*Maria Rassy Manfron
Você
já ouviu falar em pobreza menstrual? É quando a menina ou mulher não
tem acesso aos produtos menstruais, saneamento básico e a desigualdade
social se sobressai. Vou explicar melhor: segundo a ONG ActionAid, uma
em cada 10 meninas na África falta às aulas porque não se sente segura
para ir à escola, seja pela falta de privacidade e segurança nos
banheiros, seja por não ter produtos de higiene.
No
Brasil, aproximadamente 24% das meninas entre 15 e 17 anos não têm
condições financeiras para comprar os produtos necessários para
utilizarem durante a menstruação e, assim, também perdem dias letivos
por não poderem praticar suas atividades normais.
Em
nosso país, de cultura patriarcal, absorventes são considerados itens
supérfluos e, por isso, recebem uma tributação maior, o que aumenta o
preço final. A dignidade menstrual de meninas e mulheres ainda é um
privilégio de classe. Você consegue imaginar ter que escolher entre
comprar comida ou absorventes? Pois é.
Além
do fator financeiro, outro item preocupante é a falta de saneamento
básico e infraestrutura. Os dados divulgados pela ONG Trata Brasil
retratam que 26,9 milhões de pessoas moram em lugares sem esgoto, 15
milhões não possuem acesso à água tratada e outras 1,6 milhão de pessoas
sequer tem banheiro em suas residências.
Como
consequência da pobreza menstrual, meninas têm sua educação e saúde
mental comprometidas e, por último, mas tão importante quanto, podem
sofrer com riscos à saúde por utilizarem materiais impróprios para a
substituição do absorvente, o que pode acarretar infecções urinárias e
vaginais. A quebra do ciclo de pobreza em nossa sociedade, passa pelo
resgate da dignidade e falar sobre os cuidados durante o período
menstrual com meninas e mulheres é um assunto que deve ser colocado em
pauta.
Durante o mês de maio ocorrem iniciativas globais pela dignidade menstrual de meninas e mulheres. O Dia da Higiene Menstrual (Menstrual Hygiene Day), celebrado no dia 28, tem o objetivo de chamar a atenção para o tema.
Precisamos
normalizar a menstruação: é um processo natural do corpo feminino.
Meninas devem entender que não precisam se envergonhar e os meninos
devem aprender a respeitar e tratar a menstruação com naturalidade. A
quebra do tabu sobre menstruação só ocorrerá por meio do diálogo, do
compartilhamento de conhecimento, pela busca da informação e pela
criação de políticas públicas pelo fim da pobreza menstrual e pelo
resgate da dignidade feminina.
*Maria Rassy Manfron é menstranda do ISAE Escola de Negócios
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