendo sempre ciente de que nenhum deles é definitivo. O
tratamento é eficaz para evitar a progressão da doença e ajuda a manter a
qualidade de vida da paciente.
* Alexandre Amato é cirurgião vascular, especialista em lipedema e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, a Unisa
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