Até
o dia 09 de junho, foram aplicadas quase 75 milhões de doses vacinais
contra a COVID-19 (SARS-CoV-2) no Brasil. As vacinas disponíveis no país
mostraram taxas de eficácia geral entre 50 e 70% nos estudos clínicos
de avaliação. Isso indica que, ao entrar em contato com o vírus, a
probabilidade de se infectar e apresentar quadro clínico sintomático cai
para menos de 50% após a segunda dose da vacina. É um valor muito
significativo ainda mais se considerarmos que, em relação ao
desenvolvimento de quadros graves, a proteção das vacinas pode chegar
próximo a 100%.
Um
dos principais efeitos da vacina para promover proteção ao vírus é a
produção de anticorpos pelo sistema imune com capacidade de neutralizar o
vírus, impedindo que ele inicie a infecção ou que ela evolua para
quadros graves, conforme explica Carlos Aita, médico patologista clínico
responsável pela assessoria médica do laboratório DB Diagnósticos. Um
estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) evidenciou que
cerca de 85% dos pacientes que receberam a vacina CoronaVac produziram
anticorpos neutralizantes.
Aita
explica que, quando o paciente é vacinado, isso induz uma resposta
imune direcionada aos antígenos vacinais. Dentre os vários complexos
mecanismos componentes dessa resposta, a produção de anticorpos é um
deles e, em geral, o mais estudado e comumente avaliado devido à
facilidade na sua dosagem. Diversos tipos de anticorpos são formados
nessa resposta, incluindo aqueles conhecidos como neutralizantes. O nome
vem da capacidade de se ligar em estruturas, antígenos do vírus, desse
modo impedindo a sua entrada nas células e infecção. Ou seja,
“neutralizando” o vírus. A grande maioria das vacinas desenvolvidas para
COVID-19 usa como antígeno indutor da resposta imune a proteína Spike
(por exemplo a AstraZeneca e a Pfizer) ou o vírus inteiro inativado
(CoronaVac). “Hoje já existe um teste de alta sensibilidade e
especificidade para identificar se o paciente produziu anticorpos
neutralizantes após a vacina. Chamado de teste de anticorpos
neutralizantes totais, ele apresenta uma informação interessante para
quem já teve a doença ou para quem tomou a vacina e quer saber se passou
a produzir estes anticorpos com capacidade de neutralizar o vírus. Para
realizar o teste é necessário colher uma simples amostra de sangue.
Inclusive, eu mesmo já realizei o teste e confirmei que iniciei a
produção de anticorpos após a vacina.”
Entretanto,
nem sempre isso ocorre em todos os pacientes e ainda não se sabem
exatamente os motivos. Além dos anticorpos neutralizantes existem outros
mecanismos de proteção para os quais ainda não existem testes de
avaliação no momento. Por essa razão, mesmo que o indivíduo não tenha
formado anticorpos, não significa necessariamente que ele esteja
desprotegido. “Agora, se os anticorpos foram formados, já é um bom
indício de que houve uma resposta significativa do sistema imune e há
grande probabilidade de não desenvolver quadros graves”, reforça o
especialista.
Ainda
segundo Aita, apesar de já existirem exames sorológicos para a COVID-19
há algum tempo, como os testes para IgG, IgM e IgA, eles são capazes de
detectar o desenvolvimento de anticorpos contra o vírus, mas não são
específicos para os neutralizantes de SARS-CoV-2.
Entenda o teste neutralizante
O
teste é feito pelo método de enzimaimunoensaio (ELISA) e tem como
objetivo a detecção de anticorpos neutralizantes do SARS-CoV-2. Ele se
baseia na capacidade dos anticorpos presentes na amostra de soro do
paciente bloquearem a ligação do domínio RBD (Receptor Binding Domain) da proteína Spike do vírus, no receptor celular ECA2 (Enzima Conversora de Angiotensina 2), simulando in vitro
a neutralização do vírus. Os estudos de desempenho do teste mostram em
torno de 96,7% de especificidade e 98,7% de sensibilidade a partir de 15
dias do início da infecção. Para avaliação da resposta de produção de
anticorpos neutralizantes após a vacina, o recomendado é realizar o
teste a partir de 15 dias depois da segunda dose.
Resultados
inferiores a 20% indicam ausência ou quantidade muito baixa, enquanto
os resultados iguais ou superiores a 20% mostram a presença de
anticorpos neutralizantes para o SARS-CoV-2.
Porém,
é importante ressaltar que o resultado do teste não comprova o
desenvolvimento de resposta imune protetora ao vírus. Como os níveis de
anticorpos protetores na doença ainda não são conhecidos, com o
resultado do teste pode-se afirmar apenas se o indivíduo desenvolveu
anticorpos neutralizantes e a sua taxa.
Sobre o Diagnósticos do Brasil
Fundado
em 2011, o Diagnósticos do Brasil (DB) é o único laboratório
exclusivamente de apoio no mercado brasileiro. Com foco no atendimento
ao cliente, a empresa oferece diagnósticos em todas as áreas de análises
clínicas, tais como biologia molecular, citometria de fluxo,
imunologia, bioquímica, urinálise, hormônios, marcadores tumorais e
cardíacos, parasitologia, entre outros.
O DB conta com três unidades de análises clínicas descentralizadas, localizadas em São José dos Pinhais (PR), Recife (PE) e Sorocaba (SP), além de três unidades especializadas, o DB Toxicológico, o DB Molecular e o DB Patologia, totalizando uma estrutura de 26 mil m2. O laboratório dispõe, ainda, de unidades regionais de apoio (URAs) distribuídas por todo o Brasil.
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